Segunda-feira, Wiliam acordou cedo, entrou em seu Porshe preto e dirigiu-se a Beverly Hills. Viu May à distância entrar na escola. Nem questionou mais sua obsessão. Sentia-se quase um perseguidor. No dia anterior, tinha visto-a à distância sair da igreja com Peter acompanhada pelo amigo. Pensou em ligar para ela e desejar bom dia, ou perguntar se ela queria almoçar com ele. Covarde como era, olhou a foto no celular na mão uns segundos, sufocou o desejo e desistiu frustrado.
... Na tarde de segunda-feira, May chegou da escola, subiu para o quarto de Peter e o orientou com lições de Inglês. Quando fizesse seis anos, ele frequentaria a escola, mas se pudesse escolher, ela escolheria educá-lo em casa. Ela o deixou desenvolver e ocupou-se com revistas teens de Anny, debruçada em temas que até então nunca tinham lhe chamado atenção. Homem não gosta de ser sufocado ou cobrado. Ninguém gosta, ela ponderou. Como dar prazer... Seja ousada. Praticamente devorou os assuntos. Queria agradá-lo, sair com ele por aí como um casal normal. Queria conquistá-lo sem sufocá-lo com pressão e insegurança. Mas não seria algo fácil. Ele era estranho. Tinha uma parte dele inacessível e esquisita, como o fato dele ir vê-la, mas não falar. Bizarro isso. Mas o deixaria à vontade para tomar iniciativas.
...
Wiliam ficou impaciente e frustrado no decorrer da semana. Esperava que May ligasse dizendo que iria a seu apê. Se a desculpa era levar almoço ou levar plantinhas, não importava. Queria vê-la, ouvir o som de seu sorriso.
Ela não foi.
O fim de semana finalmente aconteceu. Sábado, ela trouxe frutas, suco e bolinhos e avisou que hoje não sairiam. Disse que teria que ir cedo para casa porque tinha uma festa à noite.
‒ Sem problema. Está tudo bem com você? ‒ perguntou ao notar seu semblante desanimado.
‒ Sim. Só estou preocupada... Encontrar o Daniel não tem sido fácil ‒ lamentou e deitou a cabeça no ombro de Wiliam, esperando o elevador.
Ele beijou sua cabeça e acariciou sua nuca. ‒ Não vá.‒ Eu tenho que ir. Lá há pessoas que precisam de mim ‒ argumentou e pôs os braços em volta do seu pescoço. ‒ Mais tarde eu volto para você ‒ deu-lhe um selinho. ‒ Eu trouxe o caderno de desenhos de Peter, caso você não queira descer para praia. Se for, lembre de não o deixar entrar no mar. E se ele ficar em casa, não o deixe ficar a manhã toda assistindo TV. Ele já passa muito tempo na semana ‒ enumerou.
‒ Tudo bem, mamãe superprotetora ‒ gracejou com beijinhos. Ela desceu.
Depois de brincar com Peter na praia grande parte da manhã, os dois foram ao supermercado. Comprou milho para pipoca, sorvete, suco, legumes, folhagens e peixe assado que sabia que May gostava. De um modo tácito, mudaram a rotina. Era ele quem cozinhava para ela agora.
Após almoçarem, Peter dormiu. Wiliam notou que logo que ela chegava da casa de recuperação, comportava-se de modo introspectivo. Ele justificou sua atitude com o fato de encontrar-se com o tal amigo. Será que ela estava arrependida?
‒ Cansada? ‒ perguntou quando terminaram o exercício. Ela deitou de costas no carpete.
‒ Sugada ‒ sorriu fraco.
‒ Como foi lá? Seu amigo estava lá? ‒ ele se deitou ao seu lado no carpete.
‒ Sim. E não me deixou em paz um minuto ‒ reclamou. ‒ E aqui? Como Peter se comportou?
‒ Bem. Ele é muito bem educado ‒ bajulou e apertou seu queixo, brincalhão. Pôs uma perna por cima da dela, segurou sua cintura e a beijou. Ela recebeu, acariciou sua língua, e ele rolou para cima dela. Foram beijos de saudade, de intimidade. ‒ Eu gosto tanto quando você está aqui ‒ ele declarou e desviou para seu pescoço. ‒ Não queria precisar te dividir com ninguém ‒ afastou a blusa de alças e desceu com beijos para a clavícula. ‒ Não paro de pensar em você um segundo.
‒ Eu também não paro de pensar em você ‒ ela revelou encantada com a declaração.
‒ O que vamos fazer? ‒ afastou a blusa e deu pequenos beijos na lateral interna do seio, mantendo- se atento para o movimento da porta, já que Peter dormia na outra sala.
‒ Que sugestão você dá?‒ Não sei... Quero que você decida tudo sobre nós ‒ salpicou beijos no seio, comodamente, evitando o bico de propósito.
‒ É para não se sentir culpado, não é? ‒ chiou, a respiração acelerada.
Ele levantou o rosto e olhou-a. Ela era muito mais perceptiva do que imaginava
‒ Não ‒ negou e beijou molhado o monte macio, a boca aberta, fazendo carinho e cócegas. Ela adorou aquela intimidade. ‒ Só não quero que você se sinta coagida a nada, só isso... ‒ afastou suas pernas com o joelho e abrigou-se no calor das suas coxas. ‒ Mesmo assim, você sabe aonde iremos chegar, não sabe? ‒ sugeriu matreiro. ‒ Em breve sua calcinha desaparecerá e suas pernas viverão enroscadas em minha cintura ‒ prometeu natural. Ela quase sufocou com suas palavras diretas, depois sorriu. Era bom que ele a tratasse como mulher, não com os recatos que trataria uma adolescente.
Enfiou os dedos em seu cabelo e beijou-o na testa.
‒ Hoje à noite eu tenho um baile para ir da escola secundária ‒ ela começou, hesitante. Deitaram de lado no carpete. ‒ Você quer ir comigo? ‒ convidou insegura.
‒ Não ‒ negou imediatamente. Ela imaginou ser essa a resposta, mesmo assim, baixou o olhar frustrada pela negativa. Ele percebeu e adicionou uma desculpa. ‒ Isto será uma festa para adolescentes, não para adulto.
‒ É de adulto, sim ‒ insistiu obstinada. ‒ Todos os professores vão estar lá. ‒ Ah, tá, e eu iria ficar com os professores? ‒ brincou para distraí-la, mas ela não seria fácil de ser dissuadida.
‒ Lógico que não ‒ rolou os olhos. ‒ Você seria meu convidado.
Ele balançou a cabeça e pensou no que implicaria ser presenciado na companhia da adolescente em festinhas juvenis. Era irrealizável. Enrolar-se em uma teia de aranha que ele mesmo estava a tecer com omissões e mentiras já era suficiente. Expor-se no mundo de May agravava mais a situação.
‒ Não, May. Péssima ideia.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Recomeço
RomansaMaite cresceu rodeada de maldade, drogas e prostituição. Emergiu íntegra em meio à lama que viveu e construiu uma nova vida em que se dedica a resgatar e encaminhar viciados em drogas à recuperação. Wiliam é um homem amargo, austero, solitário. Sofr...