SHAWN
Shawn abriu os olhos com dificuldade. Estava com tanto sono, que era lhe difícil condenar os pensamentos. Se sentia estranho, e se perguntava de onde vinha todo aquele cansaço? Era verdade que vinha trabalhando demais, mas suas noites de sono eram tranquilas, ainda mais porque Rosaly estava com ele, e se ela se encarregava que ele tivesse suas oito horas de sono todos os dias e que acordasse relaxado no dia seguinte.
Fazer amor com ela o deixava em paz, com o se a satisfação dos seus sentidos fosse o que lhe dava energia extra para seguir com seus projetos sem se sentir sobrecarregado demais. Não era incrível como a felicidade podia operar milagres na vida de uma pessoa? Esse era o efeito que Rosaly tinha sobre ele. Ela o acalmava com seu toque aveludado, o fazia levitar entre desejo e paixão, fazendo-o se entregar completamente às carícias milagrosas de suas mãos. Ele nunca mais acordara de mau humor depois que Rosaly viera morar com ele no Canadá. Tê-la em sua cama todas as manhãs era um prazer do qual não abriria mão nunca, e tê-la em sua vida era um presente pelo qual ele agradecia diariamente. Ela era sua mulher e tão somente dele, e isso ele podia comprovar na maneira como seus corpos se encaixavam perfeitamente, e na maneira como cada ato de amor era sempre intenso e carregado de significados.
Ele não pensava no lado físico da coisa toda, embora fosse maravilhosa a sensação de chegar ao ápice do seu desejo junto com Rosaly. Mas, estar com ela dessa maneira era como se tocasse a alma dela com a sua, e seus corações se encontrassem e se fundissem, se tornando um só, batendo um na cadência do outro, no mesmo ritmo com a mesma força, por isso, fazer amor com Rosaly tinha um significado especial que nunca tivera com mulher nenhuma.
Shawn balançou a cabeça e tentou mais uma vez colocar seus pensamentos em ordem. Continuava se sentindo estranho, todos os seus membros pareciam cheios de chumbo, pesados demais para que pudesse movê-los. Shawn sentiu um movimento ao seu lado, e depois mãos espalmadas em seu peito e cabelos longos espalhados por toda parte. Com dificuldade moveu a mão até a cintura da mulher deitada ao seu lado, e ia puxá-la para mais perto, porém, algo em seu cérebro o alertou que não devia. Rosaly parecia diferente, seu corpo e cabelos pareciam diferentes, ele tentou firmar seu olhar no rosto dela, mas a névoa que envolvia seu pensamento não permitiu.
Foi então que ouviu um grito abafado, mais como se fosse um gemido. Então, sua mente clareou de repente, e ele se sentou na cama olhando para porta onde Rosaly estava, e olhava para ele com os olhos cheios de dor e mágoa. Shawn não compreendia como ela se levantara tão rápido se minutos antes estava deitada ao seu lado. Nesse momento, ele lançou um olhar para o lado e ficou em choque ao constatar que a mulher seminua deitada na sua cama era Lauren.
Rosaly saiu correndo, sem esperar nenhuma reação dele, e Shawn tentou se levantar e ir atrás dela, mas seu pé enroscou na coberta e ele caiu no chão com um baque surdo. Sua mente confusa não conseguia fazê-lo entender o que estava acontecendo. Como viera parar no seu quarto na casa de sua mãe, com Lauren dormindo ao seu lado? Ele não se lembrava de nada daquilo, e quando prestou mais atenção a si mesmo, notou que estava quase sem roupa também. Deus! Rosaly os vira assim. O que não deveria estar pensando. Precisava ir atrás dela e explicar-lhe que aquilo era um engano, mas será que ela acreditaria quando ele dissesse que não sabia como ele e Lauren vieram parar naquele quarto?
Shawn se levantou do chão, e Lauren estava ao seu lado. Ele olhou para ela querendo uma explicação antes que ficasse louco. Precisava urgentemente de algo concreto para dizer a Rosaly, antes de confrontá-la, e já sabia de antemão que nos seria fácil. Rosaly sabia ser dura na queda quando se tratava sentimentos, e Shawn já se preparava para suar a camisa até convencê-la de que nada acontecera ali em sã consciência ou por sua própria vontade.
- Você pode me dizer que diabos aconteceu aqui?
- Shawn, não se lembra? Viemos para o quarto juntos e você me disse que estava com saudades. A princípio eu tentei te lembrar do seu compromisso com Rosaly, mas você não quis me ouvir. Foi logo me agarrando, e não resisti. Ah, amor, foi mil vezes melhor que as outras vezes, não me arrependo nem um pouco de ter deixado você me seduzir de novo. - Shawn a ouvia e não acreditava. Não era possível que aquilo tivesse realmente acontecido. Lauren estava inventando tudo só podia ser. Nem que ele estivesse bêbado, ele se lembraria de algo assim, e no momento sua mente estava vazia, e ele tinha certeza de que havia alguma coisa muito errada acontecendo ali.
- Lauren, eu não sou idiota. Eu me lembraria disso com certeza. A pergunta é como chegamos a esse quarto e nesses trajes? – Ele apontou para o próprio corpo seminu e o de Lauren. Ela abaixou a cabeça e ficou por alguns minutos em silêncio, talvez tentando ganhar tempo. Tal gesto fez Shawn ficar impaciente, pois o tempo estava passando e ele tinha que encontrar Rosaly e falar com ela, mas, Lauren parecia disposta a dificultar as coisas para ele.
- Vamos, Lauren, me diga logo o que aconteceu. Não adianta mentir para mim. Eu vou descobrir de qualquer jeito. - Shawn disse com a voz irritada. Queria resolver logo aquilo. Embora estivesse ali, não conseguia parar de pensar em Rosaly. Ela saíra dali tão arrasada. Para onde teria ido? Esperava que estivesse segura em casa. Odiava pensar nela sozinha pelas ruas àquela hora da noite. Precisava sair dali o quanto antes.
- Está bem, Shawn, eu conto – Lauren disse por fim. - Subi atrás de você assim que veio para o quarto. Quando você pegou no sono, tirei as suas roupas, me despi e me deitei do seu lado. Isso foi tudo
- Eu sabia que você tinha aprontado algo. O engraçado é que como não percebi você tirando minha roupa e se deitando do meu lado? – De repente, Shawn parou de falar. Ele se lembrou que Lauren lhe servira o café e depois de algum tempo, sentira aquele sono terrível, e o entendimento chegou até ele fazendo com que olhasse para a garota sem acreditar no que ela tinha feito.
- Não acredito que você fez isso. – a voz dele endureceu e Lauren olhou para ele assustada.
- Fiz o que?
- Você me dopou - aquilo não era uma pergunta e sim uma afirmação, e ao ver que Lauren ficara vermelha ele soube que era verdade.
- Como pôde, Lauren? Ficou maluca?
- Não havia outra maneira de ficarmos juntos. - Ela tentava desculpar o que não tinha desculpa.
- Ficarmos juntos? De onde tirou isso? Nosso relacionamento acabou há anos, Lauren. Pensei que tivesse entendido isso. - quanto mais ela falava, mais indignado ele ficava.
- Mas não acabou para mim. Eu continuo te amando do mesmo jeito, Shawn,- ela tentou abraçá-lo, mas Shawn a afastou.
- Lauren, entenda de uma vez. Eu não te amo, eu amo a Rosely. Ela é a mulher da minha vida. Nós éramos amigos, pelo menos, foi o que pensei, mas você pisou na bola feio comigo, criou uma situação entre Rosely e eu que não sei como irei consertar. Por isso, quero que vá embora. - Shawn estava tão decepcionado com a garota que ele pensara ser sua amiga, que queria que ela ficasse longe dele, de preferência a milhares de quilômetros onde não teria que olhar mais para a cara dela.
