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Procurei Caleb feito uma doida no palácio, o homem parecia ter se tornado fumaça. Por quê eu estava procurando-o? Sinceramente nem eu sabia, mas eu não queria que as coisas acabassem daquele jeito entre nós. Tá, eu não queria que as coisas acabassem entre nós.

É, eu sei... fui má com ele nos últimos dias, mas as circunstâncias eram totalmente diferentes e eu tinha um atenuante: Jay só estava testando uma coisa, não havia nada demais ali.

Estremeci.

A quem eu queria enganar? Meu melhor amigo me beijou. O cara por quem eu sempre tive uma queda desde que entendia o que era ter quedas me beijou e eu não liguei. Não senti absolutamente nada. Bom, senti choque quando Caleb apareceu do absoluto nada ali. Humilhação, raiva, descrença por seu jeito cruel de não querer me ouvir.

Desisti de encontrá-lo depois do que me pareceu uma eternidade. Eu não conhecia o castelo e ele poderia estar entocado no abrigo-academia ou em qualquer outro abrigo. Infantilmente eu pensei em chorar, mas então uma luz se acendeu na minha cabeça: Lynn. Ela havia me dito que conhecia Caleb como ninguém, ela poderia me ajudar a explicar o que havia acontecido e o mais importante: fazê-lo ouvir.

Se eu fosse mandada embora — e eu tinha certeza que seria — pelo menos minha consciência estaria tranquila, mesmo que meu coração estivesse despedaçado.

Eu não tinha a mínima ideia de onde Lynn poderia estar, então fui buscando nos lugares comuns, no Salão das Mulheres, nada e nas bibliotecas, nem sinal. Eu estava prestes a pedir ajuda à primeira pessoa que aparecesse na minha frente quando uma silhueta escura familiar me fez expirar aliviada.

— Henry! Graças a Deus. Cadê a Lynn? — perguntei esbaforida interceptando meu irmão na companhia, muito suspeita, de um guarda perto do Grande Salão.

— Oi pra você também, mana. Hum... a Lynn está com Maryse. Você sabe onde é o escritório dela?

— Mais ou menos — admiti. Eu já tinha visto diversas vezes Maryse entrando em uma sala do primeiro andar, próximo à minha biblioteca favorita. Eu supunha que era lá o seu escritório, mas se não fosse eu estava ferrada.

— Bom, porque eu não sei — ele riu. — Por que você precisa da minha namorada, posso saber?

— Não. Tchau.

Retrocedi até a biblioteca e fui contando as portas, esperando que uma luz se fizesse em minha mente e eu descobrisse qual era o escritório de Maryse.

Três portas depois da biblioteca uma voz de mulher se podia ouvir através de uma porta entreaberta. Eu quase invadi o lugar. Precisava falar com Lynn e não me importava com o que Maryse acharia daquilo, ela dificilmente me veria novamente. Bem, talvez visse... eu poderia me assumir como irmã do namorado de Lynn e em certos eventos poderia aparecer no palácio. Sacudi a cabeça, eu não era masoquista e nem louca a esse ponto. Um filho ilegítimo traria consequências pesadas tanto para meu pai quanto para o próprio Henry.

Demorei meio segundo para perceber que não era a voz de Maryse que eu ouvia, e sim da rainha America.

—... seu coração. Sua decisão não pode se basear em primeiras impressões, filho.

Meu coração bateu dolorosamente rápido quando ouvi a voz de Caleb e eu quis me jogar dentro daquela sala.

— Eu sei — suspirou pesadamente e eu pude imaginar os dedos bonitos correndo pelo cabelo louro. — Não sei o que fazer.

— Ouça, você precisa ver como essa moça está se comportando agora. E eu te digo, é de forma completamente dissimulada, buscando formas grosseiras para chamar a sua atenção — a rainha suspirou. — Eu vou te apoiar em quaisquer circuntâncias, mas você precisa pesar bem suas decisões, Caleb.

Uma nova princesa para uma nova Illéa [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora