Capítulo 29 - Will You Die Today?

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Meu corpo estava aquecido, eu sentia como se braços fortes estivessem me dando um longo abraço, mas eu parecia apenas estar muito coberta. Meus olhos se abriram lentamente, tentando se habituar a escuridão em vão, eu não conseguia ver nada. Um cheiro em particular me chamou atenção, e esse era conhecido, forte e amadeirado. Era o antigo aroma de Lisa. Eu tateei o lugar onde me localizava, e eu reconheceria o seu colchão mesmo que estivesse vendada. Aquele era o seu quarto.

Minha cabeça latejava e eu estava totalmente úmida dentro de um pijama que, com toda certeza, não era meu. Ótimo, Lisa havia me trazido para cá e trocado a minha roupa? Essa não era exatamente a recepção que eu esperava. Talvez eu tivesse mais um motivo para me desculpar.

Toquei os pés no chão levemente, tomando cuidado para as meias não escorregarem no assoalho e eu levar um tombo. Não demorei a encontrar a porta, pois, por incrível que pareça, aquele lugar ainda era bastante vivo na minha memória.

Segui o corredor em direção as escadas cambaleando, ainda tonta. Ao chegar àquela infinidade de degraus, me apoiei no corrimão, com os olhos embaçados e a cabeça explodindo eu não teria capacidade para dar sequer um passo sem sair rolando.

A sala de estar era invadida por uma luz azul, que vinha da TV. Lisa estava deitada preguiçosamente no sofá e eu estranhei o fato de ela estar assistindo à algo que não fosse Romeu e Julieta.

"Eu acho que estou pegando fogo." Minha voz rouca soou pelo cômodo, fazendo a inválida subir o olhar até as escadas. Ela apenas revirou os olhos e voltou sua atenção ao desenho animado. "E eu acho que vou morrer."

Deixei meu corpo escorregar vagarosamente até que minha bunda tocasse o degrau. Eu estava fraca como um pássaro recém nascido, ou como uma garota desiludida após tomar a maior chuva do século. Os meus músculos estavam reagindo milhões de vezes pior do que o primeiro impacto que eu tive ao cair na montanha, da primeira vez que estive nesse lugar.

Eu estava tão distraída na minha tristeza e dor corporal que não notei a presença de uma certa garota por quem eu estava apaixonada. Ela se ajoelhou no degrau abaixo do que eu me sentei e segurou meu rosto entre as mãos.

"Droga, você está queimando em febre."

"Sim. E isso tudo é porque eu te amo." Engoli em seco, encarando os seus olhos impenetráveis. Essa era a palavra. Se antes eu mergulhava em um buraco negro e escuro, dessa vez eu não conseguia ultrapassar nada. Eu corri e dei uma ponta no lago que os olhos de Lisa costumavam ser, mas agora ele estava coberto por concreto, o lago havia secado. O resultado: eu estava dolorida.

Lisa passou o meu braço por cima do seu ombro, ajudando-me a ficar de pé, "Você está delirando."

"Delirando de amor por você!" Eu disse, tentando colar um beijo em qualquer parte do seu rosto, mas a garota conseguiu se esquivar, usando o seus cabelos como empecilho. "Para onde você está me levando?"

"Ao médico." Lisa respondeu, apanhando um guarda-chuva e apertando forte minhas costelas para que nós duas coubéssemos dentro dele.

Eu fiz uma careta ao sentir minhas meias serem inundadas pelo chão úmido da rua, "Linda! Você ainda me ama, você está cuidando de mim porque você me ama muito."

Lisa me empurrou para dentro do carro, "Não. Eu só não quero que você morra por minha culpa."

"Mas você gosta de mim." Eu rebati, cruzando os braços, assim que a inválida sentou no banco de motorista.

"Cale a boca antes que eu mude de ideia e te deixe morrer."

Lisa ligou a ignição e tomou o caminho até o hospital. Ela ficava extremamente bonita e sexy dirigindo, concentrada e no controle. Eu devia estar há um bom tempo a admirando com uma cara de idiota apaixonada e suspirando pelos sintomas que cada movimento seu me causava.

Destinadas (CHAELISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora