Capítulo 3

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Lys

_ Obrigada! _ agradeço assim que Alberto me deixa em casa, mesmo depois que eu insisti que não precisava.

_ A gente precisa conversar Lys, você precisa me deixar entrar, não precisa fazer isso sozinha. _ quando vou abrir a porta ele trava me deixando presa com ele.

_ Não pode me obrigada a ficar aqui, você sabe.

_ Para com isso Lys _ ele grita _ para de fingir que está tudo bem, você levou uma surra e depois outra, e eu vi seus exames, você tem fraturas antigas, eu quase te vi morrer, tem que parar de agir como suicida, você tem pessoas que te amam e querem cuidar de você.

_ Você não pode me ajudar Alberto, não há nada que você possa fazer para mudar os fatos, eu quero te manter a salvo de tudo isso, dessa bagunça que é a minha vida.

_  E o André pode te ajudar? _ ele olha pra frente.

_ André é teimoso, ele está mais do que envolvido nisso, e pra minha tristeza, porque já tentei impedi-lo.

_ Não é o que parece. _ ele põe a mão na cabeça, talvez pensando no que falar.

_ Crise de ciúmes agora? Você não imagina o quanto fica lindo assim. _ ele me olha, eu tiro o cinto e sento no colo dele _ você sabe que eu gosto de você, mas não dá pra ser assim, você tem que tentar me entender. _ quando vou beija-lo ele vira o rosto e destrava a porta.

_ Não posso te obrigar a nada, você já é madura o suficiente, dona da sua vida, e eu não faço parte dela para decidir. _ eu o abraço e deito minha cabeça em seu peito, eu queria tanto que a gente tivesse se conhecido de outra forma, em uma ocasião diferente.

Minhas lágrimas molham a camisa dele, e a pior sensação foi sentir as lágrimas dele molhando meu ombro. Eu odeio tanto o destino que me fez passar por tudo isso pra só depois me colocar pessoas que fossem me ajudar, eu tive que ser quebrada em pedaços para só então me reencontrar. Saio do colo de Alberto e dou um beijo suave em sua boca, graças a Deus ele não fez nada, apenas ficou lá parado. Eu queria poder gritar o quanto eu o amo, mas não posso suportar o peso de conviver com a morte dele, não depois de Charlie. Bato a porta atrás de mim entro correndo em casa, demora um pouco até que ele saia com o carro.

Eu estou cansada de tudo isso, de passar por esse sofrimento, de novo, e de novo. Jogo algumas coisas que estavam na mesa no chão com as lágrimas ensopando meu rosto. Eu moro sozinha agora, já que todo mundo já estava comprometido e em seus devidos lugares, casados, e com os filhos no braço.

Depois de chorar até não poder mais, vou arrumar as coisas que eu quebrei dentro de casa e arrumei minhas malas para uma viagem de última hora depois de comprar uma passagem para o Brasil, não conseguia não pensar na merda que a minha vida se transformou, pego meu telefone e coloco para chamar no caminho do aeroporto.

_ Filha? _ minha mãe fala do outro lado da linha, minhas lágrimas teimosas insistiam em continuar a cair.

_ A mãezinha _ sento na cadeira mais próxima.

_ O que aconteceu filha? Alguma coisa seria?

_ Eu estou indo ficar uns dias aí, se não se importar, eu preciso sair daqui por uns dias.

_ Tudo bem, vamos  conversar aqui, vou te esperar ansiosa e com pães de queijo. _ sorrio, minha mãe sabe como me deixar feliz, eu não gosto de fugir das coisas, mas eu não via outra saída.

_ Comprei uma passagem de última hora, amanhã estou aí mãe. Te amo.

Encerro a chamada já iniciei outra.

_ Liam, desculpe te ligar a essa hora, eu preciso de um tempo longe _ ainda estava chorando, sabia que ele ia ficar preocupado, mas  eu não estava mais importando, só preciso do meu espaço _ estou indo para o Brasil, qualquer coisa, pode me demitir se precisar,  não sei quando irei voltar de lá.

_ Não, jamais faria isso, você precisa de alguma coisa? Vou continuar te pagando, quando quiser pode trabalhar de longe mesmo, se não quiser eu não me importo, faço questão de te ajudar. Mas você precisa de alguma coisa?

