Capítulo 9 - Goodbye

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Eu estava animada para voltar para casa, já havia carregado as malas até a porta de saída. Eu parei na frente de um espelho redondo na sala de estar para arrumar o cabelo, quando vi Lisa se aproximar pelo reflexo.

Meu coração apertou, era como se eu estivesse me sentindo errada por me sentir feliz. Ela simplesmente pisoteou em cima da minha vontade de voltar para o meu lar. Os seus olhos tinham novamente aquele tom, mas eles estavam mais suaves do que das outras vezes.

"Tempo de se despedir." Eu sorri fraco para ela, que permaneceu parada, apenas abraçando o próprio corpo. Eu ouvi o táxi buzinar e o meu peito se encheu de uma ansiedade desconhecida, eu não sabia se eu queria ir ou ficar. Quero dizer, eu queria voltar para minha família, amigas e vida, mas aquelas órbitas e abandonadas me prendiam ali.

"Vou te ajudar com as malas." A inválida apanhou duas delas, deixando as outras duas comigo e seguiu na minha frente, sem fazer nenhum contato físico. Nós fomos até o carro e colocamos a bagagem no porta-malas.

Eu a encarei antes de entrar no automóvel, "Nós podemos ter um abraço?"

Lisa assentiu e eu fui até ela, apertando forte suas costelas, enquanto seus braços envolviam as minhas costas. Essa garota podia ser uma inválida, insensível e sem coração. Ela podia ser o tigre e ter divido a jaula comigo por cinco dias. Ela podia ter fama de perigosa. Mas eu me sentia protegida dentro daquele abraço. Nós não fomos nada que se pudesse nomear nesse tempo. Nem amigas nem amantes. Porém, havia algo ali. Uma química. Talvez fôssemos o pequeno príncipe e a sua flor. E, talvez, no fim, nós tenhamos acabado não dando em nada, mas essa coisa foi real.

"Você vai voltar?" Ela sussurrou baixinho no meu ouvido.

"Não dessa vez..." Eu engoli em seco.

"Nem se, por acaso, você perder o voo?" Lisa se afastou alguns centímetros, procurando a resposta nos meus olhos. "Uma mentira, sabe?" Ela repetiu o que eu havia dito após a ligação do Jimin, no Thanksgiving.

Eu neguei com a cabeça e a garota assentiu, aparentemente, compreendendo. Sem dramas. Essa coisa da Lisa copiar algumas das minhas expressões e gestos apenas para saber como socializar comigo era tão bonitinho, e agora se tornava triste, porque ela não teria ninguém com quem socializar. É claro, tinha a Hyuna, amiga da sexta série, mas ela só parecia fazer coisas quando beneficiavam a ela mesma, não importando muito a felicidade da minha inválida. Havia a Sana, que era uma garota legal, mas muito maluquinha para cuidar de alguém além de si mesma. E tinha o Seungri correndo atrás, mas Lisa teria que se deslocar até a praia, e com quem ela iria para a praia? Quem iria deixar a porta aberta para Leo fugir? Por falar em Leo, eu achei uma boa decisão deixá-lo com Lisa, ela precisaria de uma companhia agora.

Baguncei o seu cabelo, "Você é uma boa garota."

"Você é bonita." Ela bagunçou o meu de volta. "Você deveria ler 'O Pequeno Príncipe' de novo." Lisa estendeu o livro na minha direção. "Caso queira lembrar de mim."

"Eu vou lembrar de você!" Exclamei como se fosse óbvio, mas Lisa não parecia estar acreditando muito. Eu não tinha nada em mãos para lhe oferecer, então retirei o laço do meu cabelo. "Hum, aqui, para você lembrar de mim também. Mesmo quando não quiser."

Ela apanhou o lacinho e forçou um sorriso. Então eu lhe dei as costas e entrei no carro amarelo, passando o endereço para o taxista, e deixando esse lugar sem olhar para trás, pois eu sabia que, se eu virasse a cabeça e visse o triste rosto de Lisa mais uma vez, eu não entraria no avião.

*

Meu pai e o Doutor Park me esperavam no aeroporto. Eu corri direto para abraçar o papai, na verdade, eu não queria conversar com Jimin tão cedo. Mas ele iria nos dar uma carona até em casa, portanto, eu não poderia escapar.

Destinadas (CHAELISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora