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Camila

Desço a escada de concreto de dois em dois degraus, segurando no corrimão de metal pintado com as mãos ensanguentadas, até chegar ao térreo. Uma placa vermelha com a palavra SAÍDA está à minha frente. Corro pela passagem mal-iluminada, onde uma lâmpada fluorescente pisca acima de mim e torna o lugar ainda mais ameaçador.

Empurro com força a barra da porta com as duas mãos e ela se abre para um beco. Um homem de terno está sentado no capô de um carro, fumando, quando saio para a rua.

Eu fico paralisada.

Ele olha para mim.

Eu olho para ele.

Ele nota o sangue nas minhas mãos e olha de relance para a porta, depois para mim.

— Vá — diz ele, acenando para a caçamba de lixo à minha direita.

Sei que não tenho tempo para ficar confusa nem para perguntar por que ele está me deixando ir embora, mas pergunto assim mesmo.

— Por que você está...?

— Apenas vá!

Ouço passos ecoando na escada atrás da porta.

Lanço um olhar agradecido ao homem e dou a volta na caçamba, desço o beco e me afasto do restaurante. Ouço um tiro segundos depois que dobro a esquina e torço para que seja aquele homem fingindo atirar em mim.

Evito espaços abertos e corro por trás de prédios, protegida pela escuridão, tanto quanto minhas sandálias de salto alto permitem. Quando sinto que estou longe o suficiente para parar um pouco, tento me esconder atrás de outra caçamba e tiro as sandálias. Arranco a peruca loura e a jogo no lixo.

Não consigo respirar. Estou enjoada.

Meu Deus, estou enjoada...

Encosto na parede de tijolos atrás de mim, arqueando as costas e apoiando as mãos nos joelhos. Vomito com violência no chão, meu corpo rígido, o esôfago ardendo.

Pego as sandálias e saio correndo de novo na direção do hotel, tentando esconder o sangue das mãos e do vestido, mas percebo que não é tão fácil. Recebo alguns olhares desconfiados ao passar depressa pela recepção, mas tento ignorá-los e torço para que ninguém chame a polícia.

Em vez de arriscar ser vista por outras pessoas, subo pela escada até o oitavo andar. Quando chego lá, e depois de tudo o que corri, sinto que minhas pernas vão ceder. Encosto na parede e recupero o fôlego, com os joelhos tremendo descontroladamente. Meu peito dói, como se cada respiração trouxesse poeira, fumaça e cacos microscópicos de vidro para o fundo dos pulmões.

O quarto que divido com Eric está trancado e eu não tenho a chave. Aliás...

— Puta merda...

Jogo a cabeça para trás, fecho os olhos e suspiro, arrasada.

Não estou mais com a minha bolsa. Eu a perdi em algum momento da luta na sala de Hamburg. A chave do meu quarto. Meu celular. Minha arma. Meu punhal. Não tenho mais nada.

Bato na porta, mas Eric não está no quarto. Não esperava que estivesse, na verdade, já que não são nem onze da noite. Só para o caso de estar enganada, no entanto, tento o quarto de Dahlia.

— Dahl! Você está aí? — Bato na porta com pressa, tentando não incomodar os outros hóspedes.

Nenhuma resposta.

Já desistindo, jogo as sandálias no chão e apoio as mãos na parede. Minha cabeça desaba. Mas então ouço um clique baixinho e vejo a porta do quarto de Dahlia se abrindo devagar. Levanto a cabeça e a vejo parada ali.

KILLER - 2 LIVROOnde histórias criam vida. Descubra agora