_ Não, você já vai fazer muito me pagando, eu... Liam, eu só preciso ir, tá tudo bem.

_ Não tá, mas, espera... _ se cala e depois escuto um suspiro.

_ Lys? _ é a voz da Lucy.

_ Oi Lucy, olha amiga. Não, não fala nada eu... _ choro mais _ só preciso ir, por favor, me entenda.

_ Tudo bem, eu te amo, se precisar estaremos aqui. Quer que eu diga algo para o Alberto?

_ Nada por enquanto, depois eu ligo para ele e explico. Até mais Lucy. _ encerro a chamada e desligo o celular.

Encosto a cabeça na janela do carro e apenas espero chegar ao meu destino, quando isso acontece pego minhas coisas e dez minutos depois já estou embarcando, me ajeitei na poltrona e logo meu olhos pesam e durmo.

Depois de 12 horas e meia de voo desembarquei no Aeroporto Internacional de Confins - Tancredo Neves em Belo Horizonte e minha mãe já estava a minha espera com um sorriso triste nos lábios.

_ Oi meu amor, que bom que veio _ algumas lágrimas caem e eu apenas aproveito o momento _ vamos, ainda está cedo, tem um café da manhã delicioso esperando por você. 

Eu ainda estou em silêncio absoluto, minha mãe falava alguma coisa em português sobre o tempo estar bom para passear no parque. Ela mora em uma fazenda incrível em belo horizonte, ela ama esse lugar e é feliz aqui como nunca foi em nenhum canto antes. Minha mãe tinha razão sobre tudo, a comida estava realmente maravilhosa.

_ Então ninguém lá sabe sobre o nosso passado? _ ela pergunta enquanto lava a louça.

_ Não, principalmente depois de tudo que eu passei, aquele homem é louco mãe _ respondo em português, me impressiona o quanto eu me habituei a esse idioma tão fácil _ se ele fazia aquilo com a gente não gosto nem de pensar no que ele poderia fazer com meus amigos, prefiro não arriscar, e tem o Alberto.

_ Você ama muito esse rapaz não é filha. Tá escrito no seu rosto.

_ Mas eu não consigo pensar, não posso amá-lo e protegê-lo ao mesmo tempo, então preciso deixá-lo seguir em frente sem mim, mãe eu não posso suportar a ideia de vê-lo machucado.

_ Mas você sabe que não pode protegê-lo para o resto da vida e exigir que ele aceite. Tem que lutar por esse amor filha, você nunca passou por isso, e depois do Charlie, você tem que superar meu amor, tem que esquecer.

_ Nunca vou superar o que aquele monstro fez mãe, Charlie era meu irmão _ minha mãe fecha os olhos e uma lágrima cai.

Aquele monstro que se intitula como sendo meu pai quando descobriu que Charlie meu irmão mais velho era gay o expulsou de casa, ele tinha apenas 15 anos, mas esse era só um pretexto que o monstro inventou para acabar com a vida do meu irmão, no mesmo dia mais tarde Charlie sofreu um acidente e o carro dele explodiu, e depois aquele verme veio e disse que o "florzinha" não daria mais trabalho nenhum, algumas horas depois nós recebemos uma ligação dizendo que meu irmão estava morto, ainda demorou algum tempo até que minha mãe decidisse sair de casa e abandonar de vez aquele traste, minha mãe ainda sofre pelo meu irmão, mas nunca mais ela tocou no nome dele, ela finge que não sofre mas já a vi chorar sozinha mas o que eu poderia fazer não é mesmo.

_ Eu não pedi para que esquecesse ele filha, mas você não pode continuar a deixar as pessoas distante por medo.

_ Mãe, como não vou ter medo se ele foi capaz de matar o próprio filho, não vou arriscar.

Apesar de não concordar com a ideia, minha mãe tem razão, pretendo contar quem era o meu pai e o que ele fez, mas ainda não estou pronta, toda crueldade dele comigo pode assustar as meninas, eu nem sei como contar toda essa história mas farei o máximo para desenrolar essa bagunça.

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Então, tivemos mais um hoje, espero que gostem e aproveitem. Até mais ♥️ não esqueçam de curtir e comentar 🤩

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