8 - A aflição de Lenna

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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DE CULTURA

FUNDAÇÃO PEDRO CALMON - CENTRO DE MEMÓRIA E ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA

PROJETO: AS NORNAS E O CANDELABRO VARA SETE

CATEGORIA: LIVRO E LEITURA CLASSIFICAÇÃO Nº 43

Na casa dos Ramussen, alheios a toda confusão da vila, estavam as filhas de Agot e Lenna as trigêmeas: Erica, Cathrine e Britta. As meninas moravam um quarteirão abaixo da igreja. Elas estavam ansiosas aguardando a chegada da carruagem para levar Britta que iria representar neste ano Sanra Luzia. Elas escutavam mais uma cantiga da sua mãe Lenna, que cantarolava preparando os últimos doces. Esta repentina alegria foi quebrada com achegada de Agot, o pai das meninas viera buscar os cachorros. Para Lenna, essa atitude de seu esposo era um péssimo sinal, algo de ruim estava acontecendo no lugarejo. Lenna percebeu uma movimentação incomum na rua, ou seja, todos os indícios a preocupavam. A mãe das meninas tentava manter–se calma para não frustrar as filhas, principalmente Britta que estava linda.

Lenna nunca desgrudava os olhos das filhas deste o sumiço de Erle. Lenna também associava Erle com o desaparecimento repentico da sua amiga Agnetha, exatamente no dia do nascimento das suas filhas. Lenna sempre atribuíu este desaparecimento a Erle. O nascimento das meninas foi o estopim que bispo Hakon precisava para autorizur a população a incendiarem a casa da jovem Erle, considerada Pesta, a bruxa.

Estas supostas coincidências inquietavam Lenna, pois intuitivamente sabia que Erle retornaria a Talvik para cumprir sua vingança. Sendo mãe das trigêmeas, sabia que a vingança incluía sequestrar uma de suas filhas, principalmente Britta, a escolhida deste ano para representar Santa Luzia.

Todavia, para outros moradores mais céticos, pela proximidade da casa de Agnetha com Vassbotndalen, a mulher que misteriosamente tinha desaparecido teria sido devorada por um Urso. Porém, nunca acharam o seu corpo e nem vestígios de sangue em parte alguma do Vale. Por todos esses anos, ninguém nunca encontrou nada da jovem Agnetha. Esses mistérios sempre apavorou a família Ramussen, que se cercava de muitos cuidados com as suas filhas.

Britta estava radiante! Uma alegria sem igual. Estava pronta para os festejos. Toda de branco, ansiosa em representar Santa Luzia. Este era o sonho de muitas meninas da sua idade e também um momento de orgulho para a família escolhida, menos para seus pais, Lenna e Agot.

Neste dia, todas meninas da região usavam um lindo vestido branco com uma faixa vermelha. Elas adornavam a cabeça com uma linda coroa de flores. As flores em sua cabeça simbolizavam o despertar, e, por tradição, as meninas ofereciam a sua família, uma bandeja com café e bolos, logo que amanhecia.

Britta estava efusiva, tinha feito todo o ritual com a ajuda das irmãs. Apesar do descontentamento dos pais, elas fizeram o ritual com a empolgação pueril. Foi uma grande farra na cama durante esse café da manhã.

A menina escolhida a todo instante, corria até a janela ver o seu reflexo e verificar a chegada da carruagem. A cada ida à janela, Britta percebia uma linda mulher refletida no vidro. Olhava para a mulher e sorria, sendo correspondida. Ela ajeitava a coroa de flores sobre sua cabeça e a mulher jogava–lhe um longo beijo. Britta estava encantada com aquela mulher no reflexo da janela.

com a empolgação pueril. Foi uma grande farra na cama durante esse café da manhã.

– Mamãe, eu estou bonita como a Erle? – Quis saber Britta.

– Não, você está mais linda, minha filha! Agora, vá até a mesa e ajeite as velas que estão para cair no chão. Já lhe disse que não quero o nome desta mulher pronunciada aqui na nossa casa.

As Nornas  - O Candelabro Vara SeteOnde histórias criam vida. Descubra agora