Capítulo 11 - Esquecimento

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Mesmo dizendo que não ia mais ficar à espera de uma carta, eu ainda insisti em verificar os envelopes que estavam em cima da mesa. Mais uma busca fracassada. Já faz meses que eu não tenho nenhum contato com o Danilo. Que garantia eu tenho  de que ele realmente voltará para mim? Cada vez que eu penso dessa forma, procuro expulsar esses pensamentos ruins para bem longe, mas está cada vez mais difícil não pensar assim. Eu também me esforço para relembrar o dia da palestra, em que a certeza no meu coração foi muito profunda, porém,  eu estou necessitadíssima de mais um sinal. Está difícil demais.
Mais uma vez eu estou desanimada, muito desanimada. O momento da espera pode ser bem cruel com você.

Coloquei minha mochila no chão e me deitei na cama do jeito que estava. Estou refletindo seriamente se devo continuar esperando Danilo ou não. Já faz quase um ano que ele foi embora. E quanto mais os dias se passam, menos esperança eu tenho do seu retorno. Não tenho uma única notícia dele. Só não digo que ele é fruto da minha imaginação porque eu tenho o livro que ele me presenteou. E também tenho algumas fotos com ele tiradas no aniversário da Dávila. No momento, eu não tenho energia nenhuma para evitar essas ideias que estão invadindo minha cabeça. Eu acabei de chegar da faculdade e ainda estou apreensiva por saber que na próxima semana terei que apresentar meu primeiro seminário. Logo eu,  que tenho tanta dificuldade para falar em público! Portanto, estou com a cabeça muito cheia.

Acabei dormindo do jeito que estava e acordei  assustada com o barulho do despertador. Meu rosto está  amassado e meu corpo dolorido devido à posição que eu dormi. Com muita dificuldade me levanto e me preparo para mais um dia exaustivo. É normal ter dezoito anos e se sentir cansada o tempo todo?

Quando chego na loja,  ela já está aberta. Confiro no relógio e vejo que não estou atrasada como temia. Pelo contrário, ainda faltam cinco minutos para às oito. Já ia admirando a pontualidade de Renata, mas quando olho para o balcão não vejo ela, e sim Renan.

- Oi! Bom dia - ele me cumprimenta todo feliz.

- Bom dia. - falo em um tom neutro - A Renata não vem hoje?

Será horrível ficar sozinha com ele o dia todo.

- Ela vai se ausentar por algumas horas. Foi ao dentista.

Menos mal!

- Você parece cansada. Dormiu muito tarde? - o Renan estava muito observador. Isso significava que ele havia analisado bem minha aparência.

- Sim. - respondi e dei de ombros.

- Vida de universitário não é fácil - ele continuou falando - mas é gratificante. Essa já é minha segunda graduação. Eu poderia ter escolhido  fazer uma pós, mas...

Nossa! Como ele fala! Faria qualquer coisa para trazer o Renan de antigamente de volta. Sério e de poucas palavras.

A porta abre e Leandro entra. Ele dá um sorriso para mim e fala com Renan.

- Vim buscar a encomenda de seu Bernardo.

Faz dias que ele está um pouco distante de mim e eu não faço ideia qual é o motivo. É como se ele estivesse me evitando. Mesmo tendo participado ativamente do meu aniversário e andando regularmente em minha casa, dar para perceber que há alguma coisa diferente. Como se estivesse escondendo algo de mim. Mas prefiro fingir que está tudo bem do que perguntar se tem alguma coisa.

Renan entrega um pacote a ele, que recebe e sai logo em seguida. Nós dois o observamos enquanto ele passa pela porta.

- É seu primo? - o interrogatório recomeça.

- Sim.

- Vocês namoraram alguma vez?

- Não! - respondo rapidamente. Aquilo parecia um absurdo até mesmo em pensamento.

- É que quando você começou a trabalhar aqui ele vinha diversas vezes te ver. 

Pensei que eu era invisível para ele no início!

- É que somos muito próximos. Mas somos apenas amigos.

- Ah...  bom saber. 

Bom saber por quê? Ele deixou aquela frase no ar e mudou de assunto. Agradeci a Deus no momento em que Renata chegou. Renan não parava de falar comigo um momento sequer. Me deu até vontade de perguntar se ele não tinha algum trabalho no escritório para fazer. Para meu alívio, depois do almoço, ele se ausentou a tarde toda. O dia foi corrido, e rapidamente era hora de eu ir para casa. Quando me preparava para ir, Leandro estava na porta.

- Saí mais cedo hoje. - ele falou. Nós fomos juntos para casa.

- Eu queria te contar uma coisa... - disse quando estávamos perto de chegar em minha casa. Antes que ele continuasse, meu celular toca. Eu olho e vejo que é o Renan. Estranho. Ele nunca me liga. Mas isso é apenas mais uma coisa estranha que ele faz.

- Alô.   - Atendo.

- Oi Júlia! Estou ligando para avisar que o livro "A Herdeira" chegou. Quer que eu passe na sua casa depois para deixar?

- Ah não! Não precisa! Amanhã eu pego.

- Tem certeza? Não está ansiosa pra ver? - havia uma pontinha de esperança em sua voz

- Tenho certeza sim. Amanhã eu pego.
- Então está bem. Tchau! Até amanhã.

- Tchau. - Desliguei.

- Quem era? - Leandro pergunta mal desligo o celular.

- O Renan. Queria saber se poderia passar em minha casa depois para me entregar um livro que ele prometeu me dar. - falei contando logo o conteúdo da ligação, pois sabia que ele iria me perguntar.

- Sério? Tem certeza que ele queria só isso? Eu observei o comportamento dele no seu aniversário. Procurava chamar sua atenção o tempo todo. Até pensei que eu poderia está enganado, mas depois de ver o jeito que ele olhava você  na loja hoje e depois dessa ligação, não tenho dúvidas de que ele está interessado em você.

- Você acha?

- Você ainda tem dúvidas? Ele não te deu outros sinais?

- Bem... acho que sim.

- Eu não disse!?

- E o que você queria me contar? Antes de meu celular tocar. Acabei atendendo e te interrompendo.

- Ah... Acredita que nem lembro mais? 
- Sério?

- Sim. Acho que não era nada importante.

Ele começou falar sobre outras coisas antes que eu investigasse se realmente ele havia esquecido ou apenas tinha desistido de falar.

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