Cap. 9 - Sol e Lua

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"A coisa mais incompreensível acerca do nosso Universo é que ele pode ser compreendido."
- Albert Einstein
Isso é tão Solange!















Nem sempre podemos ter tudo que queremos, isso é um facto. Às vezes, achamos que queremos algo que na verdade.. não queremos. E é disso que a minha vida se trata.
Achar que preciso tanto de algo que, não preciso.

Ter minha mãe no hospital me faz pensar em muitas coisas. Me faz amadurecer muito rápido. Porque de qualquer forma, preciso me virar sozinha e me preparar para qualquer tipo de notícia que receba.

Jacob tem depressão.

Devia ter notado antes. Suas olheiras, seu baixo astral, seus olhos tristes, seu cabelo desarrumado, a tensão no seu corpo, a energia desanimada que ele transmite... Ele faz da sua vida uma depressão.

Eu não faria o mesmo comigo.

"Você fala francês?" Grace pergunta apontado para a minha camiseta. Eu assinto. "Você podia ler isso pra mim?" Ela pede.

"C'était le genre d'amour qu'on lisait dans les contes de fées. Le seul problème, c'est qu'on n'en vit pas. Alors, je vais finir par pleurer. Parce que c'est comme ça que la vie est. Tu n'as pas tout ce que tu veux. Tout ce qui atteint son apogée devrait revenir à son point de départ." Recito.

"O que diz?" Ela pergunta curiosa. Eu sorrio.

"Bem... eu não sei traduzir tão bem como eu entendo." Falei. Ela assentiu. "Seria algo como... Hum... Ele foi o tipo de amor que lemos em contos de fada. Única parte ruim é que... não estamos vivendo um. Então, provavelmente eu acabe chorando. Porque é assim que a vida é. Você não tem tudo que quer. Tudo que atinge seu ápice, deve regressar ao seu ponto de partida." Respondo. "Lindo." Falei em um murmúrio.

Poético, lindo, trágico e triste. O paraíso de um amante de leitura.

Olho para Grace.

"Como você escreve algo que não conhece?"

"Minha mãe é francesa, e eu vi isso em um diário antigo dela." Ela diz olhando a frase. "Bem me pareceu ser algo romântico. Falava de meu pai." Ela diz sorrindo.

"Sei que sua mãe é francesa." Disse. "Não entendo como não aprendeu a língua."

"Ah... eu sei lá." Ela encontrou-se perdida em confusão e curiosidade. "Ela nunca se interessou em ensinar. E eu também não me interessei em aprender." Ela deu de ombros e eu assenti.

"Você nunca me contou o que aconteceu com seu pai.." Aponto. Ela olha para mim sorrindo.

"Meu pai não vive com a gente mais. Ele tem... outra família agora." Ela diz. Eu sorrio. "E ele faz bem. Digo, ele nunca esteve presente mesmo, então que diferença faz?" Ela diz e sorri fraco. Eu seguro a sua mão.

"Se fizer alguma diferença, ainda poderá contar comigo." Digo e ela aperta minha mão.

"Eu sei." Ela diz. "Então... Você e o Jacob..." Ela começa sorrindo e eu a interrompo.

"Ah! Não Grace! A gente só conversou." Digo, ela sorri sapeca para mim. "E além do mais... O garoto que gosto, gosta de outra. Uma bruxa." Digo e ela revira os olhos.

"Vamos lá Solange. Está óbvio que você tem um crush no garoto." Ela diz. "Não parou de sorrir e de desenhar ele." Eu a olho defensiva.

"Eu..." começo e fecho o caderno. "Eu não estou desenhando ele." Ela suspira.

"Só você não quer ver. E se você não quiser ver, mais ninguém poderá ajudar." Ela diz e dá de ombros.

"Onde você vai?"

Isso é tão Solange!Onde histórias criam vida. Descubra agora