19. O Meu Coração

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Sofia

Ontem dormi na minha cama. A Vicky e a Rita adormeceram na sala e eu decidi estrear o meu quarto, já que nunca tinha passado uma noite nele.

Acordei às 7:30 da manhã para tomar um duche rápido. Pude fazer tudo com calma visto que, praticamente, morava a dois passos da escola.

Quando acabei de vestir as minhas calças jeans brancas que tanto gosto, e a minha camisa azul e castanha aos quadrados que combinava com as sapatilhas azuis já gastas que a minha avó Carolina me comprou há um ano atrás, saí do meu quarto pronta para tomar o pequeno-almoço.

Ao passar pela sala, a Vicky e a Rita ainda dormiam. Será que sou a única despachada nesta casa? Eu sabia que a Rita só começava as aulas às 10:10, mas a Vicky entrava à mesma hora que eu.

Silenciosamente, para não acordar a Rita, abanei o ombro da Victória e chamei-a com um tom de voz quase inaudível.

Ela esperguiçou-se e esfregou os olhos, ainda cheia de sono.

Sofia: Vais chegar atrasada, Vicky.

Quando as minhas palavras lhe entraram no cérebro, pulou do sofá num ápice dizendo repetidamente "oh, meu Deus!" "oh, meu Deus!" e correu, desorientada, em direção à casa de banho. Achei graça à cena e não pude deixar de rir.

A Rita continuava a dormir num sono pesadíssimo em que nada a despertava.

Calmamente, e controlando as horas, fui fazer o pequeno-almoço. Preparei dois pães e duas canecas de leite para mim e para a Vicky (sou gentil, eu sei).

Quando estava a acabar de comer, vi-a entrar na cozinha, a colocar o colar do tio ao pescoço, stressadíssima.

Vicky: O que é que ainda estás aqui a fazer? Estamos atrasadas, não precisavas de esperar! -Pegou num pão, preparando-se para o cortar.

Sofia: Toma, tonta. Fiz-te um pão e um leite.

Vicky: Ai! -Deu-me um beijo na bochecha. -Estou em dívida para contigo.

Sofia: Não estamos atrasadas, são sete e quarenta. Come descansada, pequena -Disse, depois de lhe retribuir outro beijo na cara.

Vicky: Até era bom chegarmos atrasadas, assim a Fabiana não nos aborrecia logo de manhã! -Exclamou, enervada.

Sofia: Mantém a calma. Ela não nos vai aborrecer.

Vicky: Não Sofia, não vai. -Ironizou.

Sofia: Olha, -Mudei de assunto. -tenho que te apresentar o Filipe.

Vicky: Quem é?

Sofia: É um amigo meu. Melhor amigo, aliás.

Vicky: Que vergonha! -Disse, com um tom de voz meigo e inocente.

Sofia: Vais-te dar bem com ele! Mas para o vermos tens que te despachar a comer.

Depois de finalmente ter acabado, pusemos as mochilas às costas e saímos de casa. Estava a chover e as pessoas andavam apressadas pelas ruas. Corremos até à escola para não nos molharmos, contribuindo para a agitação da cidade.

Ao portão, estava a Fabiana de braços cruzados e com o carapuço do casaco enfiado na cabeça. A Victória agarrou-me pela manga da camisa e apressou o passo para passarmos por ela rapidamente. A ideia era boa, mas acabou com insucesso. A Fabiana tinha-me agarrado, também, pelo outro braço, fazendo-nos parar.

Fabiana: Larga-a! -Ordenou, fuzilando a Victória com o olhar.

A Vicky colocou-se à frente dela, partilhando o mesmo sentimento nos olhos e disse, firme e autoritária: Nunca!

Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PTOnde histórias criam vida. Descubra agora