- Shawn...- ela tentou se aproximar, mas ele não permitiu.
- Vá embora, por favor. - então o silêncio se instalou entre eles, e depois de alguns minutos, Shawn ouviu a porta bater, e respirou aliviado por perceber que Lauren tinha ido embora. Ele passou a mão pelos cabelos, bagunçando seus cachos nervosamente, e pensou com tristeza que perdera mais uma amiga.
Seu relacionamento com Lauren tinha sido na adolescência, mas não durara muito tempo, pois logo ele começou a se lançar no mundo da música e acabaram se afastando, mas tinham conservado a amizade, e sempre que Shawn estava em casa Lauren aparecia, e eles conversam bastante, mas ele sequer imaginara que ela ainda criava ilusões a seu respeito. Era uma pena que tudo tivesse acabado daquela maneira, mas, entre ela e Rosaly, não havia o que escolher, Rosaly sempre seria a sua primeira opção.
- Shawn, o que aconteceu? - ele se virou e viu o olhar preocupado de sua mãe que estava tão confusa quanto ele.
- Aconteceu uma confusão tão grande, mãe, que nem sei como vou resolver tudo isso. – ele disse desanimado.
- Eu vi a Rosely sair correndo feito louca e desaparecer porta afora antes que pudesse impedi-la, e depois, a Lauren quase fez a mesma coisa, e agora te encontro sozinho aqui e com esse rosto tão triste. Quer por favor, me explicar o que está acontecendo dentro da minha própria casa.
- Sente-se que vou te contar, mamãe. – e então, Shawn contou tudo o que tinha se passado, e quando terminou seu relato. Karen o olhou assombrada e disse:
- Meu Deus, Shawn! Como Lauren pôde fazer algo assim dentro desta casa que sempre a recebeu tão bem? E o pior de tudo é que sempre estimei a amizade dela com Aaliyah, mas depois desta canalhice que ela fez, não acho que ela seja boa influência para sua irmã. - a voz da mãe soou severa, e Shawn sabia exatamente o que ela estava pensando, por isso, resolveu abrir os olhos para o fato de que Aaliyah ainda era uma adolescente complicada, e por isso, talvez não entendesse o que mãe estava tentando fazer:
- Mãe, se quer afastar Lauren de Aaliyah, sugiro que conte a ela o que aconteceu, caso contrário, ela pensará que a senhora está tentando controlar suas amizades, e ela vai se rebelar. Você conhece minha irmã. Ela vai tornar isso uma guerra pessoal, e vai acabar transformando essa casa em um inferno.
- Eu sei, Shawn. Já estava aqui pensando em falar sobre isso com ela. Eu não quero mais que Lauren frequente nossa casa, eu não posso perdoá-la pelo que ela fez para você e Rosely. E agora, meu filho, o que vai fazer? - Karen perguntou tocando o ombro de Shawn com carinho.
- Vou para casa falar com Rosely. Não vai ser fácil fazê-la me ouvir, mas tenho que tentar. Deseje-me sorte, mãe. – Shawn disse com o olhar triste.
- Você ama essa garota, meu filho. E ela sabe disso, você somente tem que fazê-la se lembrar do que significam um para o outro. – Karen aconselhou. Shawn balançou a cabeça assentindo, mas, dentro de si sabia que não seria tão fácil assim.
Ele dirigiu o mais rápido que pôde, e pela primeira vez desde que aprendeu a dirigir, ele desrespeitou todas as leis de trânsito. Estava ansioso para chegar em casa e esclarecer tudo. Porém, ao entrar no apartamento, percebeu que tudo estava escuro e que Rosaly não tinha voltado. Seu coração se acelerou ao pensar nela sem os seguranças que ele descobriu que ela tinha dispensado naquela noite. Era perigoso demais, ela sabia disso e fora imprudente. Será que ela tinha se esquecido que Caio ainda estava livre, e sendo imprevisível como era, ele poderia reaparecer a qualquer instante para se vingar?
Shawn ligou para o celular de Rosaly, mas estava desligado, e as horas foram passando sem nenhuma notícia dela. Ele estava a ponto de chamar a polícia, quando recebeu uma mensagem de Lexy dizendo que Rosaly estava no apartamento dela, e que ela passaria a noite lá.
Shawn pegou as chaves do carro e foi para a casa de Lexy. Ele não ficaria sozinho no apartamento aquela noite. Iria buscar sua mulher e a traria para casa. Não era justo que dormissem separados por causa do capricho de outra pessoa. Rosaly teria que ouvi-lo, ele se recusava a aceitar que qualquer coisa os separasse, e com esse pensamento Shawn pisou fundo no acelerador.
ROSALY
Grávida? O médico dissera que ela estava grávida? Como era possível? Ela olhou para seu abdómen liso e não conseguia acreditar que ali dentro havia um criança fruto de seu amor e Shawn. Uma onda de emoção tomou conta dela, e junto veio a dor de se lembrar o que tinha vivenciado aquela noite.
Lauren e Shawn deitados naquela cama juntos a magoou mais do que passara pela mesma coisa com Caio. Como ele pudera fazer aquilo com ela debaixo de teto da própria mãe? Rosaly pensara que jamais se sentiria tão devastada de novo por uma traição, mas como se enganara. Será que tinha sido a primeira vez? De repente, ela se lembrou da festa de Natal quando os dois estavam cantando e rindo juntos em uma cumplicidade tão evidente, provocando-lhe uma crise de ciúmes que ela e Shawn quase discutiram. Ele dissera que eram amigos e Rosaly se deixara convencer, mas agora, depois do que vira, se sentia uma completa idiota.
Mesmo depois de tudo, ela sabia que continuava amando-o, assim como já começava a amar aquele bebê que fizeram juntos. Seu coração se suavizou ao pensar em Shawn com o filho deles nos braços, e se deu conta de que logo seriam a família que ela sempre quisera ter. Mas, poderia perdoá-lo pelo que fizera e lhe daria uma segunda chance? Será que ela seria capaz de passar por cima daquele problema em nome daquela criança que estava por nascer?
Porém, Rosaly se conhecia muito bem. Seria difícil perdoar e esquecer, ela podia muito bem criar aquela criança sozinha, não precisava de homem nenhum para isso. O problema era que o homem em questão não era uma pessoa qualquer, e sim o rapaz que ela mais amava na vida, e pensar que Shawn talvez não visse o filho deles crescer deixava o coração de Rosaly em frangalhos.
Que forma mais estranha de descobrir que estava grávida, se fosse em outro momento adoraria correr para casa e contar a novidade para Shawn. Ela adoraria ver o sorriso dele brilhando cheio de alegria, e a emoção naqueles olhos castanhos ao descobrir que seria pai e que logo teria uma outra vida para cuidar e amar. Shawn sempre lhe dissera que adoraria ter um filho, e de certa forma, em meio aquele caos, ela estava feliz por poder dar a ele o que tanto desejava, o único problema agora era saber se ela contaria à ele ou se deixaria que ele ficasse sem saber por um tempo, mas aquilo ia parecer vingança, e Rosaly não era mesquinha aquele ponto de privar Shawn de saber de uma coisa a qual tinha direito, e ela jamais deixaria que seu filho crescesse sem pai, pois ela sabia muito bem dos efeitos negativos que aquilo deveria causar. Quando o pai dela morrera ela ficara arrasada, mas tinha as lembranças do pai maravilhoso que ele fora, e isso a consolara de alguma forma, mas crescer sem sequer imaginar como era ter a figura masculina de quem o gerara em sua vida parecia cruel demais.
Rosaly contaria a Shawn com certeza, só não sabia quando. Teria que esperar que aquela dor que ele lhe causara passasse, e talvez depois conseguiria falar sobre o assunto com ele, mesmo que não fossem mais um casal. Tal pensamento a fez gemer de dor, e percebeu que não conseguiria aceitar bem o fato de se separar dele de novo, e por esta razão, ela odiou Shawn por fazê-la passar por aquilo. Por que ele estragar tudo que estava perfeito? Por que não controlara seus instintos? Ela sabia que Shawn a amava, não podia duvidar depois de tudo que ele fizera por ela. O que a deixava louca era pensar que talvez ele tivesse se cansado da vida de casal que tinham, e resolvera diversificar, mas, ao mesmo tempo aquilo era tão contrário ao Shawn que conhecia, que não fazia sentido a cena que vira no quarto dele naquela noite.
Não sabia mais o que pensar, sua cabeça doía, e naquele exato momento, continuava olhando para o médico que falava sem parar dos exames que teria que fazer, qual médico deveria consultar, e todos os cuidados que deveria ter dali para frente.
- De quanto tempo acha que estou grávida? - ela perguntou.
- Mais ou menos de quatro semanas. – o médico respondeu.
Quatro semanas, ela fez as contas, e então pensou na noite de Natal quando ficara furiosa com ele por causa de Lauren, e depois acabaram fazendo amor de maneira intensa e apaixonada. Ela vinha tomando anticoncepcionais desde que ela e Shawn voltaram a namorar, e sempre fora cuidadosa com isso, mas naquela noite vivera tantas emoções que talvez levada pelo momento tivesse se esquecido. Mas o que importava quando acontecera? Estava grávida e não havia nada que pudesse fazer a respeito, ela já queria aquele filho com todas as forças de seu coração, e o amaria e protegeria contra tudo e contra todos.
O médico a liberou para ir para casa, mas, Rosaly percebeu que não estava com a menor vontade de ir para o apartamento de Shawn, pois sabia que ele estaria lá, e não queria confrontá-lo aquela noite, estava vulnerável demais e só de pensar na carga emocional pelo qual passaria se caso discutissem, já a deixava exausta. Pensou em Lexy e se animou. A amiga havia comprado um apartamento somente para si, e não vivia mais com a família, por isso, Rosaly resolveu ligar par ela e ver se podia passar a noite lá.
Lexy atendeu ao primeiro toque, e se espantou por Rosaly estar ligando para ela àquela hora. Em poucas palavras, a amiga lhe explicou que tinha brigado com Shawn e que precisava de um lugar para passar a noite. Lexy prontamente lhe ofereceu o seu apartamento, e já a estava esperando quando ela chegou de táxi e ainda muito pálida.
- Querida, me desculpe a franqueza, mas você está péssima. - Lexy disse assim que pousou seus olhos em Rosaly.
- Eu sei. Realmente eu estou me sentindo péssima. – Rosaly respondeu desanimada.
- Vamos entrar, e eu te preparo um chá enquanto me conta tudo o que aconteceu entre você e Shawn. - Elas foram para a cozinha, e enquanto Lexy colocava água para ferver, Rosaly lhe contou como fora a cena desagradável que presenciara na casa dos Mendes.
- Rosely, essa história me parece tão estranha. Se o Shawn queria sair com essa garota por que ia ficar com ela na casa da própria mãe, onde poderia ser facilmente pego? - Lexy perguntou intrigada, o que fez Rosaly pensar na coerência da suposição da amiga.
- Você acha que talvez Lauren tenha forjado tudo? - Rosaly perguntou.
- Não posso afirmar com certeza, mas, pelo que me contou parece o mais provável.
- Será que ela seria tão sórdida a ponto de fazer algo tão baixo assim? - Rosaly perguntou incapaz de acreditar em tal absurdo.
- Você ficaria surpresa com o que uma mulher invejosa e ciumenta é capaz de fazer para conseguir um homem. – Lexy afirmou categoricamente. Rosaly pensou um pouco nas palavras da amiga, e resolveu revelar a ela sobre sua gravidez, precisava dividir com alguém aquele momento o qual desejaria compartilhar com Shawn, mas, na falta dele, e decidiu que seria Lexy a primeira a saber.
- Tem uma coisa que preciso te contar. – Rosaly disse se sentindo um pouco tímida.
- O que é? - Lexy perguntou curiosa.
- Eu estou grávida. – Rosaly disse de uma vez antes que perdesse a coragem.
- O que? Minha amiga, que felicidade! O Shawn já sabe? - Rosaly sacudiu a cabeça negando.
- Mas, você precisa contar a ele. Shawn vai ficar maluco quando souber. - Lexy disse toda animada.
- Eu sei, por isso, eu não quis ir para casa essa noite. Precisava assimilar tudo isso que aconteceu e encontrar uma maneira de contar a ele.
- Eu entendo, mas não demore. É muito importante que ele saiba pelo seu bem e do bebê. - Lexy aconselhou. - Isso me lembra uma coisa, você já comeu hoje?- Rosaly negou e Lexy continuou. – Pois bem, você vai tomar esse chá que estou preparando e comer um sanduíche. Não pode mais ficar sem comer, precisa se alimentar muito bem daqui para frente.
Após a refeição leve que Rosaly comeu com prazer, pois tinha passado muitas horas sem se alimentar por conta do enjoo que sentiu o dia todo, Lexy a levou para o quarto de hóspede. Antes da amiga sair do quarto, Rosaly disse:
- Muito obrigada por tudo, Lexy.
- Nem preciso agradecer. Para que servem os amigos? - Lexy disse sorrindo e foi para seu próprio quarto. Logo, ela mandou uma mensagem para Shawn dizendo onde Rosaly estava, pois àquela altura ele devia estar louco de preocupação. Ela decidiu que ficaria mais um tempo acordada, pois a intuição lhe dizia que Shawn apareceria ali naquela noite mesmo. Sorriu feliz ao pensar na bela surpresa que ele teria quando Rosaly lhe contasse que estava grávida.
Se enroscou no cobertor no sofá, e encontrou um filme interessante na televisão que a ajudaria a passar o tempo. Quando o relógio marcava cinco para às onze a campainha tocou, e Lexy sorriu novamente pensando que a sua intuição provara que ela estava certa mais uma vez.
-
SHAWN E ROSALY
Shawn dirigia pelas ruas de Vancouver o mais rápido que a velocidade permitia. Precisava ver Rosaly ainda naquela noite, e acabar com aquele mal entendido. Não conseguiria dormir e nem esperar até o dia seguinte, a crise de ansiedade parecia querer pegá-lo em cheio, e ele tentava a todo custo controlar o pânico que era um dos sintomas principais de suas crises.
Ele respirou fundo, sentindo o suor frio brotar em sua testa, e tentou focar toda a sua atenção nas ruas pelas quais passava. Estava aliviado por Rosaly estar bem, ele passara por maus bocados nas últimas horas, preocupado com o que poderia ter acontecido com ela, mas tudo não passara de um susto, e graças a Lexy, Rosaly estava segura.
A causa de sua ansiedade era pela conversa que teria com Rosaly sobre o que acontecera naquela noite. E se ela não acreditasse nele? E se ela quisesse se afastar dele? Se isso acontecesse, ele nunca mais falaria com Lauren. Ela brincara com algo sério, algo que era importante e precioso para ele, e se a mentira dela resultasse em um rompimento entre Shawn é Rosaly, ela nunca seria perdoada.
Shawn chegou no apartamento de Lexy faltando cinco minutos para as onze da noite. Ele tinha consciência do adiantado da hora, mas, mesmo assim. apertou a campainha. Não pretendia incomodar a dona da casa mais do que o necessário. Falaria com Rosaly, e então voltaria para casa.
Lexy atendeu quase que imediatamente, e parecia desperta e bem disposta.
- Desculpe-me, Lexy pela hora, mas, eu não conseguiria esperar até amanhã. – Shawn disse meio sem jeito.
- Não tem importância. Eu o esperava. - Lexy disse sorrindo. - Por favor, entre.
- Como ela está? – Ele quis saber.
- Apesar das circunstâncias, ela parece bem. - Lexy respondeu com pena da aflição de Shawn.
- Ela te contou? - ele perguntou colocando as mãos no bolso da frente de sua calça jeans.
- Sim. - Lexy respondeu.
- Foi tudo um mal entendido, Lexy. Lauren armou tudo.
- Eu já desconfiava, mas, não é a mim que você tem que convencer. – Lexy disse, e Shawn concordou com a cabeça.
- Onde ela está?
- Dormindo no quarto de hóspedes. Vou te levar até lá.
- Você acha que é uma boa ideia? Não sei se devia acordá-la.
-Não seja novo, Shawn. Ela vai adorar ser acordada por você. Vai lá e resolva essa besteira entre vocês. – Lexy incentivou-o a continuar.
Shawn entrou no quarto, e se aproximou da cama, parando por instante para admirar Rosaly dormindo. Ela estava de bruços, os cabelos espalhados em uma confusão de mechas e cachos pelo travesseiro imaculadamente branco. A cabeça estava virada para o lado, por isso, ele mal conseguia ver o rosto delicado dela. Rosaly devia ter se mexido durante o sono, pois a manta que a cobria tinha sido afastada, deixando à mostra boa parte das coxas bem feitas dela que vestia apenas uma camisola curta de seda. Shawn se inclinou sobre ela, afastou uma mecha de cabelo, descobrindo lhe o pescoço, depositou beijos molhados por toda a extensão dele. Rosaly suspirou, mas não abriu os olhos, Assim, Shawn desceu as alças da camisola, deslizou os lábios ao longo das costas dela, percebeu o coração dela acelerar e viu Rosaly abrir os olhos assustada.
Quando ela percebeu a presença de Shawn no quarto, Rosaly se sentou na cama muito ereta e perguntou:
- O que está fazendo aqui, Shawn?
- Eu vim até aqui para conversarmos. - ele se sentou na cama ao lado dela.
- Não temos nada para conversar. - Rosaly disse sem olhar para ele.
- Claro que temos. Preciso esclarecer a cena que você viu no meu quarto na casa de minha mãe.
- Acho que é óbvio o que eu vi lá. – Rosaly disse teimosamente se recusando a olhá-lo.
- Rosely, o que você acha que viu não é verdade. - Shawn disse aproximando-se mais dela.
- O que está tentando me dizer, Shawn?
- Lauren forjou toda a cena. - Shawn disse, observando Rosaly sorrir de leve como se achasse a ideia ridícula demais.
- Você quer me fazer acreditar que estavam deitados na mesma cama seminus, e não aconteceu nada? - Rosaly ainda não olhava nos olhos dele. Ela estava nervosa demais com Shawn ali no quarto, pois teria que contar a ele sobre o bebê, e não sabia como fazê-lo, além do fato de estar magoada com tudo o que acontecera. A imagem dele deitado ao lado de Lauren em uma intimidade que até outro dia somente partilhava com ela, enchia seus olhos de lágrimas.
- Rosely, você precisa acreditar em mim. - Shawn parecia aflito e Rosaly identificou um dos sintomas de suas crises de ansiedade e seu coração começou a amolecer, mas mesmo assim, se manteve firme, não queria que ele percebesse com que facilidade ele era capaz de fazê-la perdoá-lo em qualquer situação deixando-a emotiva. Será que já eram os efeitos da gravidez?
- Rosely, me escute por favor. - ele se aproximou dela, e Rosaly começou a se sentir inquieta. Ela o amava tanto que até o cheiro da loção de barbear dele a atraía.
- Está bem. Me conte o que aconteceu. - ela disse por fim, querendo encontrar algo que a distraísse e acabasse com feitiço que ele tinha sobre ela, que a impedia de sair do quarto e deixar Shawn falando sozinho.
Assim, ele lhe contou sobre o jantar, o café, o cansaço repentino, e depois, o momento no qual acordou, a viu na porta e Lauren em sua cama. Ele também contou a conversa que tinha tido com Lauren, e que ela tinha lhe confessado que o tinha dopado, e por isso Shawn dormira pesado e não percebera a presença dela a seu lado.
