[2.301 palavras] capítulo revisado em 11 de setembro, 2020.
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As lágrimas descem ligeiras pelo meu rosto, incapazes de serem contidas. Seu olhar frio sobre mim demonstra a frieza com que meu marido foi moldado, escondendo o garoto por quem me apaixonei. Mais uma vez sou feita de tola, o sentimento de traição me é tão familiar que nem consigo esconder. Me pergunto se realmente há amor entre nós, se isto deveria estar acontecendo. Mas é uma rebelião, uma guerra da qual eu faço parte. Não desistirei de tudo por um mero romance adolescente, eu preciso ser forte e não apenas por mim.
─ Me surpreende a capacidade de vocês. Não imaginei que chegariam tão longe assim, quase perdemos Cal na perseguição. Mas eu venci, sempre venço.
Recordo-me da cela do Ossário, percebendo o quão infantil eu parecia naquele momento, Ainda me sinto dessa forma, a unica diferença é que dessa vez, Maven me tem em suas mãos. Eu sabia que para ele tudo não passava de um jogo, um jogo em que um dos irmãos deveria vencer.
─ Você é tão desprezível que chega a me dar nojo. Como pôde matar o próprio irmão?
Minha voz sai embargada pelo choro, não escondo isso. Estou completamente destruída. Acabo de perder um pedaço do meu futuro e um pedaço do meu passado, ambos tratados com muito carinho dentro do meu coração.
─ Isso não foi escolha minha, Mare! Minha mãe não me deixou escolhas quando anunciou para deuses e o mundo que meu irmão era um traidor, que ele não merecia a coroa destinada a sua cabeça. Quer que a minha cabeça role por ai? Você perderia a sua guerra antes mesmo de começar!
Mencionar o nome da antiga rainha, me dá nojo. Por um momento, consigo recordar o tipo de garoto com quem me casei, por quem fiquei perdidamente apaixonada. Ele existe e não existe, é um complexo que nem mesmo ele consegue resolver. E é exausta que eu lhe peço:
─ Então vamos arrancar isso de você de uma vez por todas.─ Falo isso enquanto encaro um canto vazio. Não consigo olhar em seus olhos.
Ele me lança uma risada fria, como se eu fosse apenas uma aluna que não consegue aprender a matéria e faz perguntas ingênuas. Por um breve momento, meus sentimentos por mim são exatamente dessa forma, não?
─ Acha que não tentei diversas vezes recorrer aos curandeiros, pedras silenciosas e até mesmo Julian? ─ Sua sobrancelha arqueada e os olhos azuis em questionamento, fazem um arrepio percorrer o meu corpo. É óbvio que sim.─ São coisas que faço por amor: sacrifícios e quebra de orgulho. Eu daria tudo para ser um homem normal, ainda mesmo que príncipe, mas casado com você.
Ele fala tudo com convicção, me deixando alguns segundos para pensar em uma resposta. Não consigo, o sentimento de fraqueza logo me invade. Como uma represa estourada, a qual não tenho controle algum. Quando ele percebe que não serei capaz de lhe dar uma resposta á altura, continua:
─ Conversei por um bom tempo com Julian e chegamos a uma hipótese, uma teoria. Sabemos que a minha mente complexa foi construída a partir de uma murmuradora, com sussurros e tudo que ela tinha direito. Claramente montado de acordo com os caprichos de minha mãe.─ Assinto com a cabeça, em concordância.─ Bom, e se a minha mente pudesse ser reconstruída por outro murmurador ou até mesmo apagada para um novo começo? Acha que funcionaria?
─ Ter a sua mente apagada e esquecer de todos os planos que construímos e de tudo que conquistou? Se não te conhecesse, te chamaria de lunático!
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Kingdom of Storm
FanfictionMare Molly Barrow se via diante de duas opções: Se tornar uma rainha controlada por um rei cruel, cuja mente não se pode confiar e é traiçoeiro como a víbora da mãe. Ou ela poderia escolher o caminho da Guarda, onde certamente não teria voz alguma e...