Capitulo seis - A descoberta

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ROSALY

Rosaly estava presa no escuro, não conseguia enxergar nada e nem se mover um centímetro. O pânico crescia em seu íntimo e tentou se soltar, mas as mãos estavam amarradas com uma espécie de corda que cortava sua pele delicada, e  as pernas também foram presas a cadeira, onde estava sentada, impedindo-a de se levantar. Seus olhos se acostumaram à escuridão e conseguiu perceber que estava em um quarto pequeno, onde havia apenas uma cama e a porta à frente dela que Rosaly imaginava que estaria trancada. A ansiedade a sufocava, não conseguia respirar direito e um suor fino começara a brotar em sua testa, resultado da tensão que enrijecia seus membros. De repente, ouviu a porta se abrir, a luz foi acesa, cegando- a por um momento. Quando conseguiu abrir os olhos, ele estava em frente dela, com os mesmos olhos verdes diabólicos dos quais se lembrava, e um sorriso sarcástico deformando seu rosto. Caio levantou a mão e lhe deferiu um tremendo tapa no rosto, que ecoou por todo o quarto.
Rosaly acordou gritando, abraçou os joelhos desesperada e olhou ao redor mal acreditando que tivera aquele pesadelo de novo. Tentou acalmar sua respiração que ainda estava ofegante, como se ela tivesse corrido cem quilômetros, depois se deitou nova mente, aninhando sua cabeça no travesseiro, e se cobrindo com o cobertor até o pescoço.
Todo o sentimento de segurança que começara a sentir há alguns dias desaparecera, deixando em seu lugar um terror genuíno, que fazia seu estômago se contorcer e seu corpo paralisar de pavor.
Se sentia tão sozinha e tão frágil que não conseguia se levantar da cama. Pensou em Peter, e a sensação de dor se multiplicou, deixando-a sem fôlego.
Ele mexia com ela de um jeito que a deixava fora do eixo. Rosaly não sabia como lidar com o que sentia por ele, era intenso e revigorante, era forte e sensualmente empolgante. Peter era o primeiro rapaz que a atraia depois de sua experiência desastrosa do passado. Fechou os olhos e visualizou o sorriso torto de Peter, os olhos castanhos que eram profundos quanto às ondas que se quebravam nos recifes, suas mãos de dedos longos que tocavam sua pele, como se fosse um artista modelando sua obra, e seus beijos que abriram as comportas da alma dela, fazendo Rosaly sentir de novo emoções que ela própria sepultara no passado de seus sonhos.
Mas nada disso importava agora, pois teria que afastar Peter de sua vida. Aquele pesadelo viera lhe lembrar que não era livre, estava presa a um passado odioso e a um homem perigoso, que fizera de sua vida um inferno, e continuava a assombrá-la onde quer que fosse.
Então, as lágrimas vieram quentes e sem aviso, embaçando—lhe a visão e encharcando o seu travesseiro.
Por que Peter não aparecera em sua vida três anos atrás quando ainda era uma menina cheia de ideais românticos e feliz? Por que tudo tinha que ser tão complicado? Se envolver com ele somente lhe traria dor de cabeça , além de colocá-lo na linha de fogo de seus problemas. O pior de tudo é que se sentia atraída por ele, e por mais que negasse, sabia que mentia. Existia entre eles uma energia inexplicável, que a empurrava para Peter mesmo quando queria andar no caminho oposto, era como se tudo se misturasse dentro dela, o medo, o desejo, o encantamento.
Peter tinha um magnetismo pessoal incrível,, não era algo planejado ou calculado, fazia parte da natureza dele, do que ele era e como vivia sua vida.
Rosaly não sabia muito da vida de Peter, mas imaginava que no mundo de glamour no qual ele fazia parte era fácil sucumbir a sedução da fama, mas Peter não parecia ser afetado por ela., pois a áurea de poder que existia ao redor dele era algo raro, sem a superficialidade comum que a maioria das pessoas exibia. Caio também tinha esse magnetismo, mas o que em Peter era natural e charme puro, em Caio não era uma qualidade, era somente uma habilidade que ele usava para manipular, ameaçar e ferir. A lembrança do pesadelo a fez estremecer, sentira como se ele realmente pudesse feri-la e mesmo agora à luz do dia, o pavor lhe fazia companhia.
Rosaly olhou para o relógio digital em sua mesinha de cabeceira e percebeu surpresa que já passava das quatro horas da tarde. Ela simplesmente passara quase o dia todo na cama. Não tivera ânimo para se levantar ou fazer qualquer outra coisa. queria apenas dormir e esquecer que existia um mundo lá fora, mas ela sabia que não poderia se trancar em seu apartamento para sempre, por isso, se forçou a se levantar e se arrastou até o banheiro onde deixou que a água quente lavasse sua alma, mas não aqueceu seu coração que parecia congelado por sua dor. Precisava comer, pois não se alimentava desde o dia anterior, mas pensar em comida naquele momento lhe dava náuseas. Deitou-se no sofá, e ficou olhando para o teto perdida em pensamentos, seu corpo estava cansado pela falta de descanso, e sua mente exausta lhe pregava peças não deixando que ela tivesse paz.
A campainha tocou, despertando Rosaly de um cochilo perturbado. Ela se levantou confusa, e foi até a porta, olhando pelo olho mágico, a fim de que pudesse identificar quem era o  inesperado visitante.
Ela viu Peter parado na soleira da porta, e se lembrou que tinha prometido vê-lo naquela tarde. Estava se sentindo péssima e não queria que ele a visse naquele estado, mas achou que poderia disfarçar o que lhe ia no íntimo e fazer com que ele fosse embora logo, sem que tivesse que revelar nada do que estava acontecendo com ela.
Rosaly abriu a porta e imediatamente percebeu seu erro ao olhar para Peter e sentir seus pulsação se acelerar. Seu rosto bonito exibia um sorriso que faria qualquer garota ficar de pernas bambas, e ele se vestia casualmente naquele dia, usava jeans preto e camisa também jeans azul. Os cabelos despenteado pela brisa da tarde fez Rosaly querer passar a mão por eles, sentindo-lhes a maciez. De repente, teve consciência de sua própria aparência desleixada naquele dia, os cabelos estavam emaranhados, pois deitara  com eles molhados no sofá da sala, e não usava nada mais além do roupão que colocara ao sair do chuveiro.
- Oi, Rosely. Ainda não está pronta? Você não esqueceu do que combinamos, não é?- ele parecia tão animado que Rosaly sentiu sua garganta apertar de angústia.
- Oi, Peter. Acho melhor adiarmos, não me sinto bem, e prefiro ficar em casa.- Rosaly falou, torcendo para que Peter acreditasse na sua desculpa.
- O que aconteceu, Rosaly? Está doente? - Peter perguntou, preocupado, examinando- lhe o rosto pálido e os olhos vermelhos de chorar.
- Acho que fiquei resfriada. Não ê nada.
- Você tomou alguma coisa? Quer que eu compre alguma coisa para você?- Ele perguntou
- Não, eu só preciso descansar, amanhã estarei bem de novo.- rezou mentalmente para que ele não insistisse em ficar, mas ele não pareceu querer deixá-la.
- Posso te preparar um chá, se quiser.
- Peter, por favor, acho melhor........ e de repente a sala girou, e por um instante tudo ficou escuro. Ela teve que se apoiar em Peter para não cair. Ele a segurou com carinho, e levou-a até o sofá da sala, deitando-a entre as almofadas e tocando seu rosto suavemente.
- Você se alimentou hoje, Rosely? Está tão pálida e gelada.- a voz dele soou apreensiva e ele acariciou os cabelos dela, olhando-a com preocupação. Rosaly estava se sentindo tão vulnerável que aquele carinho singelo lhe trouxe lagrimas aos olhos. Shawn percebeu a sua emoção e  lhe perguntou ainda mais preocupado:
- O que foi, Rosely? Por que você está assim? - Ela começou a soluçar e pensou que não conseguiria mais parar. Shawn a abraçou, tentando lhe dar conforto, e Rosaly se agarrou a ele como se ele fosse sua tábua de salvação. Quando o momento passou, ela se afastou dele, enxugando suas lágrimas e disse:
- Me desculpe, eu não queria me descontrolar desse jeito. Normalmente eu não sou assim.
- Não precisa se desculpar por ser humana. Isso não me incomoda em absoluto.- ele olhava para ela de um jeito que a deixava nervosa, e ele estava próximo demais para sua paz de espírito. Rosaly tentou se afastar dele se desvencilhando das mãos que insistiam em tocar -lhe os cabelos, os braços e seu rosto, mas ele se aproximou ainda mais, e Rosaly resolveu que deveria afastá-lo de vez.
- Peter, eu gostaria de te dizer algo. - Ela respirou fundo, tomando coragem para dizer o que precisava. - Eu sei que temos nos divertido juntos, e foi muito bom te conhecer. Você é um rapaz ótimo, mas eu queria me desculpar por ter deixado isso chegar tão longe. Eu não estou procurando por um relacionamento. No momento, estou focada em outras coisas e não quero me envolver com ninguém . - esperava que sua voz soasse convincente , mas por dentro se sentia murchar.
- O que está dizendo, Rosely? Que o que tivemos não significou nada para você? Eu não acredito em uma palavra do que está dizendo. - Agora ele a olhava como se quisesse ver mais além do que a superfície lhe mostrava
- Eu já te disse que me diverti muito. Você é uma ótima companhia, mas não passou disso. - tentou manter a voz firme, falando de um jeito casual, como se tudo o que se passara entre eles tivesse sido apenas uma diversão fugaz.
Peter a olhou incrédulo. Ele examinou seu rosto atentamente, buscando a verdade que ela escondia.
- Quer que eu te prove que está errada? - a expressão no rosto dele era de desafio, fazendo com que Rosaly sentisse um arrepio por dentro.
- Não acho que isso seja necessário. Podemos ser amigos, se quiser .- Rosaly viu os olhos castanhos dele se escurecerem, evidenciando uma fúria prestes a explodir.
- Como você pode me pedir para ser seu amigo, depois de todos os beijos que trocamos, e da maneira como nos tocamos? Será que não entendeu ainda, Rosely? Eu quero você, de preferência nua na minha cama - Rosaly sentiu o ar lhe faltar com a imagem que sua mente traiçoeira trouxe para ela. Ela sentiu a sensualidade das palavras de Peter atingi-la , e sem querer entreabriu os lábios, o que pareceu para Shawn como um convite, e sem se importar com o que ela dissera em não querer se envolver com alguém, ele a beijou com uma ferocidade que surpreendeu a ambos mas Rosaly não o afastou, pois foi pega de surpresa pelas sensações que aquele beijo provocava em seu corpo, estava perdida no momento em que ele abriu seu roupão e tocou sua pele nua coberta apenas por uma lingerie de renda preta. Rosaly viu o olhar maravilhado que ele lançou para o seu corpo, e depois deslizou suas mãos por todas as partes, seus dedos hábeis arrancando suspiros dos lábios dela, enquanto sua boca traçava um caminho de fogo até o umbigo, deixando -a completamente entregue aos seus carinhos. Quando ele tirou seu sutiã e tocou seus  seios com o polegar, fazendo movimentos para cima e para baixo, ela compreendeu o que era desejar alguém com desespero.
- Vai negar o que sente por mim agora? - Ele disse por entre os seus cabelos, fazendo -a desejar esquecer tudo e se entregar ao calor que se espalhava por seu corpo, tirando-lhe toda vontade de resistir.- Diga que não me quer do mesmo jeito, que eu te quero, e eu irei embora e te deixarei em paz.- a voz de Peter era somente um sussurro, mas a maneira como ele falava com ela, fazia sua imaginação voar, deixando-a mais e mais excitada. Mas, de repente, sua consciência veio em seu socorro, libertando-a do feitiço que Peter tinha lançado sobre ela. Segurou as mãos dele que ainda insistiam em tocá-la, e disse com um fio de voz.
- Não, eu não posso!
- Por que não? - Shawn perguntou , sem compreender a reação dela.
- Por favor, Peter. Não torne as coisas mais difíceis do que já são. - Como fazê-lo entender, que por mais que ela quisesse ficar nos braço dele, aquilo não poderia nunca acontecer? Como explicar que cada momento que passavam juntos ficava mais difícil para ela mandá-lo embora, e com isso aumentava as chances de ele se ferir seriamente? Esse pensamento fez Rosaly entender que não suportaria se alguma coisa ruim acontecesse com ele, e ela percebeu que Peter já tinha se tornado importante demais para ela. Olhou para o rosto bonito tão perto do seu, e teve vontade de contar- lhe tudo. Quis falar sobre o seu namoro com Caio, o amor que sentira  por ele, toda sua fascinação pelo mundo que ele lhe apresentara, colocando- o em um pedestal, e acreditando que seriam felizes juntos. Quis contar sobre a decepção que sentira ao descobrir quem ele realmente era, sua fuga para o Canadá em busca de uma nova vida e a solidão na qual mergulhara pelo medo constante de ser encontrada e sofrer todo o tipo de represália por parte do ex-noivo. Quis falar sobre sua vida vazia, e as horas intermináveis em que passava trancada em seu apartamento, imaginando o que seria do seu futuro, se sempre viveria se escondendo ou para onde iria caso Caio descobrisse o seu paradeiro. Tudo isso ela gostaria de contar a Peter, mas ao invés disso ficou calada, deixando que ele pensasse que ela somente estivera com ele para fugir do tédio, querendo apenas ter uma noite diferente das que estava acostumada. Também não disse a Peter como se sentia quando estavam juntos, como ele a fazia se sentir especial e tão viva, sentimentos estes que ela deixara esquecidos em um passado distante onde ainda sonhava com romances e príncipes encantados.
Afastou-se dele, fechando o roupão, ainda sentido o efeito dos beijos dele sobre a sua pele, e disse com a voz mais fria que conseguiu:
- Acho melhor você ir embora. Não temos mais nada para conversar.
- Rosely, por favor, vamos conversar mais um pouco eu...- ela o interrompeu, antes que mudasse de ideia e o deixasse ficar.
- Você entrou na minha vida sem ser convidado e agora estou pedindo que saia dela. - seu tom de voz saiu seco e cruel, e ela percebeu o rosto de Peter ficar vermelho, como se tivesse levado uma bofetada.
Ele se levantou em um santo, saiu em silêncio batendo a porta,. Rosaly correu para ela e a trancou, mas aí a dor chegou como uma tempestade destroçando-lhe o coração em pedaços. Ela então se encostou nela, escorregando até o chão, onde um dilúvio de lagrimas a envolveu.

Treat you better-  Shawn MendesWhere stories live. Discover now