Vicky
Eu fiquei encostada à parede, sem reação, a um palmo de distância dela. Ela olhava para mim com um olhar vago que transmitia dor. Um olhar confuso, perdido. A sua mão direita apoiava-se sobre um azulejo da parede como se se estivesse a apoiar para não cair.
Vicky: Sofia... -Sussurrei, continuando com o olhar direcionado ao dela. -Tu estás confusa.
Sofia: Estou? -Perguntou retoricamente, com a voz falha, aproximando-se ainda mais de mim.
Vicky: Estás... -Disse, a muito custo, hipnotizada pelos olhos dela.
Sofia: Tu também estás.
Vicky: Eu?
Sofia: Nós. -Encaixou as suas pernas às minhas e colocou o nariz lado a lado com o meu.
Vicky: Os teus olhos...
Sofia: O que têm?
Vicky: Estão mais azuis do que o habitual...
Ela chegou aos meus lábios e parou. Pensei que me ia beijar e, por isso, agi como se tal fosse acontecer. Ela recuou e abriu os olhos outrora fechados, observando os meus lábios semiabertos.
Eu agarrei-a pela gola da camisa e virei-a. Encostei-a onde há momentos eu estava amparada. Ela olhava-me surpresa, e o olhar antes vago, estava, agora, focado e surpreso.
Sem perder tempo, uni os nossos lábios e beijei-a. Ela respondia e seguia os meus movimentos. As minhas mãos amarrotavam a gola da sua camisa. Agarrava-a com força à medida que cada beijo acabava e começava. Ela estava estática. Repousava as mãos nos meus ombros, agarrando-os levemente. Com calma, passei a língua pelo seu lábio inferior. O beijo passou de pequeno para longo e demorado. A sua língua seguia a minha e movia-se com coordenação. "Tu também estás". Sim, é verdade. Eu estava confusa, mas tudo o que eu queria naquele momento era aquilo. A Sofia começou a ficar mais ativa. Novamente, encostou-me com força ao mesmo sítio. As minhas mãos percorriam o seu pescoço e a sua nuca. Eu sentia-me fora do controlo, todo o meu corpo era pura adrenalina. Era como se os nossos lábios tivessem sido feitos um para o outro e estivessem destinados a amarem-se. O cheiro dela era doce, tal como da primeira vez em que a vi. Um cheiro capaz de tornar qualquer situação mais leve.
Os lábios dela escaldavam e aqueciam os meus.
Num desejo de prosseguir, peguei nela ao colo. As suas pernas envolveram a minha cintura e as suas mãos agarravam os meus cabelos como se tomassem uma rédea. Sentei-a no balcão de mármore ao nosso lado e encostei-a ao espelho, com o impulso.
Ela parou o beijo; parecia ter ouvido um barulho. Um barulho suspeito e repetitivo vinha do quarto da Rita. Ninguém estava em casa, mas… Não queríamos ter uma surpresa desagradável.
Vicky: Espera, eu vou ver o que é. -Disse, com um tom de voz baixo para o caso de que se não estivessemos sozinhas, não me ouvissem. -Fica aqui.
A Sofia não soube estar quieta. Seguiu-me, agarrando o meu corpo por todo o lado, beijando a minha nuca, o meu pescoço e os meus ombros. Eu pedia-lhe, gesticulando desesperadamente, que sossegasse. Quando chegamos ao corredor, a porta do quarto estava semiaberta. Para dizer a verdade, eu estava com medo. Sentia aquele medo idiota que sentimos quando ouvimos um barulhinho inocente e inofensivo (normalmente da madeira do chão ou dos móveis a estalar) mas pensamos que é o Satanás a entrar pela casa e a sussurrar o nosso nome.
Vicky: Ai, Sofia, -Olhei para ela. -abre tu a porta!
Sofia: Não! Abre tu! -Arregalou os olhos.
Vicky: Se eu morrer a culpa é tua. -Coloquei a mão no puxador para abrir a demoníaca porta.
Inspirei profundamente para ganhar coragem e abri-a de uma vez só. Olhei para todo o lado e nada. Entrei no quarto com a Sofia pela mão e estava, aparentemente, tudo normal e em ordem. De repente, ouvimos um barulho e soltamos, ao mesmo tempo, um berro. Olhamos para a origem do barulho e percebemos que era a janela que estava aberta e que batia na parede devido à corrente de ar. Aliviada, expirei e fui fechar a janela. A Sofia não parava. Beijava-me enquanto me levava em direção à porta para sairmos mas, quando lá chegamos, encostou-me à mesma e olhou para mim, esboçando um sorriso malicioso.
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Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PT
RandomVictória é uma rapariga de 17 anos com uma árvore genealógica muito obscura. Nasceu e viveu em Itália grande parte da sua vida mas, forçosamente, teve que ir para Portugal. Com o passar do tempo, conhece Sofia, uma rapariga Lisboeta uns meses mais...