1 - O Roubo do Candelabro Vara Sete (1a. Parte)

213 71 10
                                    

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DE CULTURA

FUNDAÇÃO PEDRO CALMON - CENTRO DE MEMÓRIA E ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA

PROJETO: AS NORNAS E O CANDELABRO VARA SETE

CATEGORIA: LIVRO E LEITURA CLASSIFICAÇÃO Nº 43

Os festejos a santa luzia(La festoj al sankta luzia)

Donaco (Presente)

O Vento gelado soprado do hemisfério norte dava o tom de como seria aquele final de tarde na pacata cidadezinha de Talvik; uma tempestade de neve caia mais forte na região. Os tropeiros, pouco a pouco, foram descendo da carruagem estacionada na porta da igreja. Eles degustavam um Lussikatt, um pão feito de açafrão, a comida típica do lugar. O clima nesta época do ano era propício à preguiça, e os moradores cumpriam suas tarefas com muita lentidão.

Os tropeiros em numero de oito rapazes checavam e examinavam cuidadosamente os dois cavalos atrelados a carruagem. Um deles foi apanhar um pouco de feno para alimentar os animais, enquanto um outro subiu na carruagem para dar os últimos ajustes no andor, ele retirava cuidadosamente a a neve que teimosamente insistia em cair no local onde ficariam a imagem de Santa Luzia ao lado do candelabro sagrado.

Normalmente o lugarejo mantinha certo ar de monotonia nos finais de tarde, entretanto, naquele dia de nevasca forte, percebia-se uma alegria contagiante entre os seus moradores, pois aconteceriam os festejos de Santa Luzia, a festa mais importante de Talvik.

Avistavam-se de longe as pessoas se aproximando da carruagem. Como de costume, em todos os anos, elas apreciavam ver a saída do objeto sagrado de dentro da igreja para então, iniciarem-se os festejos.

Talvik, neste dia, ficava em festa, mas desta vez, algo inesperado surpreendeu a todos: Um forte clarão, acompanhado de um grito estrondoso irrompeu de dentro da igreja daquele pacato lugarejo.

- Socorro! Pega ladrão... Pega ladrão!

- Pega ladrão? - Repetiu Erling, um dos tropeiros já alardeado com o tumulto!

Os gritos de "pega ladrão" ecoavam de dentro da Igreja, reverberando como se fossem sons amplificados. Aquela comunidade jamais imaginaria o que estava ocorrendo dentro da igreja, muito menos quem era o tal "ladrão" e tão pouco quem gritava de forma histérica aqueles gritos.

Perplexos com os gritos, os tropeiros ficaram imóveis olhando uns para os outros sem saber como reagir, pois a comunidade era segura e todos se conheciam naquela região.

Outro clarão, quase cegando a todos, foi visto novamente. O clarão veio acompanhado por outro forte estrondo, uma espécie incomum de trovoadas, assim como era incomum a existência de um ladrão.

- Por Santa Luzia, se me faltava esta confusão neste frio! - Resmungou Erling pulando de cima do Andor neste final de tarde de 13 de dezembro de 1864.

ﭣΏﭪ

Situada ao norte da Noruega, Talvik, todos os anos, como de costume, se preparava para homenagear Santa Luzia. Era a única festa do catolicismo que havia conseguido permanecer na região desde os tempos em que os reis Suecos impuseram a sua população ao domínio da igreja protestante. Esta festa antecedia a comemoração ao nascimento do menino Jesus.

A imagem de Santa Luzia não era guardada na igreja, o bispo não permitia. Ela ficava na casa de uma das meninas escolhidas pelas mães de Talvik, para representá-la durante os festejos.

Em função da proibição, a imagem de Luzia ficava sempre sob a custódia de uma determinada família durante um ano, até a escolha da outra representante, no ano subsequente.

As Nornas  - O Candelabro Vara SeteOnde histórias criam vida. Descubra agora