A extensão de mim

12.

Arizona Robbins

Certas pessoas parecem destinadas a se encontrar e se amarem para sempre, ainda que não na primeira vez, pelo menos de uma vez por todas. E, por mais que se desencontrem, acabarão se unindo no momento mais propício, quando menos esperarem, porque nada nem ninguém poderá separá-las ali no instante certo.

E eu acho que é exatamente isso que está acontecendo comigo e Callie, eu acho que ela aprendeu com tudo que houve, nem eu e muito menos ela somos a mesma, a vinda desse bebê mudou muita coisa. Principalmente entre eu e Calliope.

Depois que troquei algumas mensagens com Eliza eu a permiti que viesse até aqui em casa quando ela chegasse, afinal ainda que eu trabalhasse pra ela, hoje não nos veríamos na empresa.

E era mais ou menos 18h quando ela me mandou uma mensagem dizendo que estava liberada dos compromissos e me perguntando se poderíamos conversar no meu apartamento, eu aceitei.

Estou aqui, a aguardando chegar, pensando que essa conversa minha com Eliza pode decidir muita coisa na minha vida, ou pelo menos, mudar todos os rumos.

Não demorou muito para a mesma bater na minha porta, eu abri com um fraco sorriso e ela retribuiu da mesma forma. Dei passagem e ela entrou sem jeito.

- Sente, você quer algo? - perguntei.

- Não, só conversar mesmo. - ela falou calma e se sentou no sofá. - A propósito me desculpe por ontem, me exaltei com você.

Eu me sentei ao seu lado com os pés para cima.

- Eu poderia dizer que tudo bem, mas você sabe que essa gravidez é de risco, eu me estressei, fiquei aqui passando mal, não sei o que seria se a ....

Ela me cortou.

- Se a Callie não tivesse vindo? - ela riu. - eu não entendo, até outro dia você não podia ouvir falar da outra mãe do bebê.

Eu passei as mãos no cabelo.

- Eliza, eu não queria ouvir falar dela porque não me perdoava por ter alguém legal como você e amar uma pessoa que me machucou.

Ela olhou pro chão e riu.

- Então, esse tempo todo você a amava?

- Sim, eu só não queria e não podia admitir isso. Você chegou aceitando e cuidando de tudo que ela deixou pra trás, eu seria tão injusta com você.

Ela se aproximou.

- Mas, você está sendo injusta comigo agora, eu cuidei de você e dessa gestação que ela nem ligou.

- Ela nem sabia que eu estava grávida, eu escondi isso dela.

- Você escondeu?

- Sim, Calliope também foi vítima de um erro meu. Eu não vou voltar pra ela dois minutos depois que a gente terminar, sabe. Mas ela vai ser uma presença constante na minha vida.

O silêncio predominou naquela sala, Eliza tinha lágrimas nos olhos, mas não deixou nenhuma escorrer.

- Eu não sei o que eu fui pra você, Arizona. - ela falou num tom triste.

- Você foi incrível, minha base por muito tempo, mas eu não amei ou amo você, amei coisas imaginárias . Me desculpa, Eliza. - comecei a chorar - ficou tudo tão confuso.

Ela pareceu ignorar tudo que eu disse e me olhou friamente.

- Amou coisas imaginárias? Eu cuidei de você.

- Exato! Você cuidou de mim, eu precisava de mais, de coisas que você não me deu. Coisas que eu tinha com Callie e você ficou tanto em não me deixar pensar na minha ex que foi só o que eu fiz, sentindo falta do que fazíamos.

Ela estava me matando com os olhos, mas eu não me amedrontei. Ela bufava.

- Então, me fala porra, amou o quê?

Eu sorri lembrando dos momentos com Callie.

- Amei cada declaração que você não fez, cada almoço em família que eu e Amélia fizemos e você simplesmente não veio, Callie sempre vinha- eu sorri- eu amei cada estreia de filme que você não me convidou pra assistir, Callie me levava. Amei cada taça de sorvete que a gente não dividiu, e Callie me levava toda semana pra tomar. Amei cada jogo do seu time que você não me chamou pra ver, enquanto Callie me levava até o estádio pra ver e amei cada festa que a gente não foi junto porque eu estou grávida de outra, e Callie me levava em todas. Amei aquele jantar romântico que a gente não teve, e Callie toda semana me levava e me fazia sentir a única mulher do mundo, amei aquela tarde no parque que não aconteceu e as fotos que você não quis tirar, enquanto Torres que você tanto julga me levava pra esses tipos de passeios. Quase amei aquele dia em que sua mãe chegou de repente e estávamos só nós duas rindo das nossas diferenças e ela quis saber quem eu era, e você respondeu que era só uma grande amiga por ter vergonha de contar a poderosa Minnick que você namorava uma mulher que estava grávida de outra. Grande amiga? Você nem percebeu que o quanto meu sorriso mudou, ficou meio caído, sem graça, daquele jeito que fica quando a gente quer, desesperadamente, chorar. E eu cheguei em casa vomitando uma tempestade pelos olhos. Naquele dia eu quase amei você. Quase quis passar o resto da minha vida ao seu lado. Quase, Eliza.

Eu limpei as lágrimas que teimaram em escorrer dos meus olhos, ela me olhava sem reação, sem palavras.

- Arizona...

- Eu acho que você esqueceu do principal, me conquistar mesmo.

Ela olhou para um lado e para o outro. 

- Então, esse é nosso fim? - Eliza me perguntou.

- É o fim de algo que não deveria ter começado, eu não estava pronta pra um relacionamento aquela época. - Falei.

Ela me olhou, respirou fundo e se colocou de pé.

- Te vejo na empresa amanhã?

Eu me coloquei de pé e a respondi.

- Claro. - olhei no relógio, ia dar sete horas, porra, Callie! Olhei de volta e Eliza estava andando em direção a porta.- E Eliza? - ela me olhou. - me desculpa.

Ela sorriu.

- Tudo bem. - ela deu um passo e virou de volta pra mim - na verdade - se aproximou de mim e me jogou contra a parede. - desculpa o caralho, você vai se arrepender.

Ela colocou as mãos no meu pescoço e apertou com força, eu a batia e arranhava mas ela não me soltava.

- TA ME MACHUCANDO! - gritei.

- Só não mato esse bebê porque tenho outros planos pra ele. MAS VOCÊ VAI SE ARREPENDER.

Eu tava quase sem ar nenhum quando ouvi um barulho alto e uma voz que eu nunca amei tanto ouvir.

- A única que vai se arrepender aqui é você, Minnick.