Diário

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O novo ano começa e tudo o que eu quero é ter Alice, isso estava acabando comigo, eu nunca tive a coragem de me tocar depois de saber o que era uma mulher.

Olho para o lado de fora e vejo que começa a nevar.

Depois de tudo o que tinha acontecido e mesmo me condenando por ser um completo imbecil ao fazer isso, mandei Alice para a mansão Monte Carlo de meus pais, no centro da cidade, lá ela não correria o risco de me ter por perto, contratei um mordomo para mim e pedi a Harley que fosse para cuidar dela.

Alice foi e nem mesmo se despediu de mim, depois da noite do baile, meus clientes só duplicaram em relação a antes.

Eu sabia bem que amar era um processo de aceitação, o primeiro passo fora dado, reconhecer que amava, mas o problema foi os passos seguintes.

Alice era a minha maior perdição e a minha maior salvação.

Seu corpo era o meu inferno, mas seu jeito era o meu céu.

A grande confusão de minha mente se dava pelo fato de eu não ver Alice como um ser carnal.

Para mim ela era uma alma pura dentro de um corpo tentador.

Para mim era um pecado tirar toda a inocência que ela tinha, meu maior medo era perde-la para mim.

Suspiro e olho os livros ao redor da minha mesa.

Levanto e caminho para fora do escritório, sigo na direção oposta do corredor e entro no estúdio.

Aspiro fundo sentindo o cheiro delicado dela e caminho até o piano.

Começo a tocar notas aleatórias, mas paro assim que a porta se abre.

Olho para o lado e vejo Harley a porta.

_ Vim ver se já tinha morrido. Ele fala.

_ Não, eu ainda não morri. Digo ao velho homem.

O homem alto e esbelto de cabelos grisalhos caminha até onde estou e fica me olhando.

_ Você não fez o que eu disse não é? Ele pergunta.

_ Do que está falando? Pergunto confuso.

_ Você não se olhou no espelho. Ele diz.

_ Eu me olho no espelho todos os dias. Digo a ele.

Ele segura meu braço e me puxa, me levando até o espelho que tinha ao lado da estante de livros, me coloca na frente e se põe ao meu lado.

_ Olhe nesse espelho. Digo a ele.

Eu olho para o espelho e me vejo nele.

_ Estou olhando. Digo a ele.

_ O que vê? Ele pergunta.

Olho o meu reflexo e suspiro.

_ Um homem alto, forte, cabelos pretos, olhos azuis e pele clara. Digo a ele.

_ Eu vejo um jovem engenheiro, bonito, alto, forte com olhos azuis oceânicos profundos e expressivos, com um rosto forte e teimoso, que não aceita receber ordens e odeia profundamente regras. Ele fala.

Olho para Harley e suspiro.

_ Não me sinto assim. Digo a ele.

_ Isso é porque falta algo. Ele fala.

_ Não entendo Harley. Digo e me viro.

_ Falta ela. Ele fala olhando em meus olhos.

Olho para o espelho e imagino ela ali comigo.

DOCE ALICEOnde histórias criam vida. Descubra agora