3. O Terceiro Dia

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Sofia

Percebi que a rapariga que estava a falar com a minha mãe era a Rita, a tal moça com quem vou viver. Por isso, achei por bem ir cumprimenta-la.

Fiquei a saber que vou para lá já depois de amanhã e que ainda não há mais ninguém para partilhar a casa.

Victória

Está um dia chuvoso e triste. Os meus pais não param de discutir. Estão indecisos se voltamos para a Itália ou se vamos para outro país. Cá não podemos ficar porque a máfia anda atrás do meu pai...

Pai: Florenza, temos que ir embora! -Disse o meu pai à minha mãe, com uma postura fria e dura.

Mãe: Não podemos voltar para a Itália, Marco! É demasiado arriscado! A Victória teria de ir connosco e seria perigoso para ela.

Tenho cada vez mais medo. Não das circunstâncias a que estou esposta, mas pelo meu pai. A minha família está diretamente ligada à Máfia Italiana à gerações por diversos motivos. Nomeadamente, favores. Tenho medo, porque os meus tios foram mortos por eles.

Fui para o meu quarto e deitei-me na cama. Coloquei os fones nos ouvidos e sonhei com uma vida calma. Estava muito cansada, e as dores e os ferimentos do acidente não ajudavam, por isso adormeci.

Passado duas horas, acordei e fiquei a pensar no sonho que tive. Sonhei com o acidente. Ouvi o carro a derrapar e quando fui atingida, senti que voava. Estava suspensa no ar enquanto tudo estava parado. Lembro-me de ver aquela rapariga e de sentir a mão dela na minha testa. Ela era linda, o seu perfume tornou a situação mais leve. Senti que o seu toque sarara todas as minhas feridas uma por uma.

Dizer agora aos meus pais que gosto de raparigas só ia causar mais problemas. É certo que esconder-lhes também os trará, mas prefiro que fique apenas um segredo meu.

Ouvi uma voz alta, mas muito ao fundo: Ela vai ter de ficar. Temos dinheiro, pagamos uma residência! Não queres que a tua filha seja morta como os teus irmãos, pois não?

Gelei. Ouvir aquilo arrepiou-me. Desabei a chorar.

Sofia

Mãe: Pronto Rita. Fica ,então, assim combinado: depois de amanhã a Sofia passa a dormir no apartamento. Agradeço-te mais uma vez. -Dirigiram-se à porta.

Rita: Obrigada eu, assim a renda não fica tão cara. E se mais alguém vier partilhar a casa, melhor para nós, não é verdade? -Disse, sorrindo. -Bem, vou andando. Obrigada mais uma vez, Dona Sara.

Despediram-se.

Sofia: Mãe? -Encarou-me. -Vi aquela rapariga no hospital, é da minha escola.

Ficou admirada.

Mãe: Fiquei todo o dia com pena e preocupada com a rapariga... Foste falar com ela?

Sofia: Eu ia, mas não cheguei a tempo.

Mãe: Quando a vires na escola, fala-lhe. Com certeza os pais dela quererão falar comigo!

"Quando a vires na escola, fala-lhe." Esta frase pos o meu coração aos pulos. "...fala-lhe." "Quando a vires na escola..." Mas afinal, quem diabos é esta rapariga?

Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PTOnde histórias criam vida. Descubra agora