— Já não era sem tempo — resmungou meu pai, com os olhos baços, sentado no sofá. Mesmo a dois metros de distância eu podia sentir o cheiro de álcool do uísque vagabundo que ele estava sempre bebendo. — Quanto você tirou hoje, linda?
— Não me chame de linda. Aqui está o seu dinheiro.
Entreguei apenas parte do dinheiro, eu sabia perfeitamente para onde esse dinheiro iria: mais cachaça.
— Isso é pouco. Cadê o resto?
— É tudo. Só tivemos um show hoje.
Ele riu com desdém.
— Claro que só teve um show essa sua bandinha de mer-da — ele realmente separou a palavra em duas sílabas.
— Essa bandinha de merda é o que mantém o seu rabo sentado confortavelmente no sofá sem precisar trabalhar, seu porco — sibilei.
Sim, eu sabia que ele era meu pai e que eu devia respeito à ele. E eu o respeitava quando estava sóbrio, o que só acontecia quando ele estava dormindo.
— Olha aqui, sua piranha... você deveria ser grata por ainda ter uma casa. Não é todo mundo que aceita uma vaca sem um pingo de consideração embaixo do seu teto.
— Ah sim, porque você faz muito para manter o teto sobre sua cabeça. Se não fosse pelo meu trabalho com certeza você estaria dormindo na sarjeta em uma rua qualquer.
— Cuidado com o jeito que fala comigo. Eu ainda sou seu pai e exijo respeito.
— Eu te trato como você me trata. Me respeite e eu o respeito, não o faça...
Não consegui terminar a frase. Com um gesto rápido ele deslizou a mão pelo ar até acertar o meu rosto com tanta força que estalou.
— Seu desgraçado! Eu te odeio!
Ele ergueu a mão e, mais rápido do que eu poderia prever que um cara quase desmaiado de bêbado poderia ser, agarrou o meu cabelo.
— Cala a boca! -- sua língua enrolava um pouco.-- Eu faço tudo por você e é assim que você me trata?
— Me... solta... seu bastardo! — rosnei tentando agarrar a mão dele e chutá-lo ao mesmo tempo.
— Solta ela! — esganiçou uma vozinha no canto.
Essa não.
Lá estava Patrick, a boca lambuzada de cor-de-rosa, os olhos arregalados e ele agarrava a haste do pirulito com as duas mãos como se sua vida dependesse daquilo.
— Patrick, sai daqui. Vá para a casa do Jay— mandei quase delicadamente apesar de ainda estar tentando chutar o meu próprio pai.
— Ele vai te matar, Lexi — gemeu meu irmão.
Tentei persuadir.
— Não, não vai. Seja bonzinho. A mana vai resolver isso.
— Dá o fora daqui pirralho — o velho exigiu. — Onde você conseguiu esse doce?
Os olhinhos de Patrick correram para mim, ele estava chorando.
— Não é da sua conta — sua voz saiu em um sussurro quase inaudível.
— Foi você! Não tem dinheiro para ajudar o seu próprio pai mas tem para mimar o seu irmão, não é?
E mais rápido do que me agarrou ele me soltou para avançar em Patrick. E então virou o inferno.
Eu me interpus entre os dois.
— Você não vai tocar no meu irmão! — urrei. — Patrick, vá para a casa de Jay e não saia de lá até eu te buscar.
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Uma nova princesa para uma nova Illéa [CONCLUÍDA]
Fanfiction21 anos se passaram, as castas foram dissolvidas, Maxon e America tiveram seus próprios filhos e chegou a hora do príncipe-herdeiro ter a sua própria Seleção. Uma das garotas da nova Seleção é Alexia Piper. Ela vê a Seleção mais do que apenas um con...