Capítulo 15 - Pedido

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No dia seguinte, quando eu estava saindo da faculdade para ir embora,  notei um carro bastante familiar que parou perto de mim.

- Vim te buscar. - Leandro falou assim que desceu o vidro. 

Eu olhei para Renata, Renata olhou para mim. Sempre era meu pai que me levava para casa.

- E meu pai? - perguntei.

- Ah, ele está um pouco cansado hoje.

Eu sabia que ele estava mentindo. Ele devia ter convencido meu pai a me buscar. Renata se despediu de mim porque ia de carona com uma amiga que morava em sua rua. Não tive outra alternativa senão entrar. Leandro me observa:

- De nada! - falou enquanto dava a partida.

- Não precisava, Leandro. Meu pai não se incomoda de vim me buscar. - falei um pouco apressada demais.

- Porque não tem ninguém que se reveze com ele. - falou com ar de graça.

Eu não correspondi ao sorriso, ainda estava tentando entender o porquê de ele está ali. O dia anterior tinha sido bem confuso e me senti como... como se estivesse apaixonada por Leandro de novo. Mesmo que só por um momento. Meu estado emocional não devia está em seus melhores dias. Eu estava pensando nestas coisas quando Leandro parou em frente à uma lanchonete.

- O que está fazendo? - perguntei.

- Achei que poderíamos parar para comer alguma coisa. - ele respondeu enquanto soltava o cinto.

- Leandro, liga esse carro. Já passa das  vinte e duas horas! E eu já lanchei na faculdade.

- Pois eu estou com fome. - ele não deu a mínima para meus argumentos e saiu do carro. Colocou a cabeça para dentro e perguntou:

- Vai ficar aí?

Bufei enquanto batia a porta. Eu detestava quando o Leandro não olhava o meu lado. Meu pai não gostava que eu ultrapassasse meu horário limite para chegar em casa.

- Meu pai vai ficar bravo por sua causa! Eu deveria ir a pé! - esbravejei enquanto me sentava.

- Calma! Eu já combinei com ele. Eu só queria conversar um pouco com você. - ele respondeu  já  conferindo o cardápio. 

O sinal de alerta se acendeu em meu cérebro. Eu deveria ficar muito atenta para tudo o que ele iria falar. Leandro devia ter percebido minha proximidade na noite anterior. Ele sabia que eu tinha ficado balançada. Lamentei minha falta de senso, mas foi impossível ser mais forte. O fato de não ter notícias do Danilo abalava minhas estruturas e eu estava por um fio de desistir dele. E ter sido super apaixonada por Leandro por dois anos piorava a minha situação, pois existia muitas coisas nele que eu ainda admirava.

Minutos depois,  quando seu lanche chegou junto com meu sorvete, ele começou :

- Júlia, depois de minha mãe, você sempre foi a mulher mais importante para mim.

Ouvir aquilo fez o meu coração errar as batidas. Eu precisava me esforçar muito para não me iludir com Leandro outra vez. Tentei me apegar às palavras ditas por Ester no dia anterior.

- Mesmo que durante muito tempo eu não tivesse me dado conta disso. Eu não havia percebido como havia alguém muito especial bem embaixo do meu nariz, até o momento em que...

- Leandro, quer parar? - eu o interrompi. Não queria mais escutar nenhuma palavra - você,  mais que ninguém,  sabe que meu coração já está preenchido.

- E a noite de ontem? - meu rosto queimou ao ouvir essas palavras - Eu notei algo diferente em você.

Será que ele estava acordado quando eu fui até à sala? Resolvi ser sincera:

- Eu estava triste. Decepcionada por não ter recebido nenhuma carta.

- Carta??? - Leandro pareceu um pouco assombrado.

- É. No casamento da Bárbara, ela me contou que os pais de Danilo escreveram. Mas ele não me mandou nenhuma notícia. E ele sabe o meu endereço. - falei com voz amarga.

Mas eu  não deveria ter revelado essas coisas ao Leandro. Agora sim, ele teria todos os motivos para me fazer acreditar que o Danilo havia me abandonado. Mas para minha surpresa, ele não falou nada, não incriminou o Danilo. O assunto parecia que o deixara inquieto. Ele gaguejou antes de perguntar:

- Porque só está me contando agora?

- Fiquei com vergonha. Eu sei que você iria me criticar por ainda acreditar nele.

Surpreendentemente ele não falou nada! Pelo contrário, ele pediu:

- Por favor, podemos não falar do Danilo agora? Eu tenho uma coisa para você.

Ele tirou uma caixinha de veludo do bolso. Abriu e me mostrou. Era um lindo anel de pedra rosa, que combinava com a pulseira que ele havia me dado.

- Leandro... - ele fez um gesto para eu não falar.

- Eu ia lhe dar no seu aniversário. Ia fazer uma declaração e lhe pedir em namoro. Mas eu vi que o Renan ficou o tempo todo do seu lado, procurando chamar sua atenção, fiquei com medo de você está interessada por ele e o meu pedido ser rejeitado.

Dei mostra de querer falar, mas ele novamente não deixou.

- Mas depois de ontem, eu senti esperança sabe?

Eu devia está mais vermelha do que a blusa que estava usando. Por que eu realmente me deixei levar pelo momento. Desejei que a minha vida fosse mais simples. Desejei não esperar alguém sem nem ao menos ter a garantia de que ele retornaria um dia. E o Leandro percebeu tudo aquilo. Não dava para desfazer o dia anterior.

Eu fechei a caixinha e a empurrei de volta para ele.

- Me desculpe, mas não posso aceitar. Não enquanto eu não tiver um prova concreta de que o Danilo realmente me esqueceu. - fui tomada por uma coragem que eu nem sabia que tinha.

- Para quê prova maior do que a que você já tem? Ele não te mandou nenhuma carta! - Leandro pareceu está profundamente irritado. Me assustei com a súbita mudança de humor dele.

- Júlia, - ele continuou e agora o seu olhar parecia magoado - você me fez acreditar.

Me senti mal por aquelas palavras. Quando Renan falou que eu havia dado esperanças a ele, passei um tempão procurando vestígios disso. Mas com Leandro era diferente : eu sabia que realmente havia dado.

- Me desculpe, Leandro, foi errado. Eu só estava confusa.

- Só me prometa que vai pensar no assunto. - ele falou fixando o olhar no meu.

- Eu não posso. - minha voz saiu quase como um sussurro.

- Estou há  mais de um ano esperando por você. Por favor, prometa que apenas vai pensar. Não estou lhe pedindo para aceitar, mas que apenas não vai me descartar como uma alternativa sem valor.

O olhar dele era suplicante. E aquilo me matou por dentro. Eu não poderia prometer. Era errado. Aquilo daria ainda mais esperanças a ele. Mas seu olhar me deixou desarmada.

- Eu prometo.

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Olá pessoal! Não esqueçam de votar e comentar! E não desistam do Danilo. Ouvir falar que ele está chegando..

(Des)complicado Amor (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora