Antes que eu me levantasse, minha mãe ainda disse:
- Filha, você sabe que deve perdoar seu primo, não é? Não há desculpa para o que ele fez, mas a decisão correta é perdoá-lo. - falando isso, ela deixou um beijo em minha cabeça.
Se virou para sair, mas ainda se voltou para mim:
- Sem falar que sua atitude em invadir o quarto dele não foi nada bonita. Me prometa que isso não se repetirá, Júlia Beatriz!
Eu sabia que ela conseguiria dar o seu recado. E de forma completa. Era o seu propósito falar tudo aquilo quando veio me ver em meu quarto, e minha mãe era muito eficiente em alcançar seus objetivos. Ainda pensei por uns segundos no que ela falou sobre perdoar o Leandro. Eu estava muito zangada com ele, mas perdoa-lo era uma escolha que eu deveria fazer para que eu pudesse seguir em paz com minha vida. Embora, não fosse uma tarefa nada fácil. O que ele fez era considerado pior que uma traição.
Eu, finalmente, me levantei. Peguei a caixa com as cartas, que ainda estavam em cima da cama, e coloquei na parte de baixo do meu armário. A vontade de abrir os envelopes e ler uma por uma era irresistível, mas olharia tudo com calma depois, eu já estava muito atrasada para a faculdade. Foi só o tempo de tomar banho e me arrumar.
Só depois que cheguei pude contar ao Danilo tudo que aconteceu. Resolvi ligar para ele primeiro, adiando minha curiosidade em ler aquelas maravilhosas cartas. Ele, claro, ficou muito chocado com o que Leandro foi capaz de fazer, e embora muito aborrecido, não direcionou à Leandro nenhuma palavra com ira. Como a minha mãe, ele também disse que apesar de tudo, eu o perdoasse pela sua imaturidade em lidar com as coisas. Eu não ganharia nada se continuasse a alimentar a mágoa que sentia.
Após conversar com ele, me senti um pouco melhor. E mesmo ainda muito chateada, já sentia parte da ira ir embora. Eu orei para que Deus me ajudasse a perdoá-lo. Sei que ainda levará um bom tempo para que eu lembre de tudo sem sentir nenhuma mágoa, e acredito que talvez eu nunca irei confiar no Leandro novamente.
Depois de tudo, agora sim, eu poderia, com satisfação, ler cada uma daquelas belas linhas escritas por Danilo. Passei horas acordada, saboreando com os olhos tudo que ele havia escrito para mim. Eu ri, chorei, me emocionei. Todas as cartas eram lindas. E em todas ele fazia questão de descrever a falta que eu lhe fazia. Ele dava muito detalhes de seu dia-a-dia e de cada dificuldade que enfrentava. Assim como também cada conquista que tinha. Seu desejo era que eu me sentisse próxima a ele, e lamentei muito por aquelas cartas não terem chegado até a mim no momento certo. Antes de deitar, deixei algumas mensagens para Ester relatando as últimas novidades, e adormeci.
...
O sábado foi aguardado com muita expectativa. Era o segundo dia da semana em que eu e Danilo teríamos um tempo para nós. Diferente do encontro anterior, ele havia me convidado para jantar em um restaurante chique. Era a primeira vez que eu era convidada por um rapaz para está naquele lugar e me senti a rainha da cocada. Até cheguei a comprar um vestido que estivesse à altura do evento. Meu pai até emprestou o carro para a gente.
Nós entramos, e caminhamos até a mesa reservada por Danilo. E havia um lindo buquê de flores sobre ela.
- Eu queria ter lhe dado flores na primeira vez que nos vimos depois que eu cheguei. Mas a vontade de te ver era tão grande, que não deu nem mesmo para passar na floricultura antes. - ele deu um sorriso fofo.
Estava tudo tão perfeito que eu dispensei as palavras. Apenas levei as flores até meu nariz para aspirar melhor aquele cheiro maravilhoso. Danilo, como um perfeito cavalheiro, puxou a cadeira para que eu me sentasse. Embora estivéssemos em lugar onde servia as comidas mais exóticas, pedimos um prato relativamente simples. Tudo estava maravilhosamente perfeito. E naquele momento, eu vi que valeu a pena cada momento de espera pelo Danilo. Cada lágrima, saudade e até mesmo as angústias, pareciam agora insignificante diante da felicidade que era tê-lo junto a mim. Eu faria tudo novamente, se fosse necessário. Havia um brilho a mais nos olhos de Danilo naquela noite.
Depois do jantar perfeito, nós ainda permanecemos no restaurante. Ao lado, havia um pequeno jardim e desfrutamos daquele ambiente lindo e acolhedor. Danilo segurou minhas mãos entre as suas, e com voz emocionada falou:
- Eu orei tanto para que esse momento chegasse. Eu não conseguia entender porque Deus tinha me apresentado essa pessoa maravilhosa que é você, para depois eu simplesmente ter que ir embora. Porém, em nenhum momento eu perdi a esperança de reencontrá-la novamente, Júlia. Eu... eu te amo. Como nunca amei outra pessoa.
Ouvir aquelas palavras tão cheia de ternura comoveu até o íntimo da minha alma. Fui incapaz de responder e apenas apertei mais um pouco a sua mão. Ele pareceu entender que aquele gesto era um " eu também te amo".
- Quando saí daqui, eu tive medo de firmar um compromisso contigo. Tive medo porque eu não fazia ideia de quanto tempo eu ficaria fora e... eu sinto muito por isso. Não queria que tivesse acontecido assim.
- Tudo bem. - em um esforço falei - Está tudo bem. - eu não queria que aquele momento fosse "estragado" de forma nenhuma. E parecia que aquelas lembranças deixavam Danilo um pouco triste.
- Eu teria que lhe falar. Passei o tempo todo lamentando por isso. Mas, agora eu tenho essa oportunidade. - Ele simplesmente ficou de frente para mim e perguntou:
- Aceita ser minha namorada e, futuramente, minha esposa?
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(Des)complicado Amor (LIVRO 2)
RomanceContinuação de "Complicado Amor" Júlia Beatriz fez uma promessa: ela esperaria por Danilo. Danilo, por sua vez, prometeu que iria voltar. Nenhum dos dois imaginou quanto tempo iria se passar até aquele reencontro acontecer. Leandro, porém, usa esse...