Meu Desejo

Capítulo 18

Sentei na cama enrolando o lençol no meu corpo. Sebastian fitava as gotas da chuva que escorriam pela janela e eu esperava nervosa pelo que ele tinha para falar.

-Confio o bastante em você para que saiba da Camille- ele suspirou

Meu coração parou de bater. Camille é nome de mulher, com certeza não seria coisa boa, e o tom da sua voz só me confirmava isso. Eu me apoiei na cabeceira da cama e o fitei mais ainda, ele olhou para mim e disse:

-Eu tinha 22 quando a conheci. Ela era jovem, me conquistou por ser meiga e delicada, mas tinha um jeito ríspido que me incomodava às vezes- se ajeitou na cama- Fazia ciúmes a mim, gostava de sentar no colo de amigos na minha frente, brigávamos muito por isso, até o dia em que a vi beijando um amigo meu da faculdade- nesse instante me aproximei dele interessada em saber o resto- E terminei todo o namoro. Não fiquei tão arrasado, apenas triste, mas ela me procurou por semanas, chorando, implorando perdão e jurou que jamais faria isso de novo. Eu acreditei em sua palavra, afinal, era jovem e ingênuo. Com 24 anos, nos casamos. Sim, foi rápido, achava que estava apaixonado, mas não, eu apenas tinha medo de ficar sozinho. Camille foi se mostrando cada vez mais mesquinha e distante no nosso 1° ano de casados, as brigas eram mais frequentes e eu fazia de tudo pra não encontrá-la em casa.- Sebastian esfregou o rosto, suspirou e olhou o teto, tomando forças para continuar- Um dia ela disse que iria viajar a trabalho e voltaria em 2 dias, eu acreditei. Recebi a notícia de seu acidente de carro que resultou em óbito no dia seguinte. Fiquei arrasado, sem chão, não existia motivos para viver. Porque Deus tirou a vida de alguém tão jovem como a Camille?- eu acariciei seu braço com os olhos cheios de lágrimas, enquanto ele não chorou nem um pouco- Depois de seu funeral, descobri que tinha mais alguém em seu carro naquele dia, e pedi pra um conhecido investigar, pois me pareceu muito estranho, mesmo abalado, Camille tinha ido trabalhar, não tinha me dito que iria acompanhada. Era um homem. Frederico. Ele não havia morrido. Fomos à casa dele e descobrimos que seu caso com ela durava mais de 6 anos, mas como ele estava financeiramente instável, Camille não aceitou seu pedido de casamento. E naquele dia de "trabalho" os dois fugiriam juntos. Eu fui corneado por uma defunta, acredita?

Eu estava com ódio de uma morta. Pode isso? Eu tinha ódio de alguém que já tinha morrido e sequer estava aqui para se defender. Mas que filha da puta! Ela mereceu seu fim, afinal, não foi nada para o Sebastian além de uma puta sem coração. Eu o abracei, senti seu coração palpitante, eu tinha ódio por essa mulher ter feito meu menino ficar perdido desse jeito, ter virado alguém que comia qualquer mulher e depois dava o fora, tudo isso era culpa dela!

Beijei seus lábios numa tentativa de fazê-lo esquecer esses acontecimentos traumáticos de sua vida, passei os braços ao redor do seu pescoço o abraçando ainda mais forte, o lençol caiu do meu corpo cobrindo apenas minha cintura, mas já não me importava com isso, queria acalentar aquele homem, fazer com que ele se sentisse seguro ao meu lado, com que ele soubesse que comigo seria diferente.

-Saiba que estou aqui, não vou deixar que nada de mau aconteça com você de novo, viu?- sorri

-Esquisita- ele sorriu e me empurrou fazendo com que eu caísse na cama

Sebastian ficou por cima de mim com suas pernas ao redor do meu quadril e suas mãos segurando meus pulsos firmemente, nossos olhares estavam fixos e era como se nada existisse, nem a chuva, nem o frio, nem a umidade aumentando lá embaixo, só aquela imensidão azul-esverdeada.

-Estou com fome. Vamos comer- ele tocou meu nariz e levantou da cama rapidamente

Notei sua ereção e sua tentativa nada discreta de escondê-la. Ele vestiu uma cueca e eu o meu blusão de sempre. Fui ao banheiro enquanto ele já ia descendo.