Sofia
Ontem dormi na minha cama. A Vicky e a Rita adormeceram na sala e eu decidi estrear o meu quarto, já que nunca tinha passado uma noite nele.
Acordei às 7:30 da manhã para tomar um duche rápido. Pude fazer tudo com calma visto que, praticamente, morava a dois passos da escola.
Quando acabei de vestir as minhas calças jeans brancas que tanto gosto, e a minha camisa azul e castanha aos quadrados que combinava com as sapatilhas azuis já gastas que a minha avó Carolina me comprou há um ano atrás, saí do meu quarto pronta para tomar o pequeno-almoço.
Ao passar pela sala, a Vicky e a Rita ainda dormiam. Será que sou a única despachada nesta casa? Eu sabia que a Rita só começava as aulas às 10:10, mas a Vicky entrava à mesma hora que eu.
Silenciosamente, para não acordar a Rita, abanei o ombro da Victória e chamei-a com um tom de voz quase inaudível.
Ela esperguiçou-se e esfregou os olhos, ainda cheia de sono.
Sofia: Vais chegar atrasada, Vicky.
Quando as minhas palavras lhe entraram no cérebro, pulou do sofá num ápice dizendo repetidamente "oh, meu Deus!" "oh, meu Deus!" e correu, desorientada, em direção à casa de banho. Achei graça à cena e não pude deixar de rir.
A Rita continuava a dormir num sono pesadíssimo em que nada a despertava.
Calmamente, e controlando as horas, fui fazer o pequeno-almoço. Preparei dois pães e duas canecas de leite para mim e para a Vicky (sou gentil, eu sei).
Quando estava a acabar de comer, vi-a entrar na cozinha, a colocar o colar do tio ao pescoço, stressadíssima.
Vicky: O que é que ainda estás aqui a fazer? Estamos atrasadas, não precisavas de esperar! -Pegou num pão, preparando-se para o cortar.
Sofia: Toma, tonta. Fiz-te um pão e um leite.
Vicky: Ai! -Deu-me um beijo na bochecha. -Estou em dívida para contigo.
Sofia: Não estamos atrasadas, são sete e quarenta. Come descansada, pequena -Disse, depois de lhe retribuir outro beijo na cara.
Vicky: Até era bom chegarmos atrasadas, assim a Fabiana não nos aborrecia logo de manhã! -Exclamou, enervada.
Sofia: Mantém a calma. Ela não nos vai aborrecer.
Vicky: Não Sofia, não vai. -Ironizou.
Sofia: Olha, -Mudei de assunto. -tenho que te apresentar o Filipe.
Vicky: Quem é?
Sofia: É um amigo meu. Melhor amigo, aliás.
Vicky: Que vergonha! -Disse, com um tom de voz meigo e inocente.
Sofia: Vais-te dar bem com ele! Mas para o vermos tens que te despachar a comer.
Depois de finalmente ter acabado, pusemos as mochilas às costas e saímos de casa. Estava a chover e as pessoas andavam apressadas pelas ruas. Corremos até à escola para não nos molharmos, contribuindo para a agitação da cidade.
Ao portão, estava a Fabiana de braços cruzados e com o carapuço do casaco enfiado na cabeça. A Victória agarrou-me pela manga da camisa e apressou o passo para passarmos por ela rapidamente. A ideia era boa, mas acabou com insucesso. A Fabiana tinha-me agarrado, também, pelo outro braço, fazendo-nos parar.
Fabiana: Larga-a! -Ordenou, fuzilando a Victória com o olhar.
A Vicky colocou-se à frente dela, partilhando o mesmo sentimento nos olhos e disse, firme e autoritária: Nunca!
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Fica Comigo (Lésbicas/Gay) PT
RandomVictória é uma rapariga de 17 anos com uma árvore genealógica muito obscura. Nasceu e viveu em Itália grande parte da sua vida mas, forçosamente, teve que ir para Portugal. Com o passar do tempo, conhece Sofia, uma rapariga Lisboeta uns meses mais...