Capítulo 12 - She's mine

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Eu tive boas horas de sono, mas uma notificação no celular me acordou. Provavelmente era alguma atualização de aplicativo, eu não sei porque diabos eu não deixava o aparelho no modo silencioso. Bom, eu fiz isso, e aproveitei para ver que já eram quase 4am e o lado direito da cama estava vago.

Eu saí do quarto em direção ao ateliê de Lisa, mas a porta estava chaveada, então desci os degraus da escada até o andar térreo, havia algumas vozes vindo de lá. A luz da TV deixava a sala em um tom azulado e a inválida parecia ter dormido sobre o seu livro. Passava algum programa qualquer de madrugada, eu tateei o controle remoto e desliguei a televisão.

"Ei, Lisa, acorde. Vamos subir para o quarto." Eu sacudi o seu ombro delicadamente, mas a inválida apenas resmungou em negação.

Nem em sonho eu conseguiria carregar Lisa até o segundo andar, então desisti, deixando-a por ali mesmo. Apanhei o livro e suas anotações, para que ela não dormisse em cima, havia uma chave junto, o chaveiro estava etiquetado "Biblioteca", eu iria apenas deixar sobre a mesa de centro, mas a curiosidade foi um pouco mais intensa.

A inválida tinha uma biblioteca dentro de casa? Eu já havia perdido o sono e poderia ler algum dos seus clássicos, afinal. Eu subi as escadas, tentando não fazer muito barulho e comecei a testar a chave nas portas. Foi em uma das primeiras tentativas que a fechadura fez um barulho e a maçaneta girou. Tateei o interruptor e acendi a luz. Aquilo era mais como um escritório.

Havia algumas prateleiras com livros e pequenas mesas redondas, como se o lugar fosse ser frequentado, por cima dessas mesas havia livros e anotações, como os que eu tinha na mão. Uma das paredes era coberta por uma enorme lousa, onde havia sido desenhada algum tipo de árvore genealógica ou cadeia alimentar, eu não sabia o que eram aqueles rabiscos.

Eu finalmente abri o Romeu e Julieta que tinha em mãos, dando uma boa olhada sobre as anotações. Lisa escrevia coisas cientificas demais para o meu cérebro entender, classificava o amor como "dependência e loucura, sentimento que pode levar a morte". Virando a página, encontrava suas dúvidas, "o indivíduo afetado é corajoso o suficiente para enfrentar quem se opor ao seu sentimento, mas covarde para continuar vivendo sem a pessoa amada".

Ela, certamente, estava fazendo algum tipo de pesquisa. Deixei o que tinha em mãos sobre a sua mesa de escritório e me dirigi até uma das estantes, havia um álbum repleto de fotografias. Atrás de cada uma dessas fotos, havia uma anotação, que tentava desvendar os sinais corporais. Felizmente, não havia nenhuma foto minha por ali.

Ouvi um ruído no corredor e então a porta rangeu, eu senti meu coração parar de bater e meu sangue congelar. A Lisa me mataria se me visse aqui. Eu me virei para encarar o perigo, mas era apenas Leo.

Foi um bom aviso, eu decidi que era melhor sair daquele lugar antes que o que eu temia acontecesse. Peguei Leo nos braços e tranquei a porta, voltando para o quarto. Certamente eu não conseguiria mais dormir, pois aquela pergunta invadia a minha mente: O que Lisa, realmente, era?

*

"Chaeyoung!" Lisa me cutucava com a ponta do dedo. "Acorda, sua idiota."

Eu cobri o rosto com o travesseiro, mas ela continuava a me balançar pelos ombros, "Dá pra me acordar sem me tocar?" Resmunguei.

"Não reclame, eu poderia ter te dado um tapa tão forte quanto o da última vez." Ela soltou um suspiro. "Você viu o meu livro e meu chaveiro? Eu revirei a casa atrás deles e não estou achando! Eu posso jurar que dormi com eles em mãos."

Abri os olhos e quase me engasguei com a minha própria saliva. Droga, eu havia esquecido de devolvê-la o que tinha pego. Eu precisava dar um jeito de entrar na biblioteca sem a inválida ver e pegar o livro de volta. Eu ainda tinha a vantagem de que Lisa não tinha uma chave extra, portanto, se eu não entrasse no lugar, ninguém entraria.

Destinadas (CHAELISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora