A matéria

3.8K 336 22
                                    

Bônus Christian

Peguei aquela revista que Ana trouxe e comecei a ler o texto.

Texto:
Continuam as buscas pelo empresário do ramo de telecomunicações e empreendimentos, o multimilionário CEO das empresas Grey, Christian Grey. A polícia internacional divulgou nota afirmando que Christian foi sequestrado na cidade de Nova Iorque enquanto participava de uma grande aquisição. Em nota disseram que como ele costumava viajar e passar dias fora, sua esposa Leila Adams Grey só deu queixa do desaparecimento uma semana depois que o mesmo havia saído de casa para viajar. E que a mesma só tomou essa atitude depois que sua sogra Grace Grey esteve em sua casa à procura do filho alegando que há quatro dias ligava e ele não atendia o telefone.
A polícia informou ainda que as  câmeras de segurança foram misteriosamente desligadas no hotel onde ele estava realizando as reuniões e que existem duas horas perdidas que não foram gravadas, possivelmente o horário do sequestro.
Com essa averiguação  em mente a polícia trabalha com a hipótese de crime premeditado.
A pergunta que não quer calar é:
QUEM FARIA ESSE MAL A CHRISTIAN GREY???????
Sua esposa vem fazendo apelos emocionados na televisão pedindo que os sequestradores entrem em contato e peçam o que querem para devolver o Christian. Seus pais carrick e Grace, juntamente com seus irmãos, também têm feito apelos.
O que mais incomoda a polícia é essa falta de comunicação, o que nos leva a crer que a intenção do sequestro não seria um resgate e sim, uma execução.
Continuaremos acompanhando de perto esse caso. Se alguém tiver alguma notícia de Christian Grey entre em contato com a polícia o mais rápido possível.
Fim do texto

Li a matéria várias vezes, porém aquilo não significava nada para mim. Por mais que tentasse me enxergar como esse tal Christian Grey eu não conseguia. Pra mim eu era apenas o Carlos, que foi encontrado pela Ana e que estava apaixonado por ela.
De onde eu estava sentado na sala com aquela revista na mão, olhando para aquele homem da foto que tanto se parecia comigo, mas que para mim era um completo estranho, eu podia ouvir o choro e os soluços de Ana. No fundo eu sabia que ela estava sentindo o mesmo por mim.
Nessas duas semanas, ajudando-a a cuidar da chácara, a fazer os doces, preparar nossa comida, enfim, nesses dias com ela eu me senti pleno. Para mim não existia outro lugar onde eu quisesse estar, nem outra pessoa com quem quisesse estar. Ela me fazia tão bem e por mais que estivesse sem memória no meu coração eu sentia que aquilo era o certo para minha vida.
Resolvi ir falar com ela e dizer que aquela revista não mudava nada. Fui até a porta e bati.
- Ana. - Chamei e só ouvi seu choro em resposta.
- Ana, por favor, precisamos conversar. Abre essa porta.
- Não temos o que conversar. Amanhã irei na delegacia dizer que te encontrei e você poderá voltar pra sua família, pra sua esposa. - Ela falou essa última palavra com pesar na voz.
- Ana venha aqui conversar comigo. Eu não vou a lugar nenhum. Pelo menos não enquanto estiver sem memória. Eu quero e  vou ficar aqui com você e vamos decidir juntos o que fazer quando for o momento certo.
Encostei a cabeça na porta e fiquei ali aguardando que ela fizesse ou falasse algo. Minutos depois ouvi a chave girar e ela destrancou a porta. Seus olhos estavam inchados e vermelhos pelo choro recente. Num impulso a puxei para meus braços e lhe abracei forte. Eu queria que ela soubesse que eu estaria ali para ela. Ela retribuiu o abraço e chorou um pouco mais. Eu apenas fiz carinho em seus cabelos e a balanceio em meus braços até que os soluços diminuíssem e o choro parasse. Eu sabia que ela precisava desse tempo para se acalmar.
Depois disso fomos para a sala. Ana sentou no sofá e eu sentei ao seu lado.  Tomei a iniciativa é comecei nossa conversa.
- Olha Ana. Primeiramente não vamos fazer nada. Por enquanto eu quero e preciso ficar aqui com você. Não podemos simplesmente ir à polícia e dizer que você me encontrou. Nós dois sabemos que isso é verdade, mas como estou sem memória poderiam te acusar de sequestro e eu não me perdoaria por isso.
Em segundo lugar, eu não posso confiar em ninguém só em você. Se você não estiver ao meu lado estarei perdido. Vamos esperar um tempo? Me dê mais alguns meses e se minha memória não voltar vou embora sozinho. Digo que fugi de um cativeiro e que caminhei por dias até chegar à cidade. Se minha memória não voltar não te envolverei nisso, seguirei minha vida e não nos veremos mais. - a idéia de não vê-la mais me doeu fundo na alma. Eu jamais permitiria isso, daria um jeito de voltar para ela.
Ela pensou um pouco e me olhou. Depois falou:
- Você tem razão. Não poderia me livrar de uma acusação dessas com você sem memória. Concordo com tudo o que disse, mas tenho um pedido a fazer. Não volte a me beijar, te peço isso em nome do que sinto por você. Sei que é casado e isso vai contra a muitos dos meus princípios. Vamos dar tempo ao tempo e se for para ser será.
- Tudo bem. Contra a minha vontade eu respeito sua decisão. Eu sei que tudo vai se resolver e você será minha, não importa se vou ser Carlos ou Christian, o que importa é que me apaixonei por você e vou até o fim pra ter você pra mim. Posso ao menos te abraçar? Pergunto e ela assente.
Puxo Ana para o meu colo e a abraço. Ela coloca a cabeça em meu pescoço e aos poucos sinto que relaxa e sua respiração se acalma. Pode ser estranho pra alguns, porém, no fundo do meu coração sinto que aquilo é o certo. Que Ana é o caminho feliz que faltava na minha vida, que é com ela que tenho que estar.
Depois disso tudo jantamos e fomos cada um para nosso quarto. Deitei, só não sei se conseguiria dormir. O beijo doce de Ana e aquela reportagem que parecia não se encaixar direito, mexeram comigo e agora mais do que nunca eu tinha que saber a verdade. Disso dependia meu futuro ao lado de Ana. Eu a amo.

Depois do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora