Capítulo 28

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Após o transtorno de passar pela Agencia da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Los Angeles, LAX, para
validar a autorização de saída do país para Wiliam, os dois casais seguiram uma viagem tranquila rumo às ilhas da Polinésia Francesa.
Depois de um dia exaustivo e tenso, May deitou o banco do avião e dormiu quase todo o trajeto. Wiliam manteve-se
reservado, observando-a e conjecturando explicações para sua resolução de viajar sem Peter, sendo o menino o motivo
principal deste casamento. Enquanto vigiava seu sono, deitou-a em seu colo e cobriu-a com sua jaqueta, ao tempo em que lhe acariciava o cabelo. Tinha tanto medo de fazer as coisas erradas novamente. Não queria precipitar-se, atropelar tudo e tirar conclusões equivocadas.
Às três da manhã pousaram na costa e, após pegar uma lancha, desembarcaram no Resort que se hospedariam,
seguindo depois para o chalé isolado que ocupariam, o qual distanciava pelo menos 200 metros do próximo hóspede. May
mal entrou no quarto, caiu cansadamente na cama e dormiu. Wiliam permaneceu algum tempo observando-a do sofá,
assistindo-a mover-se inquieta no vestido soltinho verde, com coxas e nádega exposta. Lutou contra o sono algum tempo, deleitando-se com a visão, depois, ansioso com o futuro, deitou-se ao lado dela totalmente vestido— para não convidar a tentação—, e deixou o sono o levar.
Acordou com a claridade do sol no rosto, esfregou os olhos completamente atordoado pela série de acontecimentos
no dia anterior e tateou a cama... Sozinho. Absolutamente sozinho. Levantou, caminhou com olhos semi-fechados até o
banheiro, jogou a roupa no cesto e tomou um banho. Ao voltar ao quarto, estava mais acordado, visualizou a mala de May
aberta e inclinou-se diante da sua própria. Vestiu uma sunga preta, uma bermuda de brim branca e camisa tropical verde que Anny comprou para a viagem. Sentou-se à mesinha de lanche, comeu umas frutas, depois passou protetor solar no rosto e braços e saiu do chalé usando boné e óculos de sol.

O complexo que se hospedaram era rodeado em toda a extensão por chalés com praias privadas, interligados por
passarelas de madeiras que levavam ao centro da ilha, local onde ficava a recepção do Resort, restaurante e bares. Wiliamcaminhou pela passarela distraído com a beleza natural do lugar, passando por jardins e vegetações tropicais. Atravessou a luxuosa recepção, um bangalô com piso de vidro sobre uma lagoa, que dava a visão de um viveiro de coral com várias espécies de peixes nadando sob os pés na água turquesa. Cumprimentou sério as recepcionistas e desceu os degraus que daria em
outra passarela.
Ao passar distraído ao lado da grande estrutura do restaurante em madeira natural e bambu, avistou de longe Poncho
sentado em uma banqueta no bar, próximo ás espreguiçadeiras enfileiradas na areia branca. Tirou as sandálias, segurou-as na mão para caminhar na areia e apressou-se até o irmão. "E ae." Cumprimentou-o e sentou-se na banqueta do bar, olhando nesse tempo para todos os lados, procurando
May. "Bom dia!" Poncho cumprimentou-o com um sorriso alegre de quem estava realizado com a vida. "Pelo jeito vocês acordaram cedo." Comentou ao olhar o relógio de braço, conferindo ser quase onze. Queria que
May o tivesse acordado para acompanhá-la. De qualquer modo, não ia ser pegajoso, ciumento, nem possessivo. Não iria sufocá-la nem agir precipitadamente. Recitou mentalmente. "Sim. As mulheres estão tomando sol desde as oito." Poncho levantou e recebeu do garçom dois copos enfeitados com
guarda-chuvinhas. "Tive que vir ao bar, porque o pedido da minha mulher é especial. Ela ficou com medo do garçom não entender." Rolou os olhos divertido. "Ah..." Parou como se lembrasse de algo importante quando já caminhavam em direção às cadeiras. "Só pra registrar, sua mulher tem bustos bonitos." Disse brincalhão. "Quê?" Wiliam juntou a sobrancelha e balançou a cabeça sem entender. Poncho apontou despreocupado para frente,
onde Wiliam percebeu perplexo que dezenas de mulheres expunham-se em espreguiçadeiras de junco fazendo topless. "Que merda é aquela?" Ofegou boquiaberto ao perceber May na oitava cadeira.

"Um monte de mulher tomando sol." Rolou os olhos como se fosse o óbvio.
Esse não era o caso. Pro inferno se um monte de mulher dos outros fazia topless. A dele não! "Isso eu vi." Manteve os olhos fixos lá, carrancudo. "E que falta de respeito é essa de você falando dos bustos da
mulher dos outros?" Inquiriu emburrado.
O que estava dizendo mesmo minutos atrás? Ah, nada de ser possessivo. Bem, falar era fácil.
Poncho riu zombeteiro e deu de ombros. "Ai ai, e agora você vai ter ciúme do próprio irmão, quando estrategicamente o bar fica bem ali..." Apontou para o
lugar de onde vieram. "Com todos os homens podendo apreciar abertamente." Arreliou gracejador.
Wiliam olhou para trás, viu os diversos rostos masculinos, fechou as mãos em punhos e ficou mais aborrecido. "Relaxa, irmão." Poncho riu e bateu com o cotovelo em sua costela. "Quando se vê de dúzia assim, fica tão comum
como ver bumbuns." Piscou. "Desmistifique os seios!" Dramatizou brincalhão. "Além do mais, todo mundo que está aqui tem companhia. O Resort é especializado em casais. Ninguém aqui veio à caça." Tranqüilizou. "Por falar nisso, como foi seu resto de noite? Deu pra relaxar? Vocês se acertaram?" "Deu pra relaxar." Respondeu evasivo, de maxilar travado com o furioso e impotente ciúme.
Seu irmão não sabia sobre os novos termos do arranjo, nem sobre sua insegurança e dúvida. E Wiliam não queria se expor. Quando comprou o pacote para lua de mel, imaginou que mesmo que May trouxesse Peter, com o passar dos dias o ambiente afrodisíaco uniria naturalmente os dois. Agora não sabia como agir, nem o que esperar... As atitudes dela eram absolutamente imprevisíveis. Quem imaginaria que ela iria colocar os peitos de fora? Deus o ajudasse a ser homem suficiente
para agüentar as provas, ficar na passiva e esperá-la ditar as regras!

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