Cap. 15 - Facas e Motéis

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A viagem até a fazenda faria três dias a carro. Então... suponho que com a bicicleta não será tão rápido.

Hoje é o primeiro dia de viagem com Jake. Decidimos que pegaríamos o primeiro metrô que nos deixaria mais perto do nosso rumo. E também estava escurecendo. Estávamos parados em um banco de um metrô, precisávamos de um lugar para dormir, e a nossa melhor solução foi o próprio metrô. Então foi o que fizemos. Dormimos no metrô.

"É o nosso ponto." Digo para Jake, que estava adormecido, com a cabeça apoiada na janela do metrô. "Jake.." abano seu corpo e ele acorda. "Vamos descer aqui."

"Porquê?" Ele pergunta.

"Porque está escurecendo. Precisamos de um lugar para passar a noite." Disse. "Alguém aqui deve conhecer."

"Sol... será mais rápido se-"

"Jake estamos com dois mil dólares aqui. Não acho seguro passar a noite na rua." Interrompo-o. Ele desarruma o cabelo e assente.

"Vamos." Ele diz, uma de suas mãos segurou minha mão para me levantar, eu agradeço.

Pegamos em nossas bicicletas e saímos do metrô. As ruas não eram mais tão iluminadas como no centro da cidade, mas isso não fazia Jake ter medo. Na verdade, acho que poucas coisas o fariam ter medo. Ele era sério, a maior parte do tempo. E quando não estava, estava sorrindo. Sorrisos fracos, que mal podia chamar de sorriso.

"Vamos ter que ir pra um Motel." Ele diz a minha frente.

"Porquê?" Pergunto um pouco envergonhada. Porque estaria envergonhada? Não é como se não tivesse estado com Jake no seu quarto antes. Mas Jake não dormia lá, e por algum motivo, acho motéis muito íntimos.

Talvez não devesse passar a maior parte do meu tempo assistindo aos dramas, suspenses e romances na televisão.

"Porque é mais barato que um hotel." Ele diz óbvio olhando para mim, eu desvio o olhar. "Eu não vou te fazer mal nenhum."

"Eu não disse que você faria. Eu não acho isso de todo." Disse apressada. "...Eu sei que você não seria capaz de fazer nada que eu não queira. Porque achou que teria medo de você?" Olho para ele, que já não olhava para mim, e sim para frente. Então volto a me concentrar a olhar para o chão. Ele não me respondeu. Então porque ele estava indo comigo? Se pensa que ele me intimida? Jake segura em meu braço e me puxa mais para si, olho para os lados, um cara acelerado de bike passou com velocidade. Corri o risco de ser atropelada. Às seis da noite. Eu devia parar de pensar sobre isso, mas se Jake não é um herói... eu certamente não sei o que ele é.

"Porque você devia. Se você fosse normal, devia ter medo." Ele diz. Eu olho curiosa para ele. "Mas você não é... e isso me deixa curioso."

"Porque devia ter medo?" Pergunto.

"Porque eu sou eu." Ele diz, novamente, como se fosse óbvio. "As pessoas têm medo de mim, Solange."

"Mas eu não." Disse e olhei para frente.

"Ao menos olhe para onde anda. Você já não está lidando com americanos politicamente corretos da cidade. Agora está fora dela. Tem todo tipo de gente nesses lugares." Ele fala.

"Obrigada." Agradeço.

"Não estou sendo obrigado a te ajudar. Já disse." Ele diz. E dessa vez, sou eu a assentir. "É aqui." Ele diz. Meu olhar percorre o lugar simples e cerro os lábios ao olhar para o chamativo letreiro, com uma letra à falta. Atravessamos o parque que havia frente do edifício e chegamos até uma mulher. Assim que nos vê, ela sorri. "Precisamos de um quarto." Jake diz direto. Eu desvio o olhar da senhora, estava envergonhada.

Isso é tão Solange!Onde histórias criam vida. Descubra agora