─ eight'm.b

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[1.605 palavras] capítulo revisado em 7 de agosto, 2020.

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A prática de manter a idéia da igualdade é mais difícil e dolorosa. Finalmente consigo compreender o que Cal quis dizer. Mudar o mundo tem seu preço, Mare. Ele me disse uma vez, na estrada que ia até Palafitas onde íamos visitar minha família, pela última vez.

Lakeland é como Norta: Uma monarquia e uma elite prateada, governando o resto da população. A notícia de que a próxima rainha de Norta será uma vermelha, corre pelo continente e até mesmo os príncipes de Piedmont, nossos aliados ameaçam quebrar a aliança. Obviamente alegando que jamais vão apoiar um país em que todos fossem iguais.

Não tivemos notícias de Prairie e Tiraxes. Mas posso imaginar o que pensam, a igualdade é uma questão indiscutível.

Massageio as têmporas, com a intenção de aliviar as dores de cabeça recorrentes. Eu imaginava que governar uma nação seria fácil, e não poderia estar mais errada. Guerras ameaçando a começar, mais soldados vermelhos e prateados à beira da morte, uma elite prateada inteira para convencer...

Quero perder o controle. Quero sair correndo pelos corredores de Whitefire e apenas sentir a brisa do dia lá fora, quero minha liberdade de volta. Mas eu nunca posso parar, a coroação se aproxima e todos contam comigo. Estou no fio da navalha, e eu mesma me coloquei nessa situação por um garoto que às vezes nem tenho certeza se existe.

─ Lady Mare, o rei Maven deseja vê-la no escritório dele daqui meia hora. ─ Rosie abre a porta de meu quarto, me vendo sentada em minha mesa de trabalho. Finalmente sendo a futura rainha que todos esperam que eu seja.

─ Rosie, podemos conversar? ─ Digo em tom casual e ignorando o pedido de meu noivo. Temos assuntos para resolver e acredito que esse seja o melhor momento.

Ela suspira e adentra o longo cômodo, aparentemente chateada. Sei o motivo, estava servindo uma mentira até agora e sustentando uma amizade à base de mentiras e medo. Medo de descobrirem a cor do meu sangue.

─ Sei que está chateada por eu não lhe contar a verdade, mas não poderia arriscar. O medo de você me expôr e acabarem com a minha vida por isso, era muito grande. Sem contar que a sua vida também estava no fio da navalha.

─ Mare Barrow.─ Ela diz meu verdadeiro nome com convicção, me cortando por dentro.─ Maven me desencadeou para a função de ser sua dama de companhia, para ser uma amiga que você jamais teve. Eu sabia a cor do seu sangue desde o início, acha que eu não conseguia ver de relance as criadas te pintando com aquele pó prateado?

Suas palavras me deixam boquiaberta, totalmente sem reação.

─ Minha querida, eu não sou uma prateada fria e sem coração. Nós nos tornamos amigas, e não havia uma vez em que eu me sentisse desconfortável na sua presença, acredito que seja uma boa qualidade. Você provavelmente será a melhor rainha que Norta irá ter, apenas me chateia o fato de você não confiar em mim para me contar a cor do seu sangue, antes da nação inteira saber.

Ela me deixa sem palavras. Quero me desculpar milhões de vezes, e me sinto uma idiota por não confiar nela antes. Mas parte de mim diz que não tenho culpa. Todo mundo pode trair todo mundo, o aviso de Julian ecoa em minha cabeça e logo me recordo de onde estou e quem sou. Não estou em um conto de fadas e não posso ser a garota que sempre será salva por alguém, preciso me proteger e me levantar sozinha.

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