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Camila

Um tum! pesado me acorda, mais tarde naquela noite. Eu me levanto como uma catapulta.

Vejo dois homens no meu quarto: um desconhecido morto no chão e Shawn Mendes de pé sobre o corpo dele.

— Levante-se.

— Shawn?

Não acredito que ele está aqui. Devo estar sonhando.

— Levante-se, Camila. AGORA! — Shawn me pega pelo cotovelo, me arranca da cama e me põe de pé.

Não consigo nem pegar minhas coisas, ele já está abrindo a porta e me puxando para o corredor com ele, segurando forte a minha mão.

Disparamos juntos pelo corredor e outro homem aparece virando a esquina, de arma em punho. Shawn aponta sua 9mm com silenciador e o derruba antes que o cara consiga atirar. Ele passa pelo corpo me puxando, seus dedos fortes afundando na minha mão enquanto corremos para a escada. Ele abre a porta, me empurra para a frente e nós subimos depressa os degraus de concreto. Um andar. Três. Cinco. Minhas pernas estão me matando. Acho que não consigo andar por muito mais tempo. Enfim, no quinto andar, Shawn me puxa para outro corredor e rumo a um elevador nos fundos.

Quando as portas do elevador se fecham e estamos só nós dois lá dentro, finalmente tenho a oportunidade de falar.

— Como você sabia que eu estava aqui? — Mal consigo recuperar o fôlego, esgotada pela correria infinita e pela adrenalina, mas acho que sobretudo porque Shawn está de pé ao meu lado, segurando minha mão.

Meus olhos começam a arder com as lágrimas.

Engulo o choro.

— O que você estava pensando, Camila?

— Eu...

Shawn segura meu rosto com as duas mãos e me empurra contra a parede do elevador, pressionando ferozmente seus lábios nos meus. Sua língua se entrelaça na minha e sua boca tira meu fôlego em um beijo apaixonado que, enfim, faz meus joelhos cederem. Toda a força que eu estava usando para manter o corpo ereto desaparece quando os lábios dele me tocam. Ele me beija com fome, com raiva, e eu derreto em seus braços.

Então ele se afasta, as mãos fortes nos meus braços, me segurando contra a parede do elevador. Nós nos encaramos pelo que parece ser uma eternidade, nossos olhos paralisados em uma espécie de contemplação profunda, nossos lábios a centímetros de distância. Só quero prová-los de novo.

Mas ele não deixa.

— Responda — exige, estreitando seus olhos perigosos em reprovação.

Já esqueci a pergunta.

Ele me sacode.

— Por que você veio aqui? Tem ideia do que você fez?

Balanço a cabeça em um movimento curto e rápido, parte de mim mais preocupada com seu olhar ameaçador do que com o que ele está dizendo.

A porta do elevador se abre no subsolo e eu não tenho tempo para responder, pois Shawn mais uma vez pega minha mão e me puxa para que o siga. Serpenteamos por um grande depósito com caixas em pilhas altas encostadas nas paredes e depois por um longo corredor escuro que leva a um estacionamento. Shawn enfim solta minha mão e eu o sigo até um carro parado entre dois furgões pretos com o logotipo do hotel nas laterais. Dois bipes ecoam pelo ambiente e os faróis do carro piscam quando nos aproximamos, iluminando a parede de concreto em frente. Sem perder tempo, me sento no banco do passageiro e fecho a porta.

Segundos depois, Shawn está dirigindo casualmente pelo estacionamento até a rua.

— Eu queria que ele morresse — respondo, enfim.

KILLER - 2 LIVROOnde histórias criam vida. Descubra agora