Vicky
Depois de longos minutos a observa-la, fui deitar-me à sua beira. Fiquei a fazer carinho nos seus ombros, nas suas mãos e a mexer no seu cabelo, prestando atenção ao seu robusto e esculpido corpo. O seu rosto estava tão sereno que parecia ter atingido o Nirvana. A sua respiração soava melhor que a melodia mais bonita.
O silêncio reinava pela casa. E a única coisa que fazia barulho era a minha mente. "Sofia" repetia-se mil e uma vezes na minha cabeça. Fazia eco. O seu nome partia da minha cabeça até chegar aos meus pés, sendo novamente mandado para morar no meu pensamento. Percorria todo o meu corpo... Tirava-me do sério, punha-me fora de mim.
Quando toda a minha energia e tentativa de passar toda a noite a olhar para ela acabou, acabei por adormecer profundamente. Saltei de sonhos em sonhos e, quando parei de saltar, acordei. Acordei com a luz do sol da manhã, que sem permissão, entrava pela janela. Ao abrir os olhos, deparei-me com a Sofia acordada, e os seus olhos azuis semicerrados a olharem para mim.
Sofia: Bom dia! -Exclamou, partilhando um enorme sorriso com o universo
Vicky: Bom dia... Sentes-te melhor?
Sofia: Como nova. -Pousou a sua mão na minha e olhou para mim. -Obrigada, Vicky...
Eu fiquei em transe a olhar para ela, e passados alguns segundo, acordei.
Vicky: Ahm.. Não tens que agradecer.
Sofia: Bem, eu vou correr. Está um dia lindo, queres vir? -Perguntou, enquanto se levantava.
Vicky: Não, não. Vai tu. Não gosto muito de correr.
Ela olhou para mim, já em pé e sorriu. Sorriu como se não houvesse amanha, e no seguinte instante, veio por cima de mim pela cama, deu-me um beijo na testa e disse: Até logo.
Sofia
Mal saí de cima dela, saí do quarto. O meu coração não parava. Eu estava a sufocar em sentimentos e emoções. Ainda não acredito que ela está aqui, logo ela. Ela cuidou de mim a noite inteira. Os seus lindos olhinhos verdes olharam por mim o tempo todo. Não percebo o que se está a passar. Preciso de compreender o que aconteceu connosco ontem.
Fui desde a Baixa de Lisboa até ao Parque Eduardo VII. Já eram dez e meia e ainda tinha que tomar banho e almoçar, por isso resolvi voltar para casa.
Quando voltei, a Rita estava na sala, a ver televisão.
Sofia: Bom dia!
Rita: Ai, que susto, mulher! -Disse, assustada.
Sofia: Ahahaha, pensei que me tinhas ouvido a entrar em casa.
Rita: Não, não ouvi. Estava atenta a ver TV.
Sofia: A Victória?
Rita: Ainda deve estar a dormir, não a vi hoje ainda. Se fores ter com ela, diz-lhe que os pais ligaram. Não sei se ela já falou com eles, mas pelo sim pelo não, é melhor avisar.
Fui rapidamente tomar um duche e vestir-me para ir ter com ela. Abri a porta do seu quarto lentamente, e vi que ela dormia. Metade do seu corpo estava na cama e o resto quase caía para o chão. O sol fazia refletir os seus cabelos cor de ouro sobre os meus olhos. Haveria visão mais bonita que esta? Parecia um anjo. Um anjo exausto e vulnerável. Ou então a Bela Adormecida, aguardando o tal esperado beijo. Eu queria acordá-la, mas não tinha coragem. Acordar uma Deusa no seu mais profundo sono? Que sentença me seria atribuída? O peso na consciência já seria o pior castigo.
Fui me deitar ao seu lado e mexer no seu cabelo. Esperei que acordasse. Esperei uma hora que mais pareceu um segundo. Os olhos dela abriram-se e fitaram-me. Eu sorri para ela e não disse nada. Apenas a observei.
Vicky: Voltaste... Porque sorris tanto? -Perguntou ela, rouca.
Sofia: Para te ser sincera, não sei.
Ela não tirava os olhos de mim. Estava séria e observava-me como se estivesse a tentar resolver um problema de matemática do décimo segundo ano. O seu olhar penetrava no meu e eu nem reparava que o seu corpo estava cada vez mais próximo. Tão próximo que sentíamos a nossa respiração. Tão próximo que os nossos lábios se tinham tocado.
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Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PT
RandomVictória é uma rapariga de 17 anos com uma árvore genealógica muito obscura. Nasceu e viveu em Itália grande parte da sua vida mas, forçosamente, teve que ir para Portugal. Com o passar do tempo, conhece Sofia, uma rapariga Lisboeta uns meses mais...