Capítulo 10

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Início de novembro

POV Any

Não podia acreditar que o tempo havia passado tão rápido. As aulas haviam começado em setembro e, desde então, nós estávamos ensaiando muito para as seletivas, que seriam no mês que vem. Eu e os membros do grupo nos tornamos ainda mais próximos, e éramos como uma família. Uma família bem internacional e um pouco estranha, mas feliz.

Ontem à noite eu havia ligado para minha mãe e minha irmã e passado um tempão falando sobre meus amigos; falei sobre os dramas de Sabina, e sobre o quanto Bailey era implicante com a mexicana (que, em um ensaio, já havia até o agredido por conta disso). Contei sobre como eu havia me aproximado um pouco mais de Joalin, e também sobre as palhaçadas de Noah e Josh. Aliás, minha irmã fez graça por eu ter falado muito sobre o canadense. Mas nós passávamos quase o tempo todo juntos, então isso era normal, certo?

As aulas do dia haviam acabado, e eu combinei de encontrar com Diarra e Noah para acertarmos algumas coisas no arranjo da música que estávamos ensaiando para a competição. Diarra aparece primeiro, acompanhada por Sofya, que estava na mesma aula que ela. Pouco tempo depois, Noah vem em nossa direção, parecendo feliz. Quando ele está quase chegando até nós, é empurrado contra os armários, do outro lado do corredor. 

-Que porra é essa, Urrea? – um rapaz alto e forte diz. – Além desses brinquinhos você está pintando as unhas?

-É uma linda mocinha. – Outro garoto diz, e quando Noah se recompõe, é empurrado novamente, desta vez com mais força. – Isso é para você aprender a agir como homem. 

Os dois saem e eu e as meninas, chocadas, corremos em direção a Noah, que estava no chão, com a cabeça baixa. 

-Noah! Você se machucou? – Diarra pergunta, preocupada. Ele faz que não com a cabeça e percebemos que ele está começando a chorar.

-Noah... não chore. – Sofya faz carinho nos cabelos do amigo. – Não deixe esses babacas te abalarem.

-Não mesmo. – Completo. – Eu acho você super estiloso. 

Noah ri fraco do meu comentário. 

-Você precisa falar sobre isso na direção. – Diarra diz.

-Eu vou. Mais tarde. 

-Você quer que eu pegue gelo, Noah? – Sofya pergunta, delicada. 

-Não precisa, Soso. Não me machuquei. 

Noah se levanta e o acompanhamos até uma sala no mesmo corredor, onde tínhamos combinado de nos reunirmos. Passamos alguns instantes em silêncio, sem saber muito bem o que dizer. Noah retira um pequeno caderno de sua mochila e começa a escrever algo nele.

Sofya se aproxima de mim e Diarra.

-Acho que ele está fazendo o rascunho de uma música. – Ela sussurra. Noah escuta e faz que sim com a cabeça. Eu e as meninas nos aproximamos e o ajudamos a escrevê-la.

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No fim daquela tarde, já em casa, conto a Josh o que ocorreu, e o mesmo se revolta.

-Isso é ridículo! – ele afirma. – Ele foi à direção, certo?

-Foi. – Digo. – Os dois que fizeram isso com ele serão suspensos.

-Eles deviam ser expulsos! – Josh grita e depois se senta na sua cama. Eu me sento também e o abraço de lado. Ele apoia a cabeça em mim. – Não aceito que tenham feito isso com o Noah, Any. Ele não faria mal a ninguém.

As long as we're togetherOnde histórias criam vida. Descubra agora