Capítulo 4 - Tiger Cage

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Nós tomamos um táxi, mas ele nos largou em uma estrada vazia, alegando que não sabia o caminho a partir daquele trecho. À essa altura da vida esse devia ser o único ser humano na face da terra que não tinha um GPS. Lisa seguiu o restante do caminho inteiro pelo menos um metro a minha frente. Ela carregava a mochila nas costas e uma mala em cada mão. Ela até que foi gentil, eu, sinceramente, pensei que teria de carregar tudo sozinha.

A garota parou em frente a beira da estrada, a região era coberta de árvores, parecia dar acesso a uma floresta, eu parei de frente para os arbustos, enquanto ela seguiu.

"Me siga!" A inválida gritou, ao perceber que eu estava como uma estátua.

Dessa vez eu não discuti e a obedeci, tomando cuidado para não tropeçar nas raízes de árvores que tomavam conta do lugar. Foi quando avistei uma extensa descida de terra e pedras, droga, Lisa morava em uma montanha? Aquilo se parecia com um atalho para Big Sur.

"Ei, eu não consigo descer isso." Gritei. "Estou de salto."

"Então os tire." Ela retrucou em um tom natural. Como se não houvesse o perigo de eu perder um pé andando descalça por aquele lugar.

Eu resmunguei qualquer xingamento e a inválida veio até mim, tomando a mala que eu tinha na mão, "Espere aí, eu darei um jeito." Ela disse antes de seguir o caminho sozinha com dificuldade.

Trinta minutos se passaram, mas ela pareceu ter esquecido de dar esse jeito. Ou os inválidos tinham a mania de resolver as coisas assim: jogando as pessoas fora quando não lhes serviam. Tirei o celular do bolso, ainda eram duas horas da tarde. Antes do anoitecer ela teria que dar a minha falta.

Felizmente, eu não precisei esperar todo esse tempo, pois Lisa estava fazendo o caminho de volta até mim.

"Precisava demorar tanto?" Descolei minha bunda da rocha onde estava sentada.

"Não demoraria se suas malas não pesassem duzentos quilos cada."

Lisa tinha o cabelo preso em um coque dessa vez, ela trocou a blusa vermelha por um crop top que deixava uma visão mais livre do seu corpo.

A inválida jogou um par de all star em minha direção, eu os calcei com pressa, não aguentava mais ficar no sol e ser picada por mosquitos. Lisa continuou seguindo a minha frente como antes, eu estava bastante distraída observando a paisagem, a montanha era bastante aconchegante. Eu podia avistar, um pouco longe, uma casa.

Até que uma maldita raiz de árvore surgiu na minha frente e eu senti meu corpo tombar e sair rolando, eu só fui contida quando bati contra um tronco. Meus braços ardiam, eu pude sentir que haviam arranhões espalhados por eles, além disso, meu corpo parecia ter sido pisoteado por uma manada de elefantes.

A inválida veio em minha direção, ela estava me achando a maior idiota de todo o mundo. Eu pude ver isso na sua expressão facial, ela estava praguejando alguma coisa.

Lisa ficou de joelhos ao meu lado, "Será que você não sabe sequer andar?" Ela passou seus braços nus pelo meu tronco, eu apoiei meu braço nos seus ombros. "Consegue ficar de pé?"

Assenti com a cabeça, "Acho que sim."

"Hum, você vai demorar." A garota ficou pensativa. "Tenho uma ideia melhor."

Eu só senti os seus braços me suspendendo no ar e então aquela imensidão castanha me atingiu de novo. Eu desviei meu olhar do seu, antes que acabasse virando uma inválida também. Era bom que ela tivesse força para me carregar nas suas costas até a sua casa, se não eu teria uma companhia para rolar montanha abaixo comigo.

Destinadas (CHAELISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora