Capítulo 28 - Um sonho

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- É muita loucura?  - perguntei para Ester.

Desde o meio-dia  eu estava enchendo sua paciência com os relatos da noite anterior. Aproveitei que minha amiga havia vindo passar o feriado com a família, e corri para lá após o almoço.  E agora, deitada em sua cama, eu gostaria de ter sua opinião sincera. Eu já havia pensado e repensado no assunto e só chegava a uma conclusão : casar em um ano. 
À noite eu e Danilo iríamos conversar com meus pais. Pela forma que eles receberam a notícia de que precisávamos nos reunir para conversar (lançando uns olhares atravessados para mim), até pareciam saber o motivo de nosso encontro.

Mesmo sabendo que eu não iria mudar de ideia, eu gostaria de ouvir Ester.

- Loucura seria deixá-lo partir novamente. - Ester respondeu e digitou alguma coisa no celular. Provavelmente, estava conversando com Rubens.

- Então você acha...

- Eu acho que vocês devem se casar, é claro! Posso ser a madrinha? - ele perguntou,  desta vez dedicando sua atenção a mim.

- Você só pode está brincando...

- Claro que não! Como eu iria brincar com uma situação séria dessa? Se fosse o Rubens, eu não pensaria um segundo!

- Esse é o problema: não se pode entrar em um casamento sem pensar!
- E nem se pode pensar demais! - Ester concluiu rindo. O humor dela estava magnífico naquele dia. - O Danilo não é tipo, a pessoa perfeita para você, como você mesma diz? Qual a diferença em casar agora e casar daqui a, sei lá, quatro ou cinco anos? Quando os dois tem os mesmos objetivos, não é o tempo de namoro que vai definir se vai dar certo ou não. Depende do casal!

- Bom, tem razão... - comentei pensativa.

- É. Eu sempre tenho razão!

- Convencida!

- Você sabe que eu nunca havia falado de casamento para você, não é? - eu queria que ela visse a situação de todos os ângulos.

- Lógico! Você nunca nem teve um namorado antes...

- Ester! - fingi está ofendida.

- Desculpe, amiga, mas é que ainda não me acostumei em ver você apaixonada. E quer saber? Seu noivado deveria ser no réveillon.

- É daqui a cinco dias! Não mesmo! - descartei a possibilidade.

Mesmo Ester tendo a mesma idade que eu, ouvir aquelas palavras me deixaram mais tranquila.  Eu já sabia que nosso casamento era a vontade de Deus. Então porque temer? Se Ele estava no controle de tudo, foi a vontade Dele também ao reduzirem o tempo de estágio de Danilo. Antecipando,  consequentemente, nosso matrimônio.

...

Eu não estava nervosa para conversar com os meu pais, eu estava apavorada! Apesar do clima ameno, eu suava. E minhas mãos estavam geladas. Pedi a Deus para não passar mal naquele momento.

Apesar dos temores, a conversa foi muito agradável. Meus pais não ficaram tão surpresos como eu imaginava, pelo contrário, pareciam até felizes. Que meu pai amava o Danilo, eu já sabia. Mas, eu vi naquele momento a confiança que  ele impunha nele. Em nenhum momento vi desconforto ou temor algum. Claro que ele nos aconselhou. E muito. Meus pais contaram diversas experiências de seu casamento, até então desconhecidas para mim. Sempre os admirei com casal, mas naquela hora, eu pude perceber uma cumplicidade e uma solidez que eu não havia percebido ainda. Desejei ardentemente ser como minha mãe ao cumprir meu papel de esposa. Eles eram um casal feliz.

Depois de mais de uma hora de conversa e muito aprendizado, Danilo saiu. A minha cabeça estava cheia de informações e o meu desejo era cair na cama, mas ao ver minha mãe sozinha lavando uns copos na pia, resolvi perguntar algo que eu percebera em nossa rica conversa e que me deixara intrigada:

- Mãe, é sério: a senhora não me acha muito nova para casar? - eu já havia perguntado isso durante nossa reunião, mas quis ouví-la  de novo.

- Idade e maturidade são coisas totalmente diferentes. E não esqueça que foi nessa mesma idade que me casei. - ela deu a mesma resposta, acrescentando esse último fato. 

- Confesso que achei a senhora muito tranquila. Pensei que eu ainda era a sua filhinha. - fiz um beicinho por puro drama.

- Claro que é, e não vai ser fácil ficar longe de você. Mas...  você ama o Danilo, não é? E jamais encontrará outro igual a ele. - ela respondeu me lançando um olhar carinhoso.

- Mesmo assim...

Minha mãe suspirou:

- Eu ia lhe contar no dia do seu casamento, mas como você é muito desconfiada, não quero que fique com minhoquinhas na cabeça.

- Contar o quê?

- O motivo por me achar tão tranquila em relação ao seu casamento e sua partida.

Senti um aperto ao ela mencionar a palavra partida,  mas por meu instinto está correto,  eu quase gritei :

- Eu sabia que tinha algo a mais!

Minha mãe revirou os olhos por achar minha atitude exagerada, logo em seguida contou:

- Bom, no dia em que o Danilo veio até a mim e seu pai para lhe pedir em namoro, eu fiquei feliz em concordar,  mas pedi a Deus para falar comigo a respeito disso e tive um sonho.

- Um sonho?

- Sim. Eu sonhei com o nome dele gravado em seu coração.

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Um 2020 de bênçãos e realizações para cada um de vocês! 😙😙

(Des)complicado Amor (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora