Demolition Lovers

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  As preparações pra festa estão à todo vapor, minha cabeça necessita de analgésicos urgente. A casa de Bert já se encontra lotada de bebidas alcoólicas e comida, e os objetos frágeis guardados com total segurança. O pai de Bert praticamente trabalha 19 horas por dia, mas hoje ele não vai voltar pra casa, isso é bom. Bert me disse que vai aparecer muita gente, ele tem muitos colegas pra convidar e eu não conheço nem a metade.
   Encontro a caixa de remédios e procuro por algo que cesse minha dor de cabeça, hoje o dia promete.

    (...)


   A festa já está bombando, até o quintal está lotado com adolescentes embriagados com álcool correndo solto no sangue. Procuro Bert pela casa com um copo vermelho em minha mão, e só Deus sabe o que tem dentro do copo.
   Uma mão surge em meu ombro e me viro rápido me encontrando com um par de olhos azuis um pouco acima do meus, os de Andy Biersack. Dou um sorriso sarcástico:

   — Não acredito que Bert teve essa audácia. — Digo.

   — Ele deve saber que você tem uma queda por mim. — Andy brinca num tom sedutor.

   — Pena que ele não sabe de nada. — Digo sorrindo e volto a procurar Bert pela maldita casa.

    Vou bebendo mais e mais das misturas de álcool no meu copo, meu corpo começa a esquentar e sinto um calor infernal percorrer por ele. Vou pra fora quase desistindo de encontrar Bert, me esbarro com o mesmo na entrada da casa, sorrio já me sentindo bêbado o suficiente pra não ligar pra o que está acontecendo em volta:

   — Gee, eu estava te procurando. — Bert sorri animado.

   — Eu acho que eu também estava. — Solto uma risada aleatória.

  — Que legal. — Ele também ri e entra na casa.

   Dou de ombros e vou andando ao redor da casa, me encontro novamente com Biersack, dessa vez ele apenas me observa passar e sorrio provocativo pra ele. Nos aproximamos instintivamente e Andy agarra meu corpo nos colando e penso em recuar, mas eu não quero pensar no depois.
   Gosto de Frank, porém ele não gosta de mim. Não posso fazer nada a não ser curtir minha noite e esquecer dos meus problemas.
   Nossos lábios se aproximam dando início à um beijo calmo que se torna violento de um segundo para o outro. Andy me põe contra a parede descendo sua boca até meu pescoço me fazendo arfar com seus beijos, quando menos espero meus olhos se voltam pra Frank nos olhando de certo modo perplexo, automaticamente empurro Andy pra longe de mim. Ele fica confuso por conta da minha ação e eu só consigo pensar  em um portal brotando pra sumir desse mundo. Meu rosto queima de vergonha, sinto náuseas repentinas.
   Olho Frank sem saber o que fazer ou dizer e ele mesmo faz, sai dali rápido.

  — Relaxa, ele não vai contar. — Andy tenta voltar a me beijar mas dessa vez recuo.

  — Desculpa, eu não posso mais fazer isso. — Saio indo pela mesma direção que Frank o procurando e jogo meu copo vazio em qualquer canto.

   Porra, isso veio me acontecer justo agora? Ele deve pensar que eu só quero me aproximar dele pra ficar com ele, não é isso nem de longe, eu realmente quero conhecer ele e primeiro ser seu amigo. Eu não deveria ter bebido tanto.
   Vou me afastando da casa indo atrás dos rastros de Frank, vou andando pela calçada tentando alcançar-lo:

   — Frank, espera! — Grito andando mais rápido.

Ele passa a me ignorar e decido começar a correr, meu estômago começa a doer, as bebidas se agitam enquanto corro e finalmente alcanço lost boy:

   — Por que está indo embora? — Pergunto ofegante e ele para se virando pra mim.

   — Por que você quer tanto ser meu amigo? Não sou legal, não tenho dinheiro, não tenho nada. — Ele diz num tom alto.

   — Eu quero saber sobre você Frank, eu sei que no fundo você é legal e que quer ter minha amizade também. — Digo um pouco enrolado por conta da embriaguez.

  — Não importa, eu tô indo viajar amanhã. — Ele responde tomando o seu mesmo rumo.

   Fico prestes a responder mas acabo vomitando ali mesmo, mais vergonhoso era impossível, isso se eu não fosse Gerard Way:

  — Frank... — Grito me recuperando da minha recaída e ele se vira me olhando. — Me passa seu número?

  Onde eu estou com a cabeça? Eu não sei, acabei tomando bastante das doses de coragem. No final a coragem não passou de vergonha enrustida. 01:20 e quem resolve dar um passeio de carro pela cidade? Donald Way. Haha, isso tem mesmo como piorar:

  — Gerard? Frank? O que fazem na rua essas horas? — Ele nos interroga e fecho os olhos esperando ser mais um sonho.
 
     — Eu vou dormir no Bert hoje... — tento amenizar a minha situação.

   — Okay, e qual o motivo de estar andando na rua essa hora? — Ele pergunta com o semblante confuso.

   — Desculpe Donald, ele estava me acompanhando até a metade do caminho de casa. — Frank me olha e afirmo com a cabeça.

    — Entrem, eu levo vocês. — Meu pai pede.

   — Tá tudo bem, eu moro bem perto. — Frank diz receoso.

   — Eu insisto, Frank. — Meu pai diz e Frank acaba não resistindo.

   — Ok, obrigado por isso Donald. — Ele me olha e entra no carro.

   — Eu preciso voltar rápido, pai, Bert deve estar preocupado. Não precisa me levar. — Dou um fraco sorriso já dando as costas. — Tchau pai, te amo. — Grito andando depressa sem escutar mais nada.

   Volto pra festa totalmente desanimado, parece que o número de pessoas só aumentou. Entro na casa e desligo a música estrondante enquanto todos me olham:

  — Chega de festa. — Digo alto e as pessoas reclamam.

  Bert brota no meio da multidão apenas com uma samba canção de flamingos rosas e um óculos escuros, sai empurrando todo mundo e chega até mim:

   — Gee, o que ta fazendo? — Bert sussurra pra mim.

    — Frank vai embora. — Digo indiferente. — E eu tô muito puto. — Digo e saio da sala subindo ao quarto e expulsando as pessoas do quarto.

    Abro a janela na esperança de entrar um ar fresco e respiro fundo ainda vendo as coisas um pouco desfocadas, jogo meu cabelo pra trás e ponho as mãos no rosto me sentando na cama.
    Para com isso Gerard, você não fez nada. Você não é o culpado, ele que é.
    Olho em volta vendo a bagunça e resolvo descer novamente, as pessoas já começam a sair aos montes, pra minha sorte. Após uma hora a casa já se encontra vazia e completamente bagunçada, Bert e eu decidimos que iremos arrumar ao amanhecer. Nos deitamos na cama:

  — Cara, hoje foi demais. — Bert diz baixo. 
 
  — Hoje foi um saco, essa festa foi uma péssima idéia, Mccracken. — Respondo e suspiro.

   — Você tá assim por causa do Frank? — Ele se atreve e me viro me cobrindo.

   — Não. — Minto.

   — Te conheço honey. — Bert se senta na cama e me puxa. — Vamos esquecer ele, posso te contar o que aconteceu hoje comigo se prometer não chorar na madrugada.

    — Mas você já ia me contar de qualquer jeito. — Rio anasalado.

    — Não ia... — Ele sorri sem mostrar os dentes enquanto brinca com o anel em seu dedo. — Eu fiz um menage. — Ele diz e fico boquiaberto.

    — Bert, eu não acredito. — Digo e me sento. — Com quem?

    — Não importa. — Ele se deita novamente e fecha os olhos. — Boa noite, Gerard.

   Rio baixo e me deito também.

  — Boa noite, Robert. — Fecho os olhos.

    

   

Youngblood - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora