No sexto dia que cumpria expediente monitorando entradas de visitantes ao núcleo de custódia, Wiliam pensava
distraído em sua situação com May. Ele podia dormir com ela, jantar, sair, tocá-la, mas ela em todo tempo mantinha a
proteção. Sempre passiva, com olhar remoto e expressão pensativa.
Esfregou a nuca, suspirou e sentiu-se novamente culpado por mantê-la sob pressão. Fechou os olhos e apoiou as
costas na cadeira, lembrando o quão difícil era dormir com ela e não poder amá-la. Passava a noite toda tocando, acariciando e não saciar a fome de seu corpo era a parte mais difícil da noite, quando dormindo ela era tão receptiva e indulgente. Desde o início ele não se deteve em beijá-la no pescoço, costas, colo. E cada noite a explorou mais um pouco. Por fim, passou a lhe levantar a blusa e dormir com a cabeça e mão em seu seio. E essa noite, oh, Deus, que canalhice fez, baixou sua calcinha e foi
difícil resistir não entrar nela, já que passou um grande tempo com a cabeça lá. Tudo começou com beijos de saudade
salpicados na pélvis. Depois lhe afastou as pernas e lambeu suavemente a carne brilhante. E, nossa, como sentia falta de seu gosto. Cavou-a profundamente com a língua, fechou os olhos e saboreou o broto, lambendo-o suavemente. Hmmm, fazia tanto tempo. Quando sentiu que ela gemeu, contorceu e que logo acordaria, a sensatez rompeu a nuvem do desejo, afastou-se dela e procurou encontrar a razão aliviando-se no banheiro, para não ser chamado de, além de tudo, tarado estuprador de vulnerável. Todavia, às vezes tinha dúvidas se ela estava acordada ou dormindo. E se estivesse acordada, ela permitia-o explorá-la?
Um comentário de um agente o puxou de volta a realidade e o impediu de desfiar o questionamento. "Nossa, eu vou descer para participar da revista. Essas mulheres de traficantes são tudo gatas!" Comentou empolgado."É, pelo menos isso para tirar a sensação de monotonia." Martin comentou, entediado. Ele era um dos agentes sob
proteção do Estado por ter testemunhado contra Julian e a equipe. "Dizem que todos os visitantes de traficantes são
submetidos a uma revista minuciosa." Martin continuou. "Já existem métodos de enganar o raio-X humano. E geralmente as mulheres escondem drogas internamente, as quais elas entregam nas visitas íntimas aos seus companheiros." "Mas vocês não podem descer, lembrem disso." Eugenio ressaltou. "Lá é um local restrito a agentes femininas." "Mas se eu fosse Wiliam, desceria." Martin apontou para a tela. "Principalmente quando corre o risco da mulher dele tirar a roupa em frente a um monte de câmeras de monitoramento." Imediatamente Wiliam ergueu o olhar e visualizou May e Anny na fila de check-in para visita.
Nem pensou no que fazia, somente levantou-se subitamente alterado da cadeira, atravessou a sala furioso por May ter lhe desobedecido e bateu a porta com força atrás de si. O restante dos homens aproximou-se das telas, sentaram e puseram os pés sobre a mesa para visualizar as cenas a seguir.
Enquanto Anny contava a May as novidades sobre o bebê, as duas aguardavam na fila. Já tinham entregado os bens pessoais como celular e chave do carro e dirigiam-se ao cubículo onde seria feita a leitura corporal. Entretanto, Anny não poderia passar pelo aparelho por estar grávida, então ambas se dispuseram a fazer a revista íntima.
May desabotoou os botões da camisa preta, de manga japonesa, fingindo tranqüilidade, paralelamente encorajando
com o olhar Anny, que não gostava de visitar presídio por se sentir constrangida ao ter que passar por tal situação.
Não obstante, antes que desfizesse totalmente da roupa, o trocador foi subitamente invadido por Wiliam, que fechou a porta e apertou fortemente o braço de May, com o semblante carregado de fúria. "O.que.você.está.fazendo.aqui?" Rosnou, transtornado."Eu...?" Ela balbuciou surpresa, vendo aquela expressão feroz e territorial em seus olhos que ela sempre soube
existir... E temeu o que viu, sentindo um gélido arrepio de medo percorrer-lhe a espinha. "O que você está fazendo aqui?" Devolveu a pergunta, puxou o braço e recuperou parte da postura. "Se você tivesse me dado a chance de falar sobre mim esses dias, teria descoberto que eu trabalho aqui agora." Prensou-a na parede, com as duas mãos em seu braço. "Esse não é lugar para você." Sentenciou e cada palavra sua aumentou a resolução nela em impor resistência. "Ah, e como sua prisioneira, você não me dá o direito de ir e vir, é isso?" Ergueu o queixo, desafiadoramente. "Droga, May, não é isso." Relaxou um pouco o aperto. "Eu só não quero que você se exponha a isso." Apontou para
fora, local onde era a revista. "Por quê? Foi você que me levou a isso!" Provocou, com a garganta ardendo de raiva por sua possessão. "Tenho que
te lembrar que meu irmão está aqui?" "Você não vai ver Sebastian!" Ordenou austero, e seu ataque de arbitrariedade reavivava o espírito indomável nela. Eis
o porquê de não ceder a esse amor bandido. Ele continuava o mesmo prepotente, vingativo e dono da razão. Capaz de trabalhar no presídio que Sebastian estava só para presenciar de perto sua ruína. Deus, quando ia acabar essa perseguição?! "Fale o que tem que falar que eu dou o recado a ele." Continuou. "E você vai embora já daqui!" Apontou para fora. "Eu não vou embora!" Teimou, com os nervos sublevados, as lágrimas ameaçando subir aos olhos. "Vai sim." Deu um sorriso malvado e adocicado. "Eu trabalho aqui. Continuo mantendo um poder enquanto a Justiça
não decidir o contrário." Elucidou com falsa calma. "E se eu for à informática agora e pedir para bloquear sua passagem, você não vai entrar." Evidenciou com mordacidade.
Anny, que para eles era invisível, assistiu a cena arbitrária abobalhada.
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Recomeço
RomanceMaite cresceu rodeada de maldade, drogas e prostituição. Emergiu íntegra em meio à lama que viveu e construiu uma nova vida em que se dedica a resgatar e encaminhar viciados em drogas à recuperação. Wiliam é um homem amargo, austero, solitário. Sofr...