(Des)complicado Amor (LIVRO 2)

Capítulo 12 - Comprometida

Eu estava sentada à mesa estudando quando a campainha tocou.

- Júlia, vai atender! - minha mãe gritou da cozinha.

Já passava um pouco das vinte horas, Leandro havia acabado de sair, então eu não fazia ideia de quem seria. Antes que eu alcançasse a porta, tocou de novo. A pessoa, seja lá quem fosse,  parecia apressada.  Abri e dei de cara com quem eu menos esperava: Renan.
- O que você faz aqui? - perguntei pelo susto de vê-lo ali, parado em frente à porta da minha casa. Era a primeira vez que ele vinha até aqui.

Ele ficou um pouco sem graça:

- Me desculpe, Júlia, você disse
que eu não precisava vim, mas...

Balancei a cabeça me dando conta de que fui um pouco rude:

- Não, eu que peço desculpas! Não quis ser tão grosseira, só fiquei surpresa.

Ele tinha um livro nas mãos e estendeu para mim.

- Não resisti e lhe trouxe logo. Achei que você poderia está  muito ansiosa.

Acho que ele estava mais ansioso do que eu. Antes que eu recebesse o livro, minha mãe aparece atrás de mim.

- Júlia, quem é?

Renan se apressou a falar :

- Boa noite, dona Marina, só vim entregar uma encomenda da loja para  a Júlia. Me desculpe pelo horário, mas era um pouco urgente. - disse com um sorriso tímido. Eles já se conheciam desde a minha festa de aniversário.  Não deixei de notar que ele falou como se estivesse aqui à trabalho.

- Oi, Boa noite, Renan. Não quer entrar e sentar?  - minha mãe perguntou e logo direcionou um olhar para mim,  deixando visível sua repreensão pelos meus maus modos com a visita: Renan ainda estava parado à porta.

- Não, obrigada, eu só vim mesmo entregar este livro para a Júlia. Já estou saída. - ele falou e me entregou o livro.

Mas antes que eu suspirasse de alívio por ele está indo (foi uma visita totalmente inesperada e eu fiquei sem jeito), meu pai entrou na sala. Depois dos devidos cumprimentos, eles começaram a conversar. Meu pai nunca perde a oportunidade de bater um bom papo,  e Renan ficou sentado no sofá da sala ainda por uns bons vinte minutos. E eu fiquei sem entender porque ele apareceu com o livro mesmo eu tendo falado que pegaria no dia seguinte.

Assim que ele se levantou para sair, me ofereci para acompanhá-lo. Quando já estávamos do lado de fora, ele começou a falar.

- Me desculpe mesmo, Júlia, é que não resisti em dar uma passada aqui. - acho que ele percebeu o quão surpresa fiquei.

- Tudo bem...  - respondi vagamente.

- É que... Eu queria te ver, sabe?  - Opa! O objetivo não era entregar o livro?

Eu o deixei continuar.

- Eu...  bom... já vou indo... - ele passou as mãos pelo rosto como se estivesse nervoso. Dava para perceber que ele queria falar algo a mais. Eu fiquei apreensiva. Será que era agora, a hora da verdade? Eu ainda não estava preparada para o caso de ele se declarar para mim. Acho que nunca estarei, para ser sincera. O que eu vou falar?

- Olha, Júlia, - ele tentou mais uma vez - eu sei que faz pouco tempo que lhe conheço - é agora! - mas não dar mais para esconder. Desde aquele dia na palestra, vi algo diferente em você. Algo que eu não sei explicar... - ele falou tudo de uma vez só, esbarrando em cada palavra.

O que ele, exatamente, viu de diferente em mim? Fiquei curiosa para saber. Até aquele dia, então, ele nem olhava direito para mim.

- Por favor, fala alguma coisa! - ele pediu quase suplicando. O que eu poderia falar? Pensei que ele que continuaria a falar.

- O que você quer que eu fale? - coloquei a responsabilidade de volta para ele.

- Você gosta de mim? - perguntou em um sussurro. Como assim ele perguntou se eu gosto dele? Ele nem ao menos falou que gostava de mim. Não com todas as palavras. Como fez o Danilo... Agora eu estava pensando no Danilo!

- Júlia... - ele parecia aflito com o fato de eu não ter respondido e ainda está com a cabeça baixa. Eu não conseguia olhar para ele -  Você quer namorar comigo? - perguntou mais baixo ainda.

Agora sim eu levantei a cabeça! O pedido foi totalmente inesperado. O que eu vou responder? Não tenho nenhum sentimento por Renan. Eu passaria todo o tempo o comparando com o Danilo. Na verdade, só neste pedido já estou o comparando com o Danilo.
O Renan não é uma má pessoa. É cristão, tem um trabalho, faz faculdade, é esforçado. Porém, não é para mim. Não posso aceitar. Meu coração já está preenchido. Mas não tenho um boa desculpa para rejeitar o pedido.

- Me desculpe, mas já sou comprometida. - Até eu me assustei com a resposta que saiu de minha boca.

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