Sinceridade

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Antes de abrir a porta eu já sabia exatamente como Caleb estaria: as mãos nos bolsos, os olhos baixos e a forma levemente orgulhosa de seus lábios em um sorriso secreto.

— Alexia, linda como sempre.

Meu coração estúpido perdeu o compasso, quase parou e então acelerou como se quisesse sair do peito.

— Obrigada, Caleb. Você também está muito bonito — falei sorrindo para o chão, encabulada.

Não que eu não fosse bonita, eu sou, mas não sou uma deusa estonteante merecedora de elogios.

Ele estendeu o braço em forma de L. Eu o peguei.

— Aonde estamos indo?

— Surpresa!

Revirei os olhos.

— Nem vem, Caleb. Diga!

Ele deu uma olhada para o lado onde eu estava e riu.

— Qual a graça?

— Você vai descobrir.

Eu já disse o quanto odeio surpresas? Não é legal ficar louca tentando desvender tanto mistério.

— Irritante — resmunguei para mim mesma.

— Você acha? — apesar do tom bem humorado senti uma pontada de outra coisa que não pude nomear em sua voz.

— Você vai me dizer aonde estamos indo?

— Não.

— Então, sim, você é irritante — respondi.

Ele apenas riu, relaxando. Tentei ficar brava mas não consegui. Falhei igualmente ao tentar esconder o sorriso estúpido que teimava em ficar no meu rosto.

Continuamos em silêncio até Caleb parar diante de uma parte aleatória de parede.

Ergui uma sobrancelha.

Ele deu de ombros e exibiu o painel secreto. Era um dos esconderijos anti-rebeldes. Aparentemente havia vários desses espalhados pelo palácio.

Fiquei ainda mais confusa.

— Caleb? O quê estamos fazendo aqui?

Ele abriu a porta e me empurrou delicadamente para dentro.

A câmara deveria ter cinco por cinco metros e estava cheia de aparelhos de musculação, algumas cordas de pular, pesos, um saco de areia... Era uma mini academia super equipada. Enquanto eu observava o ambiente, o príncipe fechava a porta, nos selando ali dentro.

— Bom, eu pensei que talvez você fosse gostar de receber algumas aulas de muay thai — explicou observando-me atentamente daquele jeito que eu achava super fofo, com as mãos no fundo dos bolsos e a cabeça baixa. — Sei que não é bem o que se espera de um encontro, mas...

— Caleb, eu nunca lutei nada, a não ser que você inclua as vezes em que em briguei com o meu p... as vezes em que eu briguei na rua.

Não estava pronta ainda para dizer a ele que não me dava bem com o meu genitor. Ainda não. Aquela era uma coisa pessoal demais para mim.

— Não importa — replicou, alheio aos meus. Nunca tentei ensinar ninguém antes, mas acho que seria um professor muito paciente, você verá.

— Sem querer ofender o seu aparentemente inabalável otimismo, mas eu não posso lutar de vestido.

— Eu sei, peguei algumas roupas da minha mãe para você. Talvez fiquem meio grandes, mas... — Ele apontou para um banco onde tinha algumas roupas dobradas.

Uma nova princesa para uma nova Illéa [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora