Lisa alegou que havia esquecido do aniversário de Hyuna propositalmente (ele havia sido há uma semana atrás) e que gostaria de fazer-lhe uma surpresa. Mesmo que eu e Hyuna não fôssemos as melhores amigas — na verdade, fôssemos o contrário disso — eu não me neguei a ajudar a minha inválida. A amizade delas era até bonita, às vezes. A verdade é que não se pode julgar o que não se viveu, e Hyuna podia ter um grande problema comigo, mas ela, em algum momento, conquistou a confiança de Lisa — e isso não era algo fácil, eu sabia.
Segundo Lisa, quando elas tinham quatorze anos enterraram uma pulseira da amizade na montanha. Nós teríamos de achá-la. Nós não sairíamos daquela montanha sem a maldita pulseira.
O sol quente do meio-dia queimava o meu cérebro durante a nossa subida. Eu tomava muito cuidado para não tropeçar, pois ainda tinha pesadelos com aquela queda há meses atrás.
Lisa seguia a minha frente, ela tinha um mapa. Eu esperava que a chuva ao longo desses quatro anos não tivesse mudado a geografia do local, ou nós viveríamos nessa montanha pelo resto da vida. Era quase impossível achar uma pulseira no meio desse lugar.
"Ok." Lisa travou, parando para pensar. "Três passos ao lado, foi por aqui."
"E como você sabe que isso ainda está aqui?" Olhei em volta. "Quero dizer, eu pareço ter andado em círculos porque isso é tudo igual."
Lisa caiu de joelhos no chão, "Não. Aqui é diferente." A garota deslizou os dedos no tronco de uma das árvores. "Nós gravamos os nossos nomes no nosso local secreto."
Ergui uma sobrancelha, duvidando do que havia ouvido, e me ajoelhei ao lado, confirmando. Lá estava: "Hyun & Lis" esculpido na madeira da árvore. Eu já havia visto isso em algum lugar, talvez em algum filme de romance.
Hyuna e Lisa tinham uma relação bastante intensa e duvidosa. A amiga da sexta série parecia, em algum momento da vida Lisa, ter sido mais do que apenas uma amiga. Isso me incomodava de certa forma, eu sei que as pessoas tem um passado — e o meu com Sehun não era menos desagradável do que o das duas —, mas isso não impedia que uma fagulha de ciúmes se acendesse dentro de mim.
Eu era mesmo a primeira pessoa que Lisa amou? Eu não tinha dúvidas de que ela havia sido o meu primeiro amor. E último.
A inválida apanhou uma pequena pá de metal e começou a escavar a terra. Eu não conseguia tirar os olhos dos nomes talhados na árvore. Por que nós nunca escrevemos o nosso nome em lugar algum? Oh, é, Chaeyoung, porque você estragou tudo antes que houvesse tempo.
Não demorou para que Lisa retirasse uma caixa do buraco que havia aberto. Ela sorriu.
"Já encontrou?" Eu perguntei, com pressa.
A garota assentiu, "Sim!"
"Podemos voltar?" Eu dei as costas, seguindo na sua frente com passos rápidos e largos de volta para a casa.
Lisa deu uma corridinha para me alcançar, "Ei, por que você está correndo? Se cair dessa vez eu não vou te ajudar."
Dei de ombros, "Não estou pedindo a sua ajuda."
A inválida uniu as sobrancelhas em confusão, diante a minha secura. Não é que eu estivesse agindo de propósito, eu apenas não aguentava mais a cena nostálgica de amor de "Hyun & Lis". Talvez eu estivesse com ciúmes.
Lisa levou alguns bons minutos para se arrumar e pegar o carro a caminho da casa de Hyuna, levando a tal pulseira da amizade e um enorme embrulho de presente. Eu, obviamente, não me convidei para ir.
Eu aceitei o fato de que eu morria de ciúmes de Hyuna e achei melhor não me meter na relação das duas — mesmo que eu tivesse aquela pontinha de dúvida sobre as reais intenções da inválida azeda com a minha Lisa. Talvez fosse coisa da minha cabeça. A verdade é que Lisa estava bastante agradável hoje, me remetendo a lembrança de uma antiga e amável inválida.
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Destinadas (CHAELISA)
FanfictionDESTINADAS (ADAPTAÇÃO CHAELISA) Em uma época onde o mundo está tentando se recuperar das consequências deixadas pelas guerras, tenta-se encontrar formas mais rápidas de deixar o planeta um lugar bom de novo. Após grandes períodos de ódio gratuito, i...