12. Feiticeira

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Sofia

O seu olhar penetrava no meu e eu nem reparava que o seu corpo estava cada vez mais próximo. Tão próximo que sentíamos a nossa respiração. Tão próximo que os nossos lábios se tinham tocado.

Os nossos corpos estavam fundidos um no outro, os nossos dedos interlaçados e a respiração ofegante.

Os seus lábios macios de veludo e algodão beijaram os meus, gretados e feridos, como se de uma cura se tratasse. Como se fosse uma emergência. Como se fosse uma necessidade. Os meus lábios, de imediato, entregaram-se e seguiram os seus movimentos como se seguissem a luz do tunel. Esta era a minha luz. A luz que não se vê mas que me ilumina, o fogo que não aquece mas que me escalda, ferve e queima. Queimava a minha pele gelada, a minha face corada e eu só ouvia "Victória", "Victória", "Victória" cem vezes, quinhentas vezes, oitossentas vezes. "Victória", "Victória", "Victória" no meu corpo inteiro, a criar desejo e o beijo parou.

Eu olhei para ela. Fitei aqueles olhos verdíssimos e escutei: Desculpa.

Eu não aguentei e continuei o que ela havia começado. Lancei os meus lábios acabados de chegar da guerra a pedir mais. Beijei aquela boca misteriosa, desafiadora e apetitosa. O beijo era lento como a água que corre num rio. Feliz, como o rio se sente quando encontra o mar. Aquele era o meu mar. Os seus arrepios e beijos eram as ondas das marés, destruidoras de tudo à sua volta. Ela respondia e acompanhava-me como se estivessemos numa dança. Uma dança calma e serena que repentinamente se tornou num furacão: Ela subiu para cima de mim e puxou-me pela camisola para cima, encarando-me rosto a rosto docemente como quem quebra uma regra inquebrável por gosto.

Sofia: Beija-me! -Pedi, impaciente.

Vicky: Queres?

Sofia: Se te estou a pedir...

E assim o fez por segundos e minutos. As suas mãos despenteavam o meu cabelo e percorriam o meu pescoço.

Ela agarrou os meus ombros e deitou-me na cama, prendendo-me na prisão mais livre e deliciosa.

Eu tremia por todos os lados como varas verdes. Senti-me dominada nesta arena. Ela era a gladiadora mais forte. O seu olhar hipnotizava-me, os seus toques faziam-me sentir o sangue a correr nas veias, ouvir o meu coração bater e me sentir insana. Sentia-me o diabo a ser castigado pela proximidade de uns lábios que nunca mais cediam um beijo! Sentia-me um demónio enlouquecido por um anjo que agora praticava atos infernais! Atos infernais doces, divinos, dignos de um lugar no céu (onde eu me sentia).

Finalmente, os nossos lábios selaram-se. Mas desta vez foi com calma, sem pressa. As nossas línguas entrelaçavam-se como laços e deslaços entre amassos e desamassos e eu só queria mais. Ela era esse mais. Ela era o futuro previsto e o passado desentendido. Ela era o presente sentido e a sede do amor nunca antes visto.

Ela era poesia, a sua respiração acelarada rimava com a minha e juntas escreviamos estrofes e versos apenas com telepatia.

Vicky

Eu beijei-a como se este tivesse sido o meu primeiro beijo. Beijei-a como se a conhecesse há anos de cor e salteado como as palmas das minhas mãos.

Os lábios dela moveram-se para a minha bochecha, o meu maxilar, o meu pescoço e ficaram ali, a dar-me carinho com beijos, chupões e mordidas.

Eu caí no seu abraço, ofegante e esgotada, de tanta coisa junta e longe do mundo que dela me mantinha afastada.

Eu não tinha nada a dizer. Apenas era fantásico deitar a cabeça no seu peito e ouvir o bater do coração dela. Batia rápido, como se lhe fosse saltar pela boca...

"Sofia", "Sofia", "Sofia" ocupava a minha mente.

Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PTOnde histórias criam vida. Descubra agora