Capítulo 40 - No Air

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Lisa era a pior doente do mundo. Eu tinha pena de qualquer médico ou enfermeira que viesse a cuidar dela. Eu até entendia o porquê de a inválida não gostar que ninguém a visse nesse estado, ela era totalmente insuportável.

Às vezes eu esquecia que a amava e tinha vontade de descer um grande tapa naquela bunda. Ela merecia um castigo, certamente.

Eu não iria dormir no sofá de novo, então me dirigi até o quarto, tudo parecia silencioso demais e eu agradeci por Lisa, provavelmente, estar dormindo. Eu não estava afim de aturar as suas ironias e ser expulsa do melhor quarto da casa.

Mas isso não aconteceu, Lisa parecia incapaz de fazer qualquer coisa contra mim. Ela estava novamente com aquele rosto pálido e com os olhos de uma pessoa morta, eu apenas tinha a certeza de que ela estava viva porque a garota fazia um som chiado ao respirar.

"Oh, merda." Resgatei o bilhete de recomendações da doutora no bolso das minhas calças jeans. "Aqui. Máscara de oxigênio, CPAP ou nebulímetro. Onde está isso?" Saí a revirar o quarto atrás dos aparelhos. "Hey, Lisa." Balancei o seu corpo com delicadeza. "O que é um CPAP?"

Lisa não respondia, apenas respirava com dificuldade. Doutora Wendy disse que a garota teria apenas enjoo e febre, não uma parada respiratória ou algo do tipo.

Engatinhei sobre o colchão, ajoelhando-me ao lado da minha inválida e segurando o seu rosto entre as mãos, "Desculpe, eu vou precisar fazer isso." Colei minha boca na sua e soprei um pouco de ar para os seus pulmões, mas Lisa continuava na mesma, eu repeti isso duas vezes até que a menina reagiu. "Oh, meu Deus, você está bem?"

Lisa puxava o ar para dentro dos pulmões com força, quase desesperada.

"Caramba, você me assustou." Abracei-a contra o meu peito. "Não faça isso de novo! Não morra!"

A inválida jogou o braço por cima de mim, o que se assemelhou a um abraço torto e enfiou o rosto na curva no meu pescoço, "Por que você não me deixa morrer logo? Eu sou horrível."

Eu ri fraco, beijando o topo da sua cabeça, "Será que você não entende o quanto eu gosto de você?"

"Você não precisa se sentir na obrigação de me amar. Você já se desculpou. Alice está bem. Não há necessidade de fingir que eu ainda sirvo para algo."

Eu pude sentir a mágoa na sua voz. Era como se, pela primeira vez, eu conseguisse ver claramente o efeito daquela noite de natal. Como se eu tivesse nas minhas mãos o seu coração estraçalhado. Eu destruí a pouca esperança que Lisa teve de ser amada.

"Mas, Lisa, eu realmente te amo."

"E eu não." Soprou em um sussurro, tentando convencer mais a si mesma do que a mim. "Eu não."

Eu apertei Lisa dentro dos meus braços e ela permaneceu ali, em silêncio, imóvel. Eu não sabia o que falar, eu não tinha o que dizer, eu só queria lhe passar a certeza de que eu estava ali porque queria, como na vez em que abandonei meu voo para compartilhar o thanksgiving com a minha inválida amável. Era minha decisão! Eu não escolhi amá-la, mas agora que esse sentimento era inevitável, eu escolhi ficar.

Eu escolhi lutar pela garota que eu amava.

***

O sol invadindo a sacada deveria estar me acordando, mas eu não preguei o olho durante a noite inteira. Eu temi que o ar faltasse nos pulmões de Lisa novamente e eu não visse, mas, felizmente, a garota pareceu gostar do meu corpo e não parecia que iria acordar tão cedo.

Ela era como um peso morto, mas eu não iria ousar acordá-la. Além disso, eu gostava da nossa proximidade, era como se eu jamais fosse sentir frio pelo resto da vida. Ela era tão quente.

Destinadas (CHAELISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora