11. Tão Próximo

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Vicky

Depois de longos minutos a observa-la, fui deitar-me à sua beira. Fiquei a fazer carinho nos seus ombros, nas suas mãos e a mexer no seu cabelo, prestando atenção ao seu robusto e esculpido corpo. O seu rosto estava tão sereno que parecia ter atingido o Nirvana. A sua respiração soava melhor que a melodia mais bonita.

O silêncio reinava pela casa. E a única coisa que fazia barulho era a minha mente. "Sofia" repetia-se mil e uma vezes na minha cabeça. Fazia eco. O seu nome partia da minha cabeça até chegar aos meus pés, sendo novamente mandado para morar no meu pensamento. Percorria todo o meu corpo... Tirava-me do sério, punha-me fora de mim.

Quando toda a minha energia e tentativa de passar toda a noite a olhar para ela acabou, acabei por adormecer profundamente. Saltei de sonhos em sonhos e, quando parei de saltar, acordei. Acordei com a luz do sol da manhã, que sem permissão, entrava pela janela. Ao abrir os olhos, deparei-me com a Sofia acordada, e os seus olhos azuis semicerrados a olharem para mim.

Sofia: Bom dia! -Exclamou, partilhando um enorme sorriso com o universo

Vicky: Bom dia... Sentes-te melhor?

Sofia: Como nova. -Pousou a sua mão na minha e olhou para mim. -Obrigada, Vicky...

Eu fiquei em transe a olhar para ela, e passados alguns segundo, acordei.

Vicky: Ahm.. Não tens que agradecer.

Sofia: Bem, eu vou correr. Está um dia lindo, queres vir? -Perguntou, enquanto se levantava.

Vicky: Não, não. Vai tu. Não gosto muito de correr.

Ela olhou para mim, já em pé e sorriu. Sorriu como se não houvesse amanha, e no seguinte instante, veio por cima de mim pela cama, deu-me um beijo na testa e disse: Até logo.

Sofia

Mal saí de cima dela, saí do quarto. O meu coração não parava. Eu estava a sufocar em sentimentos e emoções. Ainda não acredito que ela está aqui, logo ela. Ela cuidou de mim a noite inteira. Os seus lindos olhinhos verdes olharam por mim o tempo todo. Não percebo o que se está a passar. Preciso de compreender o que aconteceu connosco ontem.

Fui desde a Baixa de Lisboa até ao Parque Eduardo VII. Já eram dez e meia e ainda tinha que tomar banho e almoçar, por isso resolvi voltar para casa.

Quando voltei, a Rita estava na sala, a ver televisão.

Sofia: Bom dia!

Rita: Ai, que susto, mulher! -Disse, assustada.

Sofia: Ahahaha, pensei que me tinhas ouvido a entrar em casa.

Rita: Não, não ouvi. Estava atenta a ver TV.

Sofia: A Victória?

Rita: Ainda deve estar a dormir, não a vi hoje ainda. Se fores ter com ela, diz-lhe que os pais ligaram. Não sei se ela já falou com eles, mas pelo sim pelo não, é melhor avisar.

Fui rapidamente tomar um duche e vestir-me para ir ter com ela. Abri a porta do seu quarto lentamente, e vi que ela dormia. Metade do seu corpo estava na cama e o resto quase caía para o chão. O sol fazia refletir os seus cabelos cor de ouro sobre os meus olhos. Haveria visão mais bonita que esta? Parecia um anjo. Um anjo exausto e vulnerável. Ou então a Bela Adormecida, aguardando o tal esperado beijo. Eu queria acordá-la, mas não tinha coragem. Acordar uma Deusa no seu mais profundo sono? Que sentença me seria atribuída? O peso na consciência já seria o pior castigo.

Fui me deitar ao seu lado e mexer no seu cabelo. Esperei que acordasse. Esperei uma hora que mais pareceu um segundo. Os olhos dela abriram-se e fitaram-me. Eu sorri para ela e não disse nada. Apenas a observei.

Vicky: Voltaste... Porque sorris tanto? -Perguntou ela, rouca.

Sofia: Para te ser sincera, não sei.

Ela não tirava os olhos de mim. Estava séria e observava-me como se estivesse a tentar resolver um problema de matemática do décimo segundo ano. O seu olhar penetrava no meu e eu nem reparava que o seu corpo estava cada vez mais próximo. Tão próximo que sentíamos a nossa respiração. Tão próximo que os nossos lábios se tinham tocado.

Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PTOnde histórias criam vida. Descubra agora