Capítulo 36

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Foi tudo muito repentino, faziam exatamente 8 dias que eu estava no Brasil (5 dias que eu tinha recebido a ligação do Craig e consequentemente do meu "quase" sequestro), e já estava de malas prontas voltando pra minha gloriosa Inglaterra, que agora não era mais tão gloriosa assim.

-Não acredito, minha filha, você nem chegou a nos visitar- minha mãe se queixava no caminho do check-in

-Falta de tempo, mãe. Desculpa- sorri sem jeito

-Não consegui me acostumar com você indo embora, sabia?- Sophia me abraçou forte chorando

-Eu também não me acostumei em te deixar aqui- eu chorei e sorri ao mesmo tempo

-Visita a gente com mais frequência, bitch!- Harry deu um tapinha no meu ombro e me puxou pra um abraço descoordenado

Meu pai logo voltou com minha passagem e já tinha despachado as minhas malas, ficamos aguardando na frente do portão, queria adiar esse momento, porque por mais que eu amasse a Inglaterra, não era certo o meu futuro lá: Sebastian não me dava notícias a dias, não sabia como estava sua relação com a Drina e talvez muita coisa tivesse mudado nesses 8 dias.

Enfim entrei no avião e estava seguindo de volta pro lugar que eu não devia ter saído. Comecei a ficar nervosa, o hotel que eu ficaria era perto da empresa, mas continuei receosa, não era a casa do Sebastian, não me sentiria bem lá. Comi uns aperetivos oferecidos pela aeromoça e logo depois caí num sono profundo.

-Moça? Moça!- a aeromoça me chacoalhou- desembarcamos a 15 minutos no aeroporto de Londres.

-Por quanto tempo eu dormi?- perguntei desnorteada

-A viagem inteira. Acho que está com jat-lag.

Peguei minha bagagem de mão e segui para a esteira para pegar o resto das minhas coisas, não eram muitas, mas o suficiente pra que um homem que estava ao meu lado me ajudasse a pôr no carrinho, o agradeci e saí empurrando até a saída, onde procurei por algum rosto conhecido, até encontrar o Craig.

-Olá, moça!- Craig sorriu e me abraçou

-Oi, Craig- sorri

-Fez boa viagem?

-Sim, e você, está bem?

-Ótimo. Para onde vamos agora?- ele perguntou pegando a mala de mim

-Para qualquer hotel perto da empresa- respondi

-E a casa da Patrícia?

-Só quero ficar sozinha hoje, não quero ninguém me importunando, muito menos a Patrícia e a Carly...

-Kiera, sobre o Sebastian...

-Não me fale dele. Eu já desisti. Se nesses dias em que passei fora ele não se deu o trabalho de saber sequer se eu estava viva, eu entendi muito bem o recado: não existe mais nada entre nós.

-Não é nada disso que você está pensando, de qualquer forma, não vou te contrariar. Mas acho que vocês dois deveriam se encontrar e que você deve ir pra casa da Patrícia, não fique sozinha, por favor- Craig pediu

Depois de muito insistir, eu concordei com o Craig em ficar na casa da Patrícia, mas não por muito tempo, só até eu me estabilizar e poder pagar um lugar só pra mim, não aguentava mais ficar de favor na casa dos outros.

-E como estão as coisas por lá? Sua mãe, seu pai, a Sophia?- perguntou Patrícia quando eu terminei meu banho

-Estão todos ótimo, Pat, só eu que estou com jat-lag, pode me chamar na hora do jantar pra que eu não durma demais, ok?- sorri enquanto enxugava os cabelos e pendurava a toalha no varal

-Chamo sim.

Entrei no quarto, fechei as cortinas e deixei tudo em um breu agradável, só queria ouvir o barulho da chuva, já estávamos em dezembro, ou seja, não faltava muito pra nevar, e eu nunca tinha visto a neve, estava ansiosa pra esse momento. Fechei os olhos e pus meus fones de ouvido. Mas que porra! Tudo naquele bendito lugar me lembrava o Sebastian, não tinha jeito... Acabei dormindo, não iria melhorar mesmo.

Acordei com uns barulhos do lado de fora, por incrível que pareça, eu estava disposta, ainda faltava meia hora pro jantar. Saí do quarto procurando a Pat e encontrei o Sebastian. Eu quase morri. Meu cabelo estava horrível, eu estava com minha pior calça cinza de moletom e uma blusa branca de alças rendadas. Nossos olhares enfim se encontraram e ele ficou tão estático quanto eu, parecia que estava preparando o jantar.

-O que está fazendo aqui?!- perguntei finalmente dando uma de durona

-Calma, pequena, hoje eu vim só pra conversar- ele disse se aproximando de mim com cautela, como se eu fosse um animal prestes a atacar

-Agora quer conversar?! E naqueles dias que eu estava no Brasil, hein?! Você sequer me procurou! Sabia que eu quase fui sequestrada?

-Kiera, por favor, acalme-se...

-Ai meu Deus, ela acordou!- disse Carly entrando em casa com uma caixa de cerveja nas mãos seguida da Patrícia e do Craig

-E vocês? O que vocês sabem?!- gritei

-Calma, Kiera, nós vamos explicar, sente-se, por favor- Patrícia pediu

Eu sentei no sofá e Sebastian sentou na minha frente.

-Quando a Drina me beijou, eu a empurrei várias vezes, mas ela continuou em cima de mim, até você chegar e ver- ele disse- Quando você foi embora, eu não acreditei, e fiquei puto! Não falei com você pra focar totalmente nessa merda desse plano, e te provar de uma vez por todas que eu não te traí. O Craig e as meninas me ajudaram, e aqui tá uma conversa gravada com a Drina que tivemos ontem, pode ouvir.

Sebastian tirou o gravador do bolso e eu pude ouvir. Fiquei perplexa, não acreditava naquilo que ouvia:

"[...]Darling, eu não consigo ficar longe de você. Eu voltei só pra poder reacender a chama e é assim que me agradece? Desejando outra?

Não me toque. Eu tenho nojo de você, Drina. O erro da minha vida foi um dia ter ido pra cama contigo. Um erro que eu faço questão de jamais relembrar. Por isso, trate de manter distância de mim e da Kiera, porque eu a amo[...]"

Eu nem sabia o que dizer, meu coração estava em disparada, pulei em cima de Sebastian e comecei a chorar, de saudade, de vontade dele, de arrependimento, de tudo! Eu só queria suas mãos em mim, eu sentia falta dele em mim, eu sentia falta de ser sua.

-Eu também te amo, moreno- sussurrei no seu ouvido em meio a lágrimas

-Volta pra casa comigo, por favor- ele me apertava contra si e cheirava meus cabelos

-Volto, volto sim...

O pessoal começou a bater palmas e eu fiquei sorrindo igual uma boba, mesmo com aquelas lágrimas, meu sorriso era fixo em meu rosto, porque eu tinha o meu moreno de volta, e ele era só meu.

Meu DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora