Com a pressa de minha mãe, somos uns dos primeiros a chegar na escola. Eu estou até razoável em meu vestido longo azul-celeste, meus saltos que acho exageradamente alto, e um penteado perfeito. Mesmo sob meus protestos, minha mãe fez a maquiagem um pouco mais forte do que costumo usar. A reação de Leandro quando me viu, me fez rir. Ele só ficou com os olhos esbugalhados, a boca aberta e não disse uma palavra, tamanha a sua surpresa em me ver assim.
Ester chegou pouco tempo depois, muito linda, acompanhada de Rubens. Eles até pareciam ser um casal. Não vou me admirar quando ela contar que está namorando. Tia Paty, como sempre, chegou meia hora depois da cerimônia ter começado. Os atrasos dela já não surpreendia mais ninguém.
A coisa toda foi longa e cansativa. Meus pés estavam me matando. Só o Leandro que parecia muito feliz ali ao meu lado. Na nossa entrada, era perceptível a alegria nos olhos deles. Parecia está bem orgulhoso também.
Eu agradeci muito quando tudo acabou. Enquanto a turma ficou para dançar no salão, nós nos dirigimos ao outro lado para comer. Sim. Eu não sabia dançar. Nem mesmo uma valsa. Era uma negação total.
A comida estava deliciosa, mas eu já estava me sentindo inquieta naquele lugar, e meu desejo era correr para casa e me livrar daquelas sandálias. A festa era minha, e eu nem estava conseguindo desfrutar.
Leandro pareceu perceber meu estado de espírito:- Relaxa, Júlia, você devia está mais nostálgica do que impaciente: hoje é seu último dia nesta escola. Tchau, Ensino Médio! - e ele fez um gesto com a mão.
Era verdade. Agora que recebi meu certificado, não pertencia mais a esta escola. Um frio correu pela minha espinha! Eu nem havia me programado para aquilo! Não havia nem me dedicado ao Enem. Leandro se aproximou mais de mim no mesmo momento em que a música no salão ao lado aumentou de volume.
- O que você pretende fazer? - ele perguntou. Nossos pais pareciam alheios a nós e tagarelavam entre eles.
- Eu não faço a mínima ideia. - respondi desanimada.
Se pelo menos minha nota no Enem for boa! Caso contrário, sou um caso perdido.- Eu não sei se lhe interessa, mas vi que a livraria ao lado da loja onde trabalho, está precisando de mais um vendedor.
Ele deu um sorrisinho sabendo que eu me interessava. Eu era uma louca compulsiva por livros! Foi uma das marcas que Danilo deixou em mim. Imagina trabalhar em meio aos livros? Era o emprego dos sonhos!
- É cla-ro que me interessa! - respondi separando as sílabas - Você está brincando!?
- Pois esteja lá bem cedo na segunda-feira.
- Faz tempo que abriram a vaga?
- Não, eu vi hoje. Seja a primeira a chegar e a vaga poderá ser sua.
Aquilo foi o suficiente para me alegrar. Eu fiquei tão feliz que poderia até ir me divertir com os alunos ao lado, mas passaria um mico, com certeza.
Então, eu não me sentia mais um caso perdido. Havia esperança para mim. No mesmo instante, eu também passei a tagarelar junto com minha família....
A LêBooks só abria às oito horas, mas desde às sete horas eu estava plantada em frente a ela. Eu queria ter a certeza que seria a primeira pessoa a chegar. E fui. Era a única também, que por sinal, era ótimo.
Depois de uma eternidade, apareceu uma moça para abrir a loja, e eu fui ao encontro dela ensaiando mentalmente o que iria falar, quando... adivinha! Era a Renata! A menina que conheci no aniversário da Dávila. Fiquei muito feliz ao ver que ela ainda lembrava de mim, e enquanto ela abria a loja, conversamos. Ela gostou muito de ouvir que eu me interessava em trabalhar ali.- Esta livraria pertence aos meus pais. - falou enquanto colocava algumas coisas em ordem - Como eles trabalham em um escritório o dia todo, eu e meu irmão que, praticamente, cuidamos de tudo aqui. Recentemente, eu e ele concordamos que seria ótimo mais alguém para nos ajudar. E eu adoraria que fosse você! - ela sorriu - Vamos esperar o Renan chegar. Ele que irá decidir.
Eu me contentei em saber que a Renata gostava de mim. Então, eu tinha um ponto!
Quase vinte minutos depois, vi um rapaz muito alto entrar. Vi nele alguns traços que lembravam a Renata. Ele parecia ser alguns anos mais velho que ela, e aparentava ser bem sério. Pelo menos, foi o que presumi pela cara fechada que ele exibia. Fiquei até com medo de não passar pelo crivo dele. Renata havia me dito que ele cuidava de toda a contabilidade da livraria. Eles não vendia apenas livros, mas também muitos artigos de papelaria.
Renata se apressou a falar sobre o meu interesse assim que ele chegou, falando também como me conheceu, e ele, depois de me cumprimentar, até que mostrou ser um pouco simpático. E depois de algumas perguntas e muitas explicações, eu tinha um emprego. Isso mesmo, eu consegui um emprego. Não sou mais um parasita na sociedade.
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(Des)complicado Amor (LIVRO 2)
RomansContinuação de "Complicado Amor" Júlia Beatriz fez uma promessa: ela esperaria por Danilo. Danilo, por sua vez, prometeu que iria voltar. Nenhum dos dois imaginou quanto tempo iria se passar até aquele reencontro acontecer. Leandro, porém, usa esse...