- Mas que cretina. - Rosaly disse, e Shawn soube naquele momento que ela tinha acreditado nele. Ele tentou abraça-la, mas Rosaly não permitiu, deixando-o confuso com sua atitude. Shawn lhe lançou um olhar interrogativo e ela disse:
- Eu acredito na sua história, mas isso não quer dizer que te perdoei.
- Como assim, Rosely? - ele perguntou confuso com o que ela dissera.
- Eu entendi que não teve culpa nesse incidente infeliz, mas teve culpa por deixar essa garota ter liberdades com você a ponto de achar que tinha algum direito de tê-lo para ela.
- Rosely...- Shawn ia falar, mas Rosaly o interrompeu, e continuou explicando a ele seu ponto de vista:
- Vai levar um bom tempo até que eu te perdoe pelo que me fez passar essa noite. Por tanto, não espere muito de mim por um bom tempo.
- Está dizendo que vai fazer greve de sexo? - ele perguntou olhando divertido para ela.
- Isso mesmo. – Shawn sorriu intimamente ao ouvir a resposta dela. Bom, pelo menos ela o aceitara de volta. Quanto a greve de sexo, ele sabia que não ia durar e que conseguiria seduzi-la sem muito esforço, pois assim como ele não resistia ao toque dela, Rosaly não ficaria longe por muito tempo de seus carinhos.
- Está bem. Se esse é o preço que tenho que pagar para você voltar para mim, então, aceito. -Anne observou-o atentamente, e viu que ele estava sendo sincero, por isso quando ele disse:
- Será que podemos voltar para casa agora? - ela concordara prontamente.
Dessa forma, ela se vestiu, e foi com ele para sala onde Lexy estava sentada assistindo a um filme em companhia de um enorme balde de pipoca
- Vejo que se acertaram. - ela disse ao vê-los de mãos dadas.
- Sim. Lexy queria te agradecer por ter me permitido ficar aqui esta noite, mas resolvi que irei para casa. - Rosaly disse.
- Não tem problema querida. Você é sempre bem-vinda. - As duas se abraçaram, e Lexy sussurrou no ouvido de Rosaly “contou para ele?”, e Rosaly balançou a cabeça de leve negando. Lexy olhou para ela de maneira um pouco severa, e Rosaly entendeu que ela estava lhe dizendo para contar logo. Assim, de despediram da amiga e foram para o apartamento de Shawn.
Alguns minutos depois, eles escovaram os dentes e foram para cama, e Rosaly logo adormeceu com Shawn deitado ao seu lado.
Shawn ficou um bom tempo ainda acordado, recordando tudo o que acontecera naquela dia, depois, se virou de frente para Rosaly e pensou em abraçá-la, mas se lembrou do acordo que fizeram e desistiu, por fim, ele acabou adormecendo.
No meio da noite, algo o acordou, e ele viu Rosaly correndo para o banheiro. Ele foi atrás dela preocupado, ouvindo-a vomitar sem parar, e se perguntou se ela poderia estar doente.
- Rosely, o que foi? Está se sentindo mal. Quer que te leve ao hospital?
-Não, eu sei o que eu tenho, não preciso nenhum médico agora.
- E o que é? - Shawn perguntou ansioso por saber qual seria o problema dela. Será que a tensão do dia a deixara assim?
Rosaly se levantou do chão do banheiro onde estivera ajoelhada, e foi até ele. Logo, ela pegou mão direita de Shawn, levou-a até seu ventre e disse:
- Estou grávida.
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Treat you better- Shawn Mendes
FanficRosaly é uma garota brasileira que se muda para o Canadá, fugindo de um passado obscuro em busca de paz para o seu coração Vivendo em Vancouver, ela é obrigada a trabalhar exaustivamente para dar conta de seu orçamento em uma cidade cuja a vida não...