Sofia
03:54
*ti ti ti titititi* *ti ti ti tititit* *TI TI TI TITITI*
Um som irritante e demoníaco despertou-me e desorientou-me. A Vicky também acordou atordoada, mas pareceu saber do que se tratava. Confusa, observei-a a sair de cima de mim e a procurar a origem do som; vinha debaixo da cama. Percebi, quando se baixou para o apanhar, que era o seu telemóvel. Ao ver quem era, atendeu e apressou-se a sair do quarto.
Vicky: Pai! Sim... -Pareceu ficar preocupada. - Mas.. Posso falar com a mãe?... O que é que se passa?... S.. Sim. Por favor, quando puderem, liguem! Não importa a que horas seja, eu preciso de saber das coisas! Está bem. Eu também vos amo... Tenham cuidado, por favor! -Desligou a chamada e regressou ao quarto.
Vicky: Desculpa, acordaste com o telemóvel. -Disse, séria e com os olhos húmidos.
Sofia: Está tudo bem?
Vicky: Está. -Forçou um sorriso.
Sofia: Hey... -Sentei-me na cama com os pés no chão e puxei-a pela mão. -Não parece estar. -Acendi a luz do candeeiro redondo e vermelho escuro que estava na mesinha de cabeceira à minha direita.
Ela olhou para mim, posicionou-se entre as minhas pernas e descansou os braços nos meus ombros, ficando com os seus lindos e grandes seios guardados no seu sutien negro à frente da minha cara...
Vicky: Eles andam à procura dos meus pais.
Sofia: Mas descobriram onde eles estão?!
Vicky: Não sei. O meu pai disse-me que para já não vamos poder falar. Vai ver-se livre dos telemóveis para não os tentarem encontrar por eles. Não tive oportunidade de falar com a minha mãe. Eu queria falar com ela.
Sofia: E como te sentes?
Vicky: Assustada.
Sofia: Para onde é que os teus pais foram?
Vicky: Para a Rússia...
Sofia: Anda cá. -Coloquei as mãos em cada coxa dela, puxei-a para mim e olhei para ela. -Tens que acreditar que vai correr tudo bem. Tens que crer.
Vicky: A máfia anda atrás dos meus pais, Sofia. É a máfia, não apenas uma ou duas pessoas...
Sofia: Por isso mesmo tens que acreditar. Eles vão conseguir livrar-se deles...
Vicky: Às vezes fico arrependida de me estar a aproximar tanto de ti. -Acariciou o meu queixo e os meus cabelos.
Sofia: Ãhm?! Porquê? -Questionei, surpreendida.
Vicky: Não quero que te magoes.
Sofia: Que me magoe?
Vicky: Eles não andam só à procura do meu pai, Sofia. Estão à procura da minha família, incluindo a mim, e...
Sofia: Hey! -Levantei-me. -Ninguém me vai magoar, sim? Vai correr tudo bem...
Vicky: Sofia, eu...
Sofia: Os teus pais já pensaram em ir à polícia?
Vicky: Já, mas... -Parou de falar.
Sofia: Mas?
Vicky: Ameaçaram matar-me se fôssemos à polícia.
Sofia: MATAR-TE?
Vicky: Eu sinto que sou um perigo à beira das pessoas, Sofia.
Sofia: Vic...
Vicky: Sinto que tenho uma bomba agarrada à cintura sobre a qual não tenho poder algum. Não a posso tirar... É como se eles clicassem num botão e a fizessem explodir a qualquer momento! Nós só queremos sair desta vida e eles matam-nos por tentarmos! Estou farta de me esconder em Itália, estou farta de fugir, estou farta de perder amigos e família! Eu não quero perder os meus pais. Não quero perder mais ninguém... Por isso tenho medo de estar aqui contigo. Eu sei do que eles são capazes... -Desapertou as calças e puxou-as um pouco para baixo. -Vês? -Mostrou-me uma cicatriz em forma de V abaixo do abdómen.
Sofia: O que é isto?
Vicky: Há dois anos, raptaram-me. Quando o meu pai foi ao nosso encontro, fizeram-me isto. Fizeram-no à frente dele e ainda se riram, como se fosse algo divertido... Riam-se e diziam "Victória, Victória"... Fizeram pior ao meu tio. Resultou na morte. Percebes agora?
Sofia: Quando me dizes essas coisas eu só tenho mais vontade de te abraçar e te agarrar. É como se eu quisesse parar tudo o que te quer fazer mal... Como se eu fosse um escudo ou uma armadura.
Vicky: Por isso mesmo te digo que não quero que te magoes; porque eu sinto o mesmo em relação a ti...
Ajoelhei-me e beijei-lhe a cicatriz. Beijei-a uma, duas, três vezes...
Vicky: Vem cá... -Curvou-se e uniu os nossos lábios, beijando-me calorosamente.
Sofia: Eu gosto quando me beijas assim... -Sussurrei, entre beijos.
Vicky: Assim? -Separou os nossos lábios e passou-os pelos meus, fugindo quando eu a tentava beijar.
Sofia: E matas-me ao fazer isso...
Vicky: Minha linda... - Esboçou um sorriso do tamanho do mundo.
Sofia: Vamos dormir, vamos...
Vicky: Vou vestir o pijama. -Deu-me um último beijo.
Ela lá foi, com o seu jeito doce e inocente, despir as calças e vestir uma sweat. Eu, apenas de lingerie, deitei-me na cama, por baixo dos cobertores. Ela ficava linda vestida daquela maneira: cuecas pretas e sweat cinzenta e o cabelo enorme, solto e despenteado... Veio para junto de mim e colocou a minha cabeça no seu peito. Mexeu no meu cabelo, beijou-me a testa e cantou até eu adormecer.
Vicky
Vicky: Dorme. Eu vou estar aqui quando acordares.
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Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PT
AcakVictória é uma rapariga de 17 anos com uma árvore genealógica muito obscura. Nasceu e viveu em Itália grande parte da sua vida mas, forçosamente, teve que ir para Portugal. Com o passar do tempo, conhece Sofia, uma rapariga Lisboeta uns meses mais...