[1.126 palavras] capítulo revisado em 7 de agosto, 2020.
━⊱❉⊰━
Cores dançam pelo salão. A transmissão ocorreu com sucesso e Norta já está ciente da Nova Era que estamos prestes a adentrar.
Maven se senta ao meu lado, e eu ocupo o espaço de Elara. A sensação de ter todo este poder em minhas mãos é indescritível. Meses atrás eu era apenas uma garota com medo do terrível do destino, a guerra que iria enfrentar aos dezoito anos. Hoje sou uma sanguenova, com a eletricidade correndo nas veias e um dia, rainha de Norta. Devo dizer que a corte prateada toma para si a ideia de que uma rainha vermelha, é uma ideia repugnante. Mas não ousam protestar, sabem as consequências. Nem mesmo os Samos ousam discutir, pelo contrário, Volo Samos parece intrigado com a idéia de que vermelhos possam ter poderes prateados, e até mesmo muito além.
─ Se me permite perguntar, Lady Mare, como descobriu sobre os outros... sanguenovos?
O pai de Evangeline não se controla ao perguntar. Suas vestes negras e apenas um colar de ferro lhe dão um ar superior, fazendo-me arrumar a postura e lhe dar um sorriso condescendente.
─ Descobrimos por haver um erro na plataforma sanguínea. Uma mutação em nosso sangue nos diferencia, e há milhares de vermelhos como eu.
Explico, o tom de aviso disfarçado. Por anos os vermelhos foram ameaçados apenas pela cor do sangue, e não temo mais. Acredito que meu reinado será longo, e começarei a construí-lo com igualdade. Mesmo que precise usar o medo para isso.
─ Fascinante.─ Volo retruca, com o mesmo sorriso nos lábios. Ele não precisa ser um murmurador para saber o que penso. O homem sabe que Maven e eu ainda o valorizamos e o respeitamos, mas não deixaremos nenhuma ameaça passar batido.
Larentia Viper se vira para nós, graciosamente. As cobras em seu pescoço e pulsos, combinam com o vestido verde com detalhes pretos.
─ Lady Mare.─ Ela faz uma minúscula reverência com a cabeça, parecendo não querer se reverenciar.
Faço o mesmo, dando o meu melhor sorriso irônico.
─ E como andam os negócios em Rift? Os problemas foram resolvidos? ─ Pergunto, na tentativa de arrancar algo.
Larentia sorri, cautelosa. Sabe que estou falando de Evangeline.
─ Foram só alguns problemas nas minas de ferro, nada que não possa ser controlado.─ Ela responde, dando ênfase no "controlado".─ Estamos felizes por servirmos e participarmos deste novo mundo, digamos assim. Os sanguenovos devem ser o suficiente, digo para deter a doença denominada Guarda Escarlate e acabar com a guerra de Lakeland.
Ela responde à altura e meu sangue ferve. Sei que está me testando, querendo saber se concordo com a rebelião da Guarda ou se realmente estou disposta a ser também contra tudo o que eles odeiam. Vermelhos tentando se levantar.
─ Com certeza são, Lady Larentia. Sanguenovos são vermelho e prateado juntos. E são mais fortes que ambos.
Ela retira o sorriso do rosto, novamente ciente do meu aviso. Ela continuará a ter suas minas de ferro e todo o poder que ainda possui, apenas irá se curvar diante de um poder inimaginável.
Maven se levanta, todos os olhares sobre o mais novo rei. Ele me olha, me segurando pela mão e logo percebo que é o momento de sairmos de perto daqueles olhares, nos queimando a cada segundo em busca de uma falha, um erro.
Maven agradece a presença de todos ali e fazemos uma reverência. Tudo ocorreu perfeitamente bem, e logo saímos de cena. Enquanto subimos as escadas para o andar de nossos aposentos, penso em como sonhei com o dia de hoje. Sendo a esperança dos vermelhos e governando Norta, quebrando barreira por barreira e aos poucos, criando regras para acabar com a opressão dos vermelhos.
Elara deve estar em êxtase com o que acabamos de fazer. Com certeza irá me exterminar quando chegar na manhã seguinte, já que a viagem precisou ser interrompida. Não consigo imaginar se Cal e a Guarda que estão dando trabalho à ela, ou se foi meu pequeno ato rebelde de hoje que a motiva a voltar.
─ Levem minha noiva até seus aposentos com segurança, depois vão até a sala de reuniões. Tenho novos deveres para vocês.─ Maven diz, e não me dirige uma palavra, muito menos me olha.
─ Você não tem nada a me dizer? ─ Paro, fazendo os outros sentinelas que pretendiam me levar até o quarto, pararem também.
Maven massageia as têmporas, algo o incomoda. Não quero iniciar uma discussão, os sussurros provavelmente não o deixam em paz e depois do meu show, apenas quero que ele fique bem. Já lhe dei deveres o bastante.
─ Quer que eu diga que você foi ótima desafiando todas as Grandes Casas, enquanto eu tentava fazer você se lembrar de que Norta depende de todos eles? ─ Ele lança as palavras, afiadas mais do que nunca.
Mas não abaixo a cabeça, já se foi o tempo em que Mare se curvava à todos. Se ele quer me fazer sua rainha, rainha de Norta, terá de ouvir o que tenho a dizer.
─ Você sabe que a única maneira de deixarem uma vermelha se tornar rainha, é o medo. Medo que vocês, prateados colocam em cima de nós vermelhos, o tempo todo. Maven você mais do que ninguém sabe que, eles só concordariam com o casamento e a coroa em minha cabeça, se eu demonstrasse o tamanho poder que tenho.
─ Muito inteligente você destruir parte da sala do trono. De qualquer maneira, vermelhos irão reconstruí-la. Você oprime "seu povo" sem perceber.─ Ele cospe as palavras no meu rosto, deixando à mostra a afirmação de que ainda não sou rainha.
─ Quando eu for rainha, vou garantir que os papéis fiquem iguais para todos.
E assim saio, deixando-o com seu sorriso sarcástico e automaticamente imagino o que esteja pensando. Minha mania de grandeza um dia acabará comigo.
━⊱❉⊰━
Batidas fortes me assustam no meio da noite. Me levanto rápido, meus raios naturalmente vem e vou preparada até a porta. Mas não preciso a abrir, o garoto com quem discuti hoje mais cedo o faz.
─ O que houve, Maven? O que aconteceu? ─ Pergunto, já deixando meus raios sumirem e confusa com o seu rosto vazio. Ele parece calmo e ao mesmo tempo sombrio, não esboça expressão alguma.
A raiva que senti mais cedo se esvai, deixando espaço para a preocupação e o medo. Qualquer coisa que tenha deixado Maven dessa maneira, me assusta e preparo o meu coração para o pior. As Grandes Casas concordam juntas em derrubar nosso reinado antes de começar ou a própria Guarda pode estar aqui á minha caça. É o fim.
─ Eles a mataram.─ Diz em um sussurro.
─ Quem eles mataram e quem são eles? ─ Tenho medo da resposta e logo engulo em seco.
─ A Guarda matou a minha mãe.
━⊱❉⊰━
VOCÊ ESTÁ LENDO
Kingdom of Storm
FanfictionMare Molly Barrow se via diante de duas opções: Se tornar uma rainha controlada por um rei cruel, cuja mente não se pode confiar e é traiçoeiro como a víbora da mãe. Ou ela poderia escolher o caminho da Guarda, onde certamente não teria voz alguma e...