Camila
Passo o dia todo com Eric e Dahlia, fingindo me divertir para passar o tempo. Saímos para almoçar e para fazer um tour por Hollywood com um guia e visitar um museu antes de voltarmos para o hotel, exaustos. Quer dizer, finjo estar exausta o suficiente para querer dar o dia por encerrado. Na verdade, o que preciso é me preparar para ir ao restaurante de Hamburg ainda hoje.
Dahlia já acha que tem algo errado comigo.
— Você está ficando doente? — pergunta ela, estendendo a mão entre nossas espreguiçadeiras à beira da piscina e sentindo a temperatura da minha testa.
— Estou ótima — respondo. — Só cansada porque levantei muito cedo. E quando foi a última vez que andei tanto assim em um dia só?
Dahlia volta a se recostar em sua espreguiçadeira e ajeita os óculos de sol grandes e redondos no rosto.
— Bom, espero que não esteja cansada amanhã — diz Eric, do outro lado. — Tem tantas coisas que eu quero fazer. Não venho para Los Angeles desde que meus pais se divorciaram.
— Pois é. É a minha primeira vez aqui em dois anos — afirma Dahlia.
Um adolescente pula na piscina e a água respinga em nós. Ergo as costas da espreguiçadeira e agito a revista que estava lendo para tirar as gotas. Ponho os óculos escuros no alto da cabeça. Jogo as pernas para o lado e fico de pé.
— Acho que vou voltar para o quarto e tirar uma soneca — anuncio, pegando minha bolsa do chão.
Eric se ergue também e tira os óculos escuros.
— Se quiser, vou com você — oferece ele.
Agito a mão para ele, pedindo que não se levante.
— Não, fica aí e faz companhia para a Dahlia — sugiro, ajeitando a bolsa no ombro. Abaixo os óculos escuros de novo para que ele não perceba minha mentira.
— Tem certeza de que você está bem? — pergunta Dahlia. — Camila, você está de férias, lembra? Veio para cá se divertir, não para cochilar.
— Acho que vou estar cem por cento amanhã. Só preciso de um banho quente e demorado e de uma boa noite de sono.
— Ok, vou acreditar — diz Dahlia. — Mas nem vem com doença para o meu lado. — Ela aponta o dedo para mim, com ar severo.
Eric fecha os dedos em torno do meu pulso e me puxa para perto.
— Tem certeza de que não quer que eu vá? — Ele me beija e eu correspondo antes de me levantar de vez.
— Tenho — respondo, baixinho, e saio na direção do elevador.
Assim que entro no quarto, tranco a porta com a corrente para que Eric e Dahlia não entrem de surpresa, jogo a bolsa no chão e abro meu laptop, digitando a senha. Enquanto o laptop inicia, olho pela janela e vejo meus amigos, figuras pequenas daquela distância, ainda à beira da piscina. Eu me sento diante da tela e, provavelmente pela centésima vez, olho cada página do site do restaurante de Hamburg, verificando de novo o horário de funcionamento e passando os olhos pelas fotos profissionais do lugar, dentro e fora. Na verdade, nada disso me ajuda muito com o que pretendo fazer, mas olho tudo de novo todo dia, de qualquer maneira.
Derrotada, bato a palma da mão com força no tampo da mesa.
— Droga! — exclamo, desabando na poltrona enquanto passo as mãos pelo cabelo.
Ainda não sei como vou conseguir ficar a sós com Hamburg sem ser vista. Sei que estou dando um passo maior do que a perna. Sei disso desde que tive essa ideia maluca, mas também sei que, se ficar apenas pensando a respeito, nunca vou passar dessa fase.