Família

3.5K 294 38
                                    


Pela primeira vez na minha vida, eu não sabia o que fazer.

Corri para fora do Salão das Mulheres em direção ao meu quarto e desabei, soluçando e tremendo como uma criança. Uma parte — pequena e egoísta — de mim estava grata porque meu pai não poderia torturar Patrick, todo o resto estava em prantos. Era a minha segunda perda em menos de seis anos. Eu era órfã. Meu pequeno e doce irmão era órfão.

Minhas criadas me abraçaram daquela forma materna e isso só me fez chorar mais.

Quando consegui formular alguma coisa chamei pelo único nome que poderia me ajudar naquele momento.

— Caleb — sussurrei nos braços de Diana, que afagava meus ombros.

— Gabe, vá chamar o príncipe Caleb — ela mandou com um ar autoritário, porém delicado. Vi quando a pequena morena se levantava e praticamente se jogava porta afora, afoita para me livrar daquela agonia.

Minutos depois, Caleb apareceu no quarto e me tomou em seus braços com ose quisesse tomar minha dor para si.

— Deixem-nos sozinhos — pediu delicadamente às criadas.

Não consegui ver a reação delas, mas eu soube qual era: reverências e fazer o que ele queria.

Caleb não exigiu nenhuma explicação, ele apenas afagava meus cabelos. Talvez ele estivesse assistindo aquela coisa horrível, porque não disse "Vai ficar tudo bem" e nenhuma dessas baboseiras motivacionais que as pessoas falam para tentar acalmar as outras, ele apenas me segurou em seus braços e me deixou estragar seu terno engomado.

— Eu quero ir embora — solucei agarrando-me mais ainda em seu pescoço. — Me deixe ir para casa.

Ouvi quando Caleb parou de respirar. Ele me segurou pelos ombros, forçando-me a olhar para ele.

— O quê? Não! Você não pode, Alexia — seus olhos estavam arregalados, loucos, apavorados.

Ergui o queixo teimosamente e recuei.

— Você não pode me manter aqui contra a minha vontade.

Ele segurou meus pulsos contra seu peito, os olhos fixos em meu rosto.

— Eu não pretendo mantê-la aqui contra a sua vontade, mas não posso permitir que você vá para casa agora. Não posso permitir que corra esse tipo de risco, Alexia — Caleb encostou a testa na minha, fechando os olhos. — Eu não posso perdê-la. Não consigo sequer pensar nessa hipótese.

Respirei fundo algumas vezes. A agonia em cada traço de seu rosto dilacerou meu coração.

— E eu não posso perder meu irmão e meus amigos, Caleb. Quantas pessoas queridas mais terão que morrer por causa da Seleção? Por causa de nós?

— Ninguém mais irá morrer, Alexia — ele finalmente abriu os olhos, e eles estavam determinados. — Eu não vou permitir.

— Não é uma opção sua para permitir ou não — lembrei-o. — E eu preciso ir para casa, isso é importante para mim.

Caleb parecia querer discutir, mas pensou melhor.

— Podemos falar sobre isso em outra ocasião. Não quero sobrecarregá-la, em especial agora.

Apoiei a cabeça em seu peito.

— Obrigada.

Caleb delicadamente começou a tirar os grampos do meu cabelo.

— Você precisa descansar.

— Está cedo — comentei, apesar de que descansar soar ótimo para mim. Eu estava prestes a ter um colapso e sabia disso.

Uma nova princesa para uma nova Illéa [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora