[2.621 palavras] capítulo revisado em 10 de setembro, 2020.
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O sol que atravessa a janela do quarto me cega a visão por poucos segundos, mas eu gostaria que tivesse cegado as minhas memórias sobre a noite anterior. A lembrança de Cal, Farley, Kilorn e o garoto misterioso que estava agarrado ao "príncipe traidor", fazem um calafrio percorrer minhas costas e respiro fundo. Maven não pode nem sonhar que eu ajudei seu irmão a fugir, seu controle é algo frágil e sei o quanto ele deseja a cabeça de Cal. Para provar ao povo que é capaz, tanto vermelhos quanto prateados.
Dormir essa noite, quase me pareceu impossível. E quase foi, na verdade. A noite toda repassei as imagens na minha cabeça e queria poder jurar que tudo não passou de um mero pesadelo que me tirou o sono. Os olhares, tanto de pena quanto de ódio e culpa que recebi naquela cela, me faziam querer vomitar. Sumir de forma mágica, ser sugada para outra dimensão onde sou plena e feliz. Nem mesmo as minhas meras ilusões e expectativas podem me salvar nesse momento.
Ergo o meu corpo com dificuldade, como se meus pesadelos me puxassem novamente para a cama, me obrigando a reviver os meus piores pesadelos. A náusea já me é familiar, de modo que consigo controlá-la antes de se tornar um desastre naquele belo tapete.
─ Bom dia, flor do dia!
A voz suave e animada de Rosie quase me faz perder os escrúpulos e me controlo para não fingir um desmaio. É como uma lousa sendo arranhada por unhas enormes, sua voz me dá enjoos em um dia horrível como este.
─Bom dia. ─ Resmungo de uma maneira que posso ver sua cara contorcida em uma careta.
─ Você precisa de mais animação, Maven chegou nesta madrugada.─ Ela anuncia, como se o que eu tivesse passado na noite anterior não fosse nada, e só a presença de Maven me fizesse feliz naquele momento. Sinto o contrário. Sinto pânico só de pensar em encarar seus olhos azuis e profundos, mentir para eles.
Suspiro pesadamente, me questionando se realmente Maven deveria estar aqui. E quando chego á conclusão, mais uma onda de pânico percorre o meu corpo. Não, ele não deveria estar aqui.
─ O que? ─ Pergunto e ela me olha, despreocupada.─ Ele não deveria estar aqui, não é? Como ele veio parar aqui?
Ela respira fundo como se estivesse explicando matéria para uma criança de cinco anos, como se não entendesse uma pergunta retórica.
─ O navio trouxe ele até aqui, sabe...
─Sim, eu sei. A questão é: por que ele veio para Summerton mais cedo do que o esperado?
Ela hesita um pouco, pensativa.
─ Estavam comentando que Samson Merandus que o havia convocado para uma reunião, como se você não soubesse o que fazer com os membros da Guarda e com o princípe traidor.─ Ela fala suavemente, com simplicidade.
Falar sobre Cal parece causar um certo arrepio nela, percebo isso na falha de sua voz calma e ensaiada. Como se ela soubesse que há algo escondido nas entrelinhas. Rosie nunca me perguntou sobre este assunto, me recordo rapidamente. No inicio pensei que fosse alguma ordem de Maven, no entanto, há clareza de que este assunto incomoda até mesmo a realeza.
Uma batida rustica e forte é escutada da porta. Ambas pulamos de susto e nos preparamos para o pior, mas felizmente, é a voz de um sentinela que reconheço.
─ Majestade, o rei e seu tio desejam vê-la.
O chamado da morte soa diferente nesta manhã e logo sinto o medo me invadir. Libertei Cal e os outros ontem pela passagem. Passagem esta que, o verdadeiro sucessor ao trono usava para ver a vida miserável que os vermelhos levavam. Bom, acredito que nestes últimos meses ele pôde provar bem o gosto da pobreza e do pensamento de que com um passo em falso, sua vida vai pelo ralo facilmente. Como a minha está prestes a ir agora.
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Kingdom of Storm
أدب الهواةMare Molly Barrow se via diante de duas opções: Se tornar uma rainha controlada por um rei cruel, cuja mente não se pode confiar e é traiçoeiro como a víbora da mãe. Ou ela poderia escolher o caminho da Guarda, onde certamente não teria voz alguma e...