Verdadeira Inocência

10K 571 60
                                    

Ela vem até onde estou e me abraça forte, como se tudo dependesse desse abraço, sinto seu cheiro doce e suave que estranhamente me atordoa.

Ela chora abraçada a mim, posso compreender muito bem o que ela está sentindo, é quase o mesmo que eu sinto.

Depois que a surpresa do abraço passa eu a abraço e a única coisa que posso sentir é conforto.

— Eu sinto muito. Ela diz em um sussurro rouco.

— Também sinto, mas devemos saber que fatalidades acontecem. Falo para ela me condenando por fazer tão pouco caso das vidas dos meus pais.

— Oh meu Deus, estou me sentindo tão perdida, é a segunda vez que as pessoas que eu amo são arrancadas de mim, sem mesmo eu ter como dizer adeus. Ela sussurra triste.

— Eu realmente sinto muito por seus pais e também pelos meus, sei como se sente por que também não tive a oportunidade de me despedir, de pedir perdão ao meu pai. Sinto minha voz falhar.

— Obrigada por vir, o doutor Paulo disse que tentaria falar com você para que viesse, eu realmente não sei o que fazer. Ela diz e sua voz falha novamente.

— Pronto, pronto, shiiii, eu estou aqui. Falo a ela.

Sinto-me no dever de protejer ela, tão frágil e sozinha, a envolvo em um abraço e sinto como se já nos conhecemos a anos.

— Obrigada. Ela sussurra e sai do meu abraço.

A vejo caminhar até a porta de entrada da capela e depositar as flores brancas.

— Você já está indo? Pergunto.

— Sim, tenho que arrumar meus pertences, agora que titio e titia morreram eu não posso mais ficar na sua casa. Ela diz com verdade em suas palavras.

— Preciso falar com você sobre um assunto importante. Digo a ela.

— Acho que devemos voltar para casa, está muito frio. Ela diz estremecendo.

— Certo, lá conversaremos. Digo a ela.

Caminhamos em silêncio até a casa e quando chegamos as portas, um garoto aparece.

— Senhorita Alice, mamãe mandou eu agradecer o casaco de lã que a senhorita tricotou para mim. Disse o menino.

— Ah não é preciso agradecer Dênis, o seu estava muito velho. Ela diz sorrindo.

— O senhor Erick no ano passado trouxe roupas novas para nós no Natal. Diz o garoto tristonho.

— Eu lembro, foi o melhor Natal. Ela diz a ele.

O menino parece me notar e me olha com medo.

— Oh meu Deus senhorita, tome cuidado ele é um gigante. Diz o menino e sai correndo.

Ela ri e sua risada gostosa é contagiante.

— Oh por favor, não ligue para Dênis ele é um ótimo garoto, é que nunca vimos um homem tão grande como você. Ela diz sem pensar.

Eu arqueio uma de minhas sobrancelhas e a fito sem entender.

— Como disse? Pergunto.

Ela enrrubece e olha para o chão.

— É que as pessoas não vem muito em casa, principalmente os homens, tio Erick não gostava da presença de estranhos. Ela diz.

— Tudo bem, eu lembro disso. Falo e solto uma gargalhada.

Ela ri e entra em casa, tira as luvas e as dá a Evan.

— Como foi o passei senhorita? Ele pergunta.

DOCE ALICEOnde histórias criam vida. Descubra agora