Camila
— Você chegou cedo — comenta Fredrik com um sorriso mortal, porém inimaginavelmente sexy.
As roupas dele são bem parecidas com as de Shawn, mas, em vez de camisa de botão, Fredrik está vestindo uma camiseta branca apertada que adere à sua forma esbelta e máscula. Ele está descalço.
A primeira vez que vi Fredrik, pensei que era impossível haver alguém mais bonito. Com cabelo macio, quase preto, e olhos escuros e misteriosos, suas feições parecem ter sido esculpidas por algum artista famoso. Mas sempre achei que havia algo de sombrio e assustador naquele homem. Um lado dele que eu, particularmente, não faço questão de conhecer. Para mim, basta o jeito como ele era quando nos encontramos: cordial, encantador e misterioso, uma linda máscara que ele usa para esconder a fera que há por trás.
Shawn olha para seu relógio caro.
— Só dez minutos mais cedo — comenta ele.
Fredrik sorri ao se aproximar, os dentes brancos reluzindo contra a pele bronzeada.
— Sim, mas você sabe como eu sou.
Shawn assente, mas não alonga o assunto. A mim, só resta imaginar o que aquilo significa.
— É bom ver você — diz Fredrik, observando-me do topo de sua altura considerável e presença avassaladora. Ele se inclina, pega minha mão e a beija, logo acima dos nós dos dedos. — Ouvi dizer que você matou um homem hoje.
Ele apruma as costas e solta minha mão. Um sorriso perturbador e orgulhoso surge em seu rosto, os cantos dos olhos se aquecendo com alguma lembrança ou... prazer, como se a ideia de matar alguém o deliciasse de alguma forma.
Olho para Shawn à minha direita. Ele assente, respondendo à pergunta estampada no meu rosto. O guarda-costas que apunhalei no pescoço morreu?
Olho para Fredrik e respondo sem rodeios.
— Acho que matei.
Um leve sorriso se abre nos cantos dos lábios de Fredrik, e ele olha de relance para Shawn, sem mover a cabeça.
— E você se sente bem com isso? — pergunta Fredrik.
— Para dizer a verdade, sim — respondo sem demora. — O desgraçado mereceu.
Fredrik e Shawn parecem envolvidos em algum tipo de conversa secreta. Odeio isso.
Enfim, Fredrik diz para Shawn em voz alta:
— Você arrumou sarna para se coçar, Mendes.
Ele então se vira de costas para nós e anda na direção das portas de vidro. Nós o seguimos para o lado de fora, passando pela parte coberta do quintal e descendo uma escada de pedra que leva a um enorme pátio, também de pedra, que se abre em todas as direções. O pátio é decorado com mesas e cadeiras de ferro batido e uma cama com dossel ao ar livre.
Eu me sento ao lado de Shawn em um sofá.
— Como é que você sabe? — pergunto a Fredrik, mas então me viro para Shawn e digo: — E você ainda não me contou como sabia que eu estava aqui.
Na verdade, isso não importa muito, só quero encará-lo nos olhos de novo. Quero ficar sozinha com Shawn, mas por enquanto vou precisar me contentar com os 7 centímetros entre nossos corpos, sentados lado a lado.
— Melinda Rochester me contou — explica Fredrik com um sorriso conivente. Começo a perguntar "E quem é Melinda Rochester", mas ele diz: — Bem, ela contou para todo mundo, na verdade. Noticiário do Canal 7. Um homem morto a punhaladas atrás de um restaurante de Los Angeles.