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Callie Torres

Os acasos da vida me assustam, as voltas que a vida dá me deixam tonta, tudo muda em segundos. Penélope está morta, a bebê está viva, eu estou registrada como mãe. Meu Deus, o que eu vou fazer?

- Amor? Tô falando com você.

Pisco encarando Arizona.

- Desculpa, amor, o que você disse?

- Eu perguntei o que você vai fazer, vai até lá?

Eu respirei fundo.

- Eu preciso, Ari.

Percebi Arizona engolir a seco enquanto ainda ninava Carlinhos. Ela assentiu e saiu da sala.

Eu soquei uma almofada, peguei minhas chaves e segui até o hospital.

Eu nem imagino o que Arizona está sentindo, eu não posso brigar com ela, ninguém gostaria de estar submetida a essa situação, eu não sei mesmo o que fazer, nem o que pensar.

Não demorou muito e eu cheguei ao hospital e fui até a recepção.

- Boa tarde, eu sou Callie Torres. - me identifiquei.

A recepcionista me observou, pesquisou algo no computador e arregalou os olhos.

- Senhora Torres, eu sinto muito. - eu sorri sem graça. - Queira me acompanhar, por favor.

Eu assenti e a menina me levou até onde estava um médico e me identificou para ele e se retirou.

- Senhora Torres, eu sinto muito pelo ocorrido, eu sou o Dr. Boudeleir e fiz o parto da sua filha.

- Ela não é min... - respirei fundo. - Obrigada, Doutor. Você pode me explicar melhor o que houve?

- Claro, queira me acompanhar.

Ele me levou até sua sala e nós nos sentamos.

- A Senhorita Blake chegou sentindo muitas dores essa madrugada, o que estranhamos, seu parto era semana que vem com uma outra Doutora, eu mesmo me encarreguei de alguns exames e ela começou a sangrar e perder líquido, nós tiramos a bebê a tempo mas a mãe não resistiu.

Eu engoli a seco.

- Ela chegou falar algo da bebê antes? - busquei saber.

- Só pediu que cuidasse de sua pequena Alice. - minha garganta deu um nó. - Eu sei que deve ser muita informação para você, mas você quer ver sua filha?

O médico perguntou esperançoso, meus olhos estavam úmidos, eu só balancei a cabeça assentindo, ele me guiou até a neonatal.

Depois de todo procedimento que eu já conhecia bem, entrei e fui guiada até aonde a pequena Alice estava.

E, nossa...

Ela é linda, tão grande, cabeluda, bochechas gordinhas, rosadas, estava dormindo e com a boquinha um pouco aberta, mas é linda, como uma boneca.

Eu estou apaixonada por essa bebê, eu não posso deixar que ela fique sozinha nesse mundo, não posso permitir isso.

Coloquei meu dedo na mão dela, e ela apertou, meu coração aqueceu. Eu acho que eu sempre fui mãe dessa criança, mesmo quando todos os fatos mostraram o contrário. Mesmo longe nas consultas, eu queria saber de tudo e ficava agoniada por não saber. Tenho Lágrimas escorrendo por meu rosto por medo, medo do que minha noiva vai achar, nosso filho tem 9 meses, nós vamos casar, é uma bebê recém nascida, e pior, é de Penélope.

Mas, está decidido, eu vou ficar com Alice.

Arizona Robbins

Eu não estou triste com Calliope, também não poderia ela não tem culpa alguma. Sei também que a bebê não tem culpa da mãe que teve.

É só que é a filha da ex namorada da minha noiva, uma bebê que vai fazer com que ela se lembre de Penélope para sempre. E se Callie quiser ficar com ela? Isso é sinal que vou ter que sair? É sinal que não vai ter mais espaço para mim e meu filho? Eu estou tão confusa.

Estávamos prestes a casar e, de repente, isso acontece. O destino gosta de brincar, acho que o(a) autor (a) da minha história deve olhar para mim e dizer "que tal complicar as coisas?" E inventa.

Eu sinto por Penélope, não desejo mal a ninguém. Mas... - Acabo olhando pro lado de Callie na cama onde Carlinhos dormia - é a minha família também, em jogo.

Saio dos meus turbulosos pensamentos com meu celular tocando.

Meu coração aperta ao ver uma foto de Carlinhos e Callie brilhar na tela.

Respiro fundo e atendo.

Ligação on

- Oi, Calliope.

- Amor, nós precisamos conversar.

Eu sabia que sim, mas não queria.

- Por telefone?

Ouvi sua respiração.

- Não temos tempo.

- Então, diga.

Pressionei meus olhos para a ouvir.

- A bebê é linda, Arizona. E eu não sei como, eu não sei o que é, mas eu sou ligada a ela, como sou ao Carlinhos, é como se não houvesse diferença...- a interrompi.

- Mas existe...

- Ari, amor, vamos ficar com a Alice, eu preciso disso, tanto quanto eu preciso de você e nosso filho pro resto de nossas vidas. Isso não vai mudar nada entre nós, só por favor, não desista de mim, nem dá nossa história, diz sim pra mim para mais esse pedido. - eu fiquei em silêncio. - Você pode dizer não, e talvez pode até querer me abandonar, mas eu não vou me perdoar se nem tentar, então, por favor, vamos ficar com Alice.

- Calliope...

- Sim?

Eu chorei silenciosamente, engoli a seco e olhei para meu filho.

- Traga Alice, eu vou estar esperando por vocês.

Ligação off

Desliguei a ligação antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. Eu sei que ela ainda não pode trazer a bebê, mas dizer isso me poupou render aquela conversa por telefone.

Afinal...

Nem eu sei ao certo o que eu quero.

Olhei meu filho que tinha agora os olhos abertos e concentrados em mim.

- Olha só, o meu príncipe acordou. - ele se remexeu na cama até virar e eu sorri o pegando.- Você é esperto demais.

Beijei sua pinta na perna igual a de Calliope.

Marca registrada de um Torres.

A extensão de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora