Capítulo 16

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Sebastian

Eu não queria fugir mais do que eu sentia, mas ao mesmo tempo, eu sabia que Kiera fugiria. Eu estava apaixonado mesmo, de um jeito que fazia tempo que não acontecia.

-O que você disse?- ela me encarou com os olhos marejados e largou as sadálias no chão

-Eu estou apaixonado por você, Kiera. E estou com um puta medo disso- levei as mãos na cabeça

E realmente estava. Ela era tudo o que eu não queria e mais precisava, era a mulher que bagunçava e tumultuava tudo dentro de mim. A pequena mais teimosa, arrogante e irritante, mas ao mesmo tempo inteligente, linda e sexy. Eu não queria que nenhum outro homem soubesse disso, que nenhum outro a tocasse ou a tivesse para ele, não suportava essa ideia, a queria para mim, não queria perdê-la.

-Eu... Sebastian...- ela sentou na escada com a voz trêmula, as lágrimas escorrendo e apoiou a cabeça nas duas mãos

-Desculpe, não deveria ter dito isso pra você- peguei as chaves do carro, fui para a garagem e entrei no carro

-Não faz assim! Sebastian!- Kiera gritou da porta da garagem, mas já estava "cantando" os pneus no meio da rua

Precisava de ajuda. Da última vez em que me vi perdido desse jeito, foi o Craig quem me ajudou, e era a ele mesmo que eu ia recorrer. Cortei alguns semáforos vermelhos e quase bati em alguns carros e motos, mas estava transtornado, não queria ouvir um "não" vindo da Kiera. Poderia ser rejeitado por outras, apesar de nunca ter sido rejeitado e sim de ter rejeitado, inclusive, já tinha sido rejeitado por Kiera, mas não os meus sentimentos, ela não tinha rejeitado-os ainda... Ainda?

Desci no pub onde o Craig trabalhava como barman, e sentei no bar pedindo uma cerveja. Depois de um tempo ele finalmente me avistou e se aproximou de mim.

-Ora, se não é Sebastian Miller!- Craig limpava um copo com um pano- A que devemos a honra de sua visita?

-Estou fudido, Craig- tomei um gole da cerveja

-Porque, Miller? O que aconteceu de tão sério?

-Estou apaixonado por alguém.

-Pensei que nunca mais ouviria isso! Na verdade, você me jurou isso há 5 anos atrás, lembra? Aqui mesmo, nesse pub- Craig dava gargalhadas

-Lembro- bufei e pedi uma vodka

-Porque você caiu nessa de novo? Pode ter quem quiser, quando quiser, Miller- Craig me cutucou- Mas sabe como sei que não está mentindo? Desde que chegou, só umas 5 mulheres deram bola pra você e você sequer as notou.

-Em outro momento levaria as 5 para a cama de uma só vez. Mas não notei e nem quero notar- bebi a dose de vodka e pedi mais outra- Pra mim só existe ela.

-Nossa, Miller, seu caso é mais sério  do que eu pensava. O que ela fez com você? Ela tem uma xoxota de ouro por acaso?- Craig sorriu e eu dei um soco no seu queixo- Caralho! Calma aí­, campeão, não tá mais aqui quem falou!

-Ela é irritante, respondona, teimosa, persistente... Mas me excita, me anima, é inteligente, linda...- virei mais uma dose de vodka

-Ela te desafia... Ninguém faz isso!- ele gargalhava- E como é o nome da moça corajosa?

-Kiera.

-Nome bonito. Diferente. Ela é mais nova que você?

-27.

-Ah, Miller... E o seu transtorno todo é por causa dela, não é?- Craig ficou sério

-Lógico. Nãoo esqueço aquela puta. Infelizmente- virei outra dose

-Você tem que botar na cabeçaa que a Kiera não é a Camille, as coisas não são obrigadas a se repetirem. "Dois raios não caem duas vezes no mesmo lugar"

-Isso é difícil pra mim. Eu até tentei. Wendy ligou pra mim e eu rejeitei. Em que mundo eu rejeitaria a Wendy?!

-No mundo em que você se encontra agora, Miller: apaixonado.- Craig tocou meu ombro- Assuma pra si mesmo isso, não tenha medo, ela não vai fazer a mesma coisa que a Camille, afinal, não são a mesma pessoa.

Craig tinha razão. Que se foda a Camille onde quer que ela estivesse! O que importava agora, era o tamanho e a intensidade desse sentimento louco que surgiu de repente dentro de mim, que começou como uma atração e foi aumentando até se tornar isso.

-Amor. É isso que você sente, Miller. Infelizmente há sequelas do passado que te limitam de adimitir isso, mas fico muito feliz que esse passado não te limitou de sentir isso- Craig sorriu- Eu sei o quanto sofreu, estive com você durante esses anos e naquela época também, sei quantas mulheres levou pra cama e quantas noites se embebedou aqui também. Mas a cinco anos, no mesmo dia em que disse que nunca mais ia se apaixonar, o que eu disse a você?

-Porra, Craig, vai se foder...- eu não lembrava nem porque estava mandando ele se foder

-"Nunca diga 'nunca', você vai achar a pessoa certa." Quem sabe a Kiera não é essa pessoa?

Kiera. Ela era certa em tudo. Certa pra mim.

Levantei do banco cambaleando e me apoiei no balcão. Estava lotado de pessoas, foi então que notei as tais mulheres, todas vulgares, bêbadas e oferecidas olhando para mim. Que tipos de mulheres eu costumava comer, pelo amor de Deus?!

-Vamos, cara, você não está nada bem. Eu te deixo em casa- Craig me apoiou em seu ombro

Fomos andando até meu carro e Craig me jogou no banco de passageiros, passando o cinto por mim, depois não lembro direito como, mas estávamos em casa, e nenhum sinal da Kiera, seu quarto estava fechado, ela deveria estar dormindo. Craig me enfiou no chuveiro e me deu uma dor de cabeça momentânea.

-Que água gelada da porra!- eu gritava

-Vai logo, seu bebum, me ajuda, eu quero ir pra casa- ele sorria

-Craig seu filho da puta! Eu vou te matar!

-De nada, Miller.

Num piscar de olhos, o silêncio se instalou. Foi como se os momentos entre o banho até eu deitar na cama fossem apagados da minha memória. Fiquei rolando naquele breu, até que um fecho de luz apareceu e entre ela, a Kiera foi aparecendo, abrindo a porta.

-Sebastian?- ela perguntou- Meu Deus eu pensava que tivesse acontecido algo com você!

Seus olhos estavam vermelhos, assim como o seu rosto inteiro, por ser muito branca, era notável quando ela chorava. Sua voz era trêmula e desconcertada. Kiera estava com seu famoso blusão, só que preto dessa vez.

-Estava com um amigo, ele me ajudou a voltar pra casa- respondi- Bebi demais.

-Nunca mais faça isso, por favor!

Seus cabelos escorriam pelos seus ombros e seus olhos me procuravam desesperadamente. Não queria ter feito minha pequena chorar, não queria ter a preocupado...

-Prometo que não faço mais isso- limpei seu rosto

-Sebastian... Eu...- ela passou a mão entre meu pescoço e minha orelha e sorriu timidamente- Eu estou apaixonada por você.

Meu coração parou de bater por alguns segundos. Tive a certeza de que não o senti. Meu sorriso foi involuntário e no mesmo instante eu puxei seu rosto e a beijei. Mas foi diferente, foi desesperado, como se seu beijo fosse meu oxigênio, fosse o necessário para que eu vivesse. Puxei-a mais para sentí-la e notei que ela não estava com sutiã, ponto pra mim. Kiera sorria juntamente comigo, e por fim nos olhamos e eu busquei o fundo dos seus olhos.

-Te amo, minha pequena.

Meu